O interrogatório

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Caminhar junto às próprias incertezas carregando seu irmão a tiracolo era, sem dúvidas, uma das coisas mais surreais que Sakura estava fazendo

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Caminhar junto às próprias incertezas carregando seu irmão a tiracolo era, sem dúvidas, uma das coisas mais surreais que Sakura estava fazendo. Seria engraçado se não fosse trágico. Mas tudo bem! Respira! Respira e vai, né, Sakura! Se tem algo que a vida costuma ser é difícil para as mulheres. É como jogar um game no modo especialista fodidamente dificultado. Então respira, encara tudo e vai!

Com a última troca de olhares com Sasuke, a tenente encheu os pulmões de ar, levantou o ombro e estufou o peito, ficando numa postura ereta, prepotente, durona. O local completamente fechado, as paredes cinzas manchadas de cima para baixo, sem janelas ou ventilação - péssimo lugar para pessoas com claustrofobia. Não havia ar correndo, apenas o cheiro de perfume barato, um alfazema bem fedido, cigarro, mofo e nervosismo crescente da testemunha - dadas as pernas trêmulas que não paravam de se mover.

O vento da porta de metal bateu nas costas deles, o semblante de poucos amigos da tenente por si só já era terrivelmente assustador e o de Sasuke não ficava muito atrás. Ele encarou a mulher que seria interrogada, como se apenas com um olhar fosse capaz de dizimá-la. Irmãos Haruno! Seus pais teriam orgulho de ver essa cena.

O mais velho, pra ser sincero, não fazia a menor ideia de como agir naquela situação, a não ser copiar o que sempre viu de sua irmã, entretanto, pareceu ser feito para aquilo. Sakura, sem cerimônia, puxou a cadeira, zumbindo o som irritante que lembrava uma unha grande arranhando um quadro de lousa escolar, e sentou diante da acusada. Apesar das roupas inapropriadas para a ocasião, parecendo uma jovem que iria em um passeio a um parque de diversão, sua postura era surreal. Chegava ser difícil manter o contato direto com os olhos esmeraldinos. A policial encarava a mulher de um jeito que ela nunca tinha sido encarada antes na vida. Pigarreou, fazendo um som elevado com sua garganta e outra vez causou mais um barulho incômodo, literalmente batendo com força as pastas amarelas sobre a mesa de metal. O ruído estrondoso fez a vítima dar um salto na cadeira, arregalando ainda mais o olhar.

- Carmen Alvares de Azzerid. - 36 anos, branca de olhos claros - verde -, o tipo de pessoa que entra e sai de lugares sem levantar suspeitas, já que a sociedade quase sempre discrimina apenas os indivíduos de pele escura. - Então quer dizer que já assumiu todos os seus pecados? - Encostou no respaldar da cadeira e estendeu as mãos na mesa de metal. Seu olhar frio jamais poderia ser confundido com conivência. Estava claro em seu tom de voz o quanto ela estava se segurando para não enforcar com as próprias mãos aquela mulher.

- Eu não tenho nada a ver com essa história, não. - Em contraste com os irmãos Haruno, a testemunha suava como um porco prestes a ser abatido. Com os pulsos algemados sobre a base de metal gelada, seus dedos não paravam de tremer. - Já assumi meus crimes e agora vou pagar minha pena, longe de mim ser alvo do Justiceiro.

Sasuke deu um sorriso fraco e estalou a língua.

- Tcs, acha mesmo que uma pessoa como você pode se ver livre de algo? - sua voz era carregada de ódio. Sakura o olhou surpresa, mas achou que o irmão estava entrando no jogo dela.

IRMÃOS - SasusakuOnde histórias criam vida. Descubra agora