IRMÃOS - Sasusaku

Karin, a médica

O falso é às vezes a verdade de cabeça para baixo.
~Sigmund Freud

O encontro exasperado de suas bocas, fez o corpo de Sakura se arrepiar por completo, todos seus pelinhos rosados se eriçaram com a calidez dos seus lábios pressionando ansiosamente os de Sasuke. Seu íntimo borbulhava, o ventre contraiu, sentindo um ar gélido, resumindo-se naquela sensação única, como ter inúmeras borboletas se espalhando no estômago. Mesmo que se tratasse de segundos, foram os segundos necessários para se sentir no paraíso, como se flutuasse, para logo em seguida despencar em meio ao inferno.

Sentiu o toque do seu irmão, suas palmas grandes, um tanto ásperas em seus ombros, entretanto, não foi do jeito que esperava, que ansiava. O Haruno desceu um pouco as mãos e friccionou os dedos em seu braço, imediatamente a afastando. Seus olhos negros mais abertos que o normal, sua feição dura.

"Sakura? - franziu o cenho, movimentando a cabeça em negação. O que sua irmã pensava que estava fazendo? Linhas nasceram em sua testa, seu rosto agora demonstrava confusão."

Dessa vez, a caçula havia passado de todos os limites. Ficando tão bêbada ao ponto de beijá-lo? De confundi-lo? Não é possível!

Como irmão mais velho, conhecia bem ela, ou acreditava que a conhecia. Sakura era forte, destemida, obstinada, perspicaz, persistente mas também era instável, como uma bomba relógio. Poderia julgá-la? Quem? Uma garota que aos 10 anos de idade perdeu tudo, presenciou a queima roupa o assasinato dos seus pais. Bem, se existisse alguém naquele mundo que pudesse ao menos chamá-la atenção, desarmar essa bomba, a pessoa era Sasuke; o seu irmão mais velho.

- Sakura!, o que acha que está fazendo?

A voz dele estava um tom acima do comum, grave, tensa e rude. Foi neste exato momento que a tenente compreendeu que realmente havia passado dos limites, todos os limites. Por mais que na circunstância anterior lhe pareceu apropriado, por mais que tivesse feito o que exatamente quis fazer. Ainda assim, não era o suficiente. Ainda assim, foi um erro! Um maldito erro! Que porra! O que a fez pensar que seria ao contrário? Na real!, onde estava com a cabeça? AAAHHH, seu irmão iria fazer o quê? Corresponde-la romanticamente. Se declarar? A vida não é uma fanfic né, Sakura? Como despertar daqueles sonhos, onde você se encontra caindo e acorda angustiado, desesperado e sem conseguir respirar, dessa maneira foi enfrentar seus atos. Seu irmão parecia frustrado, desapontado, seus olhos negros como a escuridão da madrugada a encarava de um jeito como nunca antes; com aversão. Do paraíso ao inferno, assim foi o beijo roubado.

- D- desculpa... - a voz saiu baixa, quase que inaudível. - Desculpe Sasu... - seu olhar trêmulo navegou em lágrimas, completamente cabisbaixa e com seus ombros caídos escondeu-se, pressionando ainda mais os joelhos contra o peito, enfiou a cabeça entre as pernas dobradas, desabando-se em pranto.

- Desculpas não é o suficiente Sakura! - sua irritação não vinha apenas do beijo, foi bem confuso sobre o que ela acabou de fazer. - Toda vez que algo sair do seu controle você vai fazer isso? - passou o olhar ao redor. Relembrou-se da sua infância, onde muitas das vezes o pai deles se trancava no escritório para beber. É no mínimo irônico, o fato dos filhos puxarem não só as qualidades de seus progenitores, mas também defeitos. - Você me prometeu não fazer mais isso! - existia um medo no mais velho, uma intuição sobre sua irmã acabar seguindo alguns traços ruins, negativos de Kizashi. - O pai não ia querer isso pra você, nem a mãe, muito menos eu Sakura! - desabafou, de maneira rígida, era preciso. - Eu não quero isso pra você!

- E o que você quer pra mim? - rebateu de forma rápida, mudando toda a postura anterior para de uma raivosa. - Já que você se acha superior! Acha Karin melhor do que eu! Você prefere guardar seus segredos com ela do que comigo!