☼ Capítulo um

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Jeon Jungkook

Cresci com o aprendizado de que o dinheiro abre portas pra tudo nessa vida.

O problema é que, na realidade que vivo e com o dinheiro que eu tenho, nenhuma porta foi aberta pra mim nesses vinte e três anos de idade. Claro, a dona Vera – mais conhecida como minha mãe – sempre se virou em trinta pra me sustentar e não deixar faltar nada em casa.

Por sorte ela conseguiu, graças a Deus nunca passamos fome ou qualquer necessidade. Hoje, eu trabalho pra caralho pra tentar retribuir tudo o que ela fez por mim, e tento deixá-la mais confortável possível pra não precisar trabalhar tanto quanto antes.

Quando se é pobre de família humilde no Rio de Janeiro, as coisas não são tão fáceis. Nada é entregue de bandeja, nada é dado e, sim conquistado. Algumas vezes, arrancado.

Cresci em um bairro humilde, com pouca condição financeira e muitos perrengues aqui e ali. Mas isso não me impediu de ser feliz com o amor dado pela minha mãe e jogando bola com os meus amigos na rua, todos os dias depois da escola, tá ligado?

Infelizmente não tenho mais essa mordomia toda. Agora, acordo todos os dias às seis da manhã pra trabalhar como motoboy em um restaurante furreco do centro.

Me senti pobre pra caralho na última entrega que eu fiz lá em Ipanema, a entrega foi num condomínio de rico. A dona que veio pegar era toda nariz em pé, nem olhou na minha cara direito. Já tô acostumado a ser tratado assim, mas fico puto toda vez.

— Se sou eu mando tomar no cu. — Yoongi fala — Tem dinheiro, mas não tem educação, que porra é essa?

Estamos parados no sinal em frente à praia, no final da tarde. O sol se põe e o trânsito tá enorme, além do calor de 30 graus. Não tenho mais entregas pra fazer, então estamos indo pra casa pra ver o jogo que vai começar daqui a pouco.

Yoongi mora na mesma rua que eu, e crescemos juntos. O Namjoon e o Hoseok também. Os três são quase meus irmãos, e eu daria minha vida pela deles sem pensar duas vezes. Eles só não podem saber disso, senão vão ficar me zoando!

— Eu preciso do meu salário, né? — falo ao ver o sinal abrir. — Bora apostar uma corrida? — Sorrio, ajeitando meu capacete.

— Ainda!— Yoongi arruma o capacete. — Até o bar do seu Zé, quem chegar por último paga a gelada hoje.

— Já é. — Me ajeito na moto e me preparo pra corrida.

Fizemos a contagem e ele acelera antes do tempo, olhando pra mim ao rir. E eu fico pra trás porque eu sou honesto, né?!

Acelero mais, xingando ele que me ultrapassa.

O problema é que veio um carro descontrolado na contramão, bem na minha direção. Arregalo os olhos e sinto meu coração bater forte, tento desviar, mas não tem como.

De repente, só sinto uma dor forte e minha visão escurece.


[...]


Escuto vozes bem distantes, como se falassem tão longe que se transformaram apenas em burburinhos, os quais eu não consigo entender. Abro os olhos devagar, sentindo minha cabeça latejar de dor.

Garoto de Ipanema - PJM + JJKWhere stories live. Discover now