Capítulo 31: Rosas brancas.

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Passei pelas portas de vidro do prédio da universidade, deslizando a mão pela alça da mochila e abrindo um sorriso quando vi o carro de Steven no estacionamento, enquanto ele estava escorado na frente do mesmo, com as tatuagens dos braços a mostra e as mãos no bolso da calça preta de moletom.

Estava chamando a atenção da maioria das pessoas, mas não tirou os olhos de mim quando desci as escadas e atravessei o gramado até onde ele estava. Seus lábios se curvaram até se abrirem em um sorriso quando parei na sua frente, percebendo que mesmo agora, meu coração ainda parecia prestes a explodir sempre que ele estava por perto.

—Você está chamando bastante atenção, sabia? —Falei, olhando ao redor, mas Steven apenas deu de ombros, tirando a mão do bolso para agarrar minha cintura. Me inclinei pra frente, até o corpo de Steven amparar o meu e seu rosto ficar a centímetros do meu.

—Oi pra você também, Catalina. —Me encolhi de vergonha, sentindo minha respiração falhar quando ele terminou de abraçar minha cintura. —Como foi sua aula?

—Você está me deixando tímida! —Cutuquei o peito dele com a ponta do dedo, sentindo meu rosto quente, porque Steven estava olhando pra mim como se quisesse me beijar e algumas pessoas estavam olhando pra nós.

—Eu só perguntei como foi sua aula. —Ele deu de ombros, todo inocente, enquanto eu fechava meus olhos com força e mordia o lábio.

Não tive tempo de abrir os olhos de novo, antes de Steven erguer uma das mãos e segurar meu rosto, grudando os lábios nos meus. Soltei um suspiro, uma mistura de surpresa e apreciação, erguendo as mãos para abraçá-lo pelos ombros. Não sabia ao certo o que aquilo era e muito menos o que significava, mas iria aproveitar cada segundo.

Steven se afastou, deixando um selinho nos meus lábios, antes de abrir um sorriso pra mim. Meu coração estava quase explodindo dentro do peito, porque vê-lo olhando pra mim daquele jeito era a coisa mais especial possível. Não sabia se era possível gostar de uma pessoa tão rápido quanto eu estava gostando dele.

—Com fome? —Ele se desencostou do carro, me puxando até a porta do caroneiro, antes de abri-la pra mim quando balancei a cabeça que sim. —Vamos alimentar o monstrinho dentro da sua barriga então.

—E depois vamos ver o meu pai. —Afirmei, colocando o cinto, enquanto Steven hesitava em fechar a porta, olhando pra mim como se estivesse preocupado. —O que foi? Pelo menos hoje eu não corro risco de ficar presa lá. E se ficar, você vai estar junto.

Ele soltou uma risada, enquanto eu dava de ombros toda inocente, vendo-o se afastar e fechar a porta.

[...]

O cemitério estava tão vazio quanto eu me lembrava, apesar de todos aqueles túmulos ocupando cada canto. Não havia estado ali desde o fático dia que fiquei presa, mas não pude evitar de me encolher e sentir um calafrio quando me lembrei. Nunca mais quero sentir uma sensação tão horrível como aquela.

—É aqui. —Falei, vendo o túmulo com o nome do meu pai, parando de andar.

Das outras vezes que eu ia até ali, sempre haviam rosas brancas que eu mesma havia deixado dos outros dias. Hoje não havia absolutamente nada, como se ninguém tivesse vindo-o visitar. Me perguntei se Leah teria vindo ali em algum momento depois do enterro, mas tinha absoluta certeza que não. Só pela forma como ela lidou com tudo na manhã seguinte, já deixa claro isso.

Olhei para Steven, observando seus olhos no túmulo na nossa frente. Meus lábios se comprimiram e eu fiquei de joelhos na grama, pegando o pequeno buquê de rosas brancas e colocando ali. Meu coração se apertou quando percebi que a saudade não havia diminuído e sim ficado ainda maior.

Steven se abaixou ao meu lado, me abraçando e dando um beijo na minha testa. Minha respiração ficou irregular quando minha garganta ardeu, com meus olhos ficando cheio de lágrimas. Não queria voltar a chorar, mas não conseguia suportar a vontade absurda que era de rever meu pai. Fazia tão pouco tempo.

—Ta tudo bem, Cat. Você não tá mais sozinha aqui. —Fechei meus olhos quando Steven me abraçou apertado, me deixando ficar em silêncio, sentada na frente daquele túmulo por quanto tempo eu precisasse.

—Eu estou bem. Só estou com saudades. —Sequei as lágrimas nas minhas bochechas com a mão, sentindo meu coração doer. —Só preciso de um segundo.

—Vamos ficar o tempo que você quiser aqui. —Prometeu, deixando um beijo no topo da minha cabeça, enquanto sua mão segurava a minha e entrelaçava nossos dedos.

Steven se sentou ao meu lado no chão e nos dois ficamos ali, olhando para aquele túmulo e para as flores que eu havia colocado na frente do mesmo. Não tinha percebido o quão mal e solitária eu estava até aquele momento. Havia ido até aquele cemitério várias vezes, mas aquela era a primeira vez que havia alguém comigo, ficando ao meu lado e me entendendo.

Depois do que pareciam horas, me movi e me afastei de Steven, virando o rosto para olhar pra ele. Seus lábios se curvaram em um sorriso quando me encarou, erguendo a mão e colocando uma mecha de cabelo atrás da minha orelha.

—Obrigada por estar aqui comigo. Vou ficar te devendo por essa e todas as coisas que já fez por mim. —Afirmei, me inclinando e pressionando um beijo na bochecha dele.

—Não precisa me agradecer. —Ele ficou de pé, me estendendo as mãos para me ajudar a levantar também. —Só quero ver você bem e feliz.

Você está conseguindo, Steven. Você e todo aquele grupo esquisito e animado do casarão. Nem a Branca de Neve teve tanta sorte assim com os sete anões.

—Ora, ora, ora... —A risadinha de Leah fez toda meu corpo ficar rígido. Steven e eu nos viramos ao mesmo tempo, vendo-a em carne e osso ali. —Vejam o que temos aqui. Resolveu trazer o namorado para conhecer o seu pai?


Continua...

Como conquistar Catalina Scott / Vol. 2Onde as histórias ganham vida. Descobre agora