Capítulo 3: Grupo de amigos.

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Jimmy tirou minha mala do carro e deixou na calçada, enquanto eu abraçava minha mochila, que parecia pesar toneladas por conta de todos os livros da faculdade que eu havia enfiado ali. Ele olhou pra mim e depois pra fachada da livraria.

—Sinto muito por isso, Lina. Todos os empregados estão desolados pela morte do seu pai e pelo que a senhora Scott está fazendo. —Ele fechou o porta-malas, parecendo com pena de mim. —Tentamos interceder, mas ela ameaçou demitir todos nós.

—Esta tudo bem, Jimmy. Eu entendo. Vou tentar juntar um dinheiro e arrumar um advogado. —Falei, pensando que primeiro tinha que arrumar um jeito de sobreviver com o que tinha. —Pode ir, vou ficar bem.

Ele se despediu um pouco hesitante e entrou no carro, indo embora. Puxei minha mala com dificuldade para dentro da livraria, desviando das mesas de livros e vendo que Ava, minha chefe, já estava atrás do balcão, digitando alguma coisa no computador. A mulher de 40 e poucos anos, cabelos caramelo ondulados e olhos verdes se virou pra mim, erguendo os óculos de grau para os cabelos quando me viu.

—Lina? —Ela saiu de trás do balcão. —O que está fazendo aqui? Eu disse que não precisava vir trabalhar o restante da semana. Querida, o que foi?

Soltei a mala e a mochila, me sentindo completamente envergonhada quando as lágrimas voltaram a cair dos meus olhos.

—Sei que isso aqui não é um hotel. Mas não tenho onde ficar... —Me encolhi, abraçando meu próprio corpo. —Minha madrasta me expulsou de casa, Ava. Será que... será que eu posso deixar minhas coisas lá atrás enquanto acho um lugar pra ficar?

—Ah, Lina... —Ela abriu os braços e veio até mim, parecendo completamente triste por mim. Não com pena, mas simplesmente triste. Ava me abraçou apertado, me permitindo chorar no ombro dela enquanto tentava me acalmar. —Vai ficar tudo bem, querida. Pode deixar suas coisas aqui sim. Se eu tivesse espaço, te levava pro meu apartamento.

—Obrigada. —Falei, sentindo meu coração doer dentro do peito.

Ter onde deixar minhas coisas ja era melhor do que nada. Agora eu precisava achar um lugar pra morar e rápido.

[...]

Olhei para os anúncios de apartamentos perto da universidade para alugar, sentindo o desânimo tomar conta de mim quando percebi que a maioria estava acima do que eu poderia pagar. Ou eu arrumava um lugar pra dormir e passava fome. Ou eu ficava aqui e pelo menos não passaria fome. As duas alternativas eram ruins.

Já havia passado o dia ali e dormido no sofá apertado e desconfortável do escritório de Ava aqui na livraria. Passei a manhã trabalhando e agora estou sentada na frente do notebook tentando achar uma luz no fim do túnel. Minha cabeça estava latejando com uma dor de cabeça tremenda e eu amaldiçoava minha madrasta a cada 10 minutos por estar fazendo isso comigo.

Fechei o notebook e enfiei na mochila, saindo do meu cantinho no escritório da livraria. Eu trabalhava ali durante a manhã e a tarde ia pra faculdade. Estava no meu último ano do curso de literatura e procurando um estágio, mas até agora não havia encontrado nada além de um emprego ali. Era um trabalho bom, com uma chefe legal, mas eu não tinha o melhor salário. Ele não era um problema antes, mas agora é.

—Até mais tarde. —Ava murmurou, me observando sair da livraria. Caminhei até o ponto de ônibus, sentindo o peso da minha mochila nas costas, um pouco desanimada para ir assistir aulas. Fui atravessar a rua quando um carro parou do nada praticamente em cima de mim. —EI!

—Desculpa. —Jimmy desceu do carro, passando a mão nos cabelos loiros que estavam pra cima. —Vi você saindo e queria falar com você antes que pegasse o ônibus.

—Ela te mandou aqui? —Indaguei, vendo Jimmy encolher os ombros e balançar a cabeça negativamente.

—Ela não sabe que eu vim atrás de você. Só tinha que pegar algumas coisas no mercado e resolvi vir sem ela saber. —Ele ignorou as pessoas que olhavam pra ele de forma estranha depois de quase ter me atropelado e e aproximou, estendendo um papel pra mim. —Minha irmã trabalha na casa de um advogado... —Ergui as sobrancelhas, pronta pra dizer que não tinha dinheiro pra isso no momento. —O filho desse advogado está alugando um quarto. Pelo que ela me disse, é um grupo de amigos que vivem em uma casa e estão com um quarto vago e procurando alguém para ocupa-lo. Eu olhei o endereço e é perto da sua faculdade.

Peguei o papel, vendo o endereço anotado ali e um número. Jimmy abriu um sorriso triste e deu de ombros.

—Ninguém lá queria que isso tivesse acontecido, Lina. Todos foram procurar um lugar onde você pudesse ficar. Quando minha irmã me falou desse, não hesitei em vir até aqui. —Ele indicou o papel. —Eles não precisam tanto do dinheiro. Talvez até mesmo baixem o valor pra você se for demais.

—Tudo bem. Obrigada por isso. —Falei, abrindo um sorriso agradecido pra ele. —Vou ligar.

—Certo. Tenho que ir antes que ela ligue atrás de mim. —Ele caminhou na direção do carro, enquanto eu olhava para o papel na minha mão.

—Espera... sua irmã disse quantas pessoas moram lá? —Indaguei, vendo ele se virar e olhar pra mim assim que abriu a porta do carro.

—São 7 pessoas. Estão todos na faculdade como você. —Ele deu de ombros. —Ela disse que são boas pessoas e que talvez você fosse gostar.

Fiz uma careta ao olhar para o papel de novo. Morar com 7 desconhecidos era melhor do que virar uma sem teto.

—O nome do rapaz com quem você vai falar é Nicholas. —Olhei para Jimmy, que já havia entrado no carro e me observava pela janela aberta. —Boa sorte, Lina.

Ele ligou o carro e foi embora, me deixando parada no meio da calçada olhando para aquele papel.

—7 desconhecidos. —Suspirei, pegando meu celular para anotar o número. —É melhor do que nada.

Quando o ônibus chegou, me sentei em um banco solitário e abri o chat com o contato, vendo que a foto era de um rapaz de cabelos escuros com uma garota ruiva.

Catalina — Oii, meu nome é Catalina Scott. Estou entrando em contato porque soube que você tem um quarto pra alugar.
Se ainda estiver disponível, eu tenho interesse nele.

Guardei o celular, abraçando minha mochila enquanto olhava o trânsito pela janela do ônibus. Se eu tivesse sorte, ia arrumar um lugar pra morar, com 7 pessoas estranhas.

—Se até a Branca de Neve conseguiu, eu também consigo. —Afirmei, sentindo que aquele quarto seria minha salvação.



Continua...

Como conquistar Catalina Scott / Vol. 2Onde as histórias ganham vida. Descobre agora