Capítulo 18: Papéis do hospital.

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Steven se afastou de mim e caminhou até a mesa do meu pai, começando a olhar os papéis que estavam ali. Fiz o mesmo, abrindo as gavetas dos armários e olhando todos os papéis que encontra pelo caminho, mas a maioria eram da empresa do meu pai.

—Sua madrasta não trabalha? —Steven indagou, e eu mordi o lábio e neguei com a cabeça.

—Não, ela era mais como uma esposa troféu. Ficava em casa e aparecia com ele nos eventos. —Fiz uma careta, porque era ela quem tinha escolhido isso e não meu pai. Quando eles se conheceram ela trabalhava como garçonete em um café e então pediu demissão quando se casou. —O que exatamente estamos procurando? Eu nem sei.

—Qualquer coisa, Cat. —Steven revirava tudo e depois colocava no lugar de novo, tentando não deixar claro que alguém havia passado ali e revirado tudo.

—Qualquer coisa. —Soltei o ar com força, puxando uma pasta preta e a abrindo. Meu coração gelou quando vi o logo do hospital no canto das folhas. —Ah...

—O que foi? —Steven virou a lanterna do celular pra mim, me fazendo fechar os olhos e desviar o rosto. —Desculpa.

—É só... os papéis do hospital. —Engoli em seco, passando os olhos pelas linhas enquanto tentava achar a causa da morte, já que ninguém havia me explicado nada. Steven ainda estava olhando pra mim, parecendo preocupado. —Ele... hm, teve um infarto.

Coloquei os papéis dentro da pasta e guardei de volta no lugar, sentindo meu coração se apertar ao saber como ele partiu. Agora eu tinha alguma explicação. Steven sorriu fraco pra mim e voltou a procurar, enquanto eu esfregava meus olhos e caminhava até a porta.

—Vou dar uma olhada no quarto deles. —Falei, observando ele balançar a cabeça positivamente, franzindo a testa ao colocar a lanterna sobre um dos papéis sobre a mesa. Deixei Steven e sai para o corredor, tomando cuidado para não fazer barulho.

Havia uma única empregada que dormia ali, além de Jimmy. Mas eu não tinha certeza se ela estava no seu quarto naquele momento ou havia saído também. Parei na frente da porta do quarto do meu pai, sentindo meu coração acelerar e doer. Minha respiração se acelerou e eu escorei a cabeça na mesma, fechando meus olhos com força.

—Cat? —Steven saiu do escritório, olhando pra mim com uma expressão cautelosa. —Tudo bem? Quer ir embora?

—Não, eu só... acho que não consigo entrar aqui. —Falei, indicando o quarto do meu pai. Senti a mão de Steven segurar a minha, enquanto meu coração permanecia disparado dentro do peito.

—Eu faço isso. Por que não me espera no seu quarto? —Ele gesticulou para a porta. —Prometo não tirar nada do lugar e ser rápido.

Balancei a cabeça positivamente, apertando a mão dele antes de me afastar em direção ao meu quarto. Steven ficou me observando até que eu entrasse, parecendo preocupado comigo. Fechei a porta atrás de mim, olhando meu quarto sem sair do lugar. Estava do jeito que eu havia deixado, como se ninguém tivesse entrado ali desde então.

Observei minhas fotos pela parede, antes de abrir algumas gavetas e ver as roupas que haviam ficado ali. Se eu tivesse levado minha mochila, enfiaria tudo que coubesse dentro dela. Tinha certeza que Leah jamais perceberia isso. Ela não percebe nada que não a convém. Segurei a câmera que estava sobre a escrivaninha, sentindo a ansiedade crescer dentro de mim. Havia sido um presente do meu pai. O último que ele havia me dado no meu aniversário.

Peguei a câmera e passei a faixa dela sobre minha cabeça, antes de voltar a olhar as coisas no meu quarto. Quando me senti deprimida o suficiente, me deitei na cama e abracei meu travesseiro, ficando em silêncio ali, com o coração martelando dentro do peito.

Steven voltou alguns minutos depois, abrindo a porta devagar e passando os olhos pelo quarto antes de me encarar na cama. Vi ele comprimir os lábios, jogando uma pequena agenda sobre a cama.

—Quem ainda anota números em uma agenda? —Indagou, enquanto eu a pegava sobre o colchão e olhava os números marcados ali.

—Algumas pessoas. Eu costumava anotar em um papel os números importantes. —Dei de ombros, me sentando na cama. —Nunca se sabe. As vezes eu perderia o celular.

Ele balançou a cabeça, erguendo uma caixa de remédio.

—Sua madrasta tem muita dor de cabeça, hein? —Afirmou, balançando a mesma. —Encontrei umas 10 dessas no quarto.

—Ela vivia reclamando de dor de cabeça. —Fiz uma careta, ficando de pé e enfiando a agenda no bolso. —Se bem que ela reclamava de tudo, então... —Steven guardou a caixa no bolso, olhando para cada detalhe no meu quarto. As fotos e pôsteres pelas paredes. O armário de roupas aberto e bagunçado. —Achou alguma coisa?

—Só essa agenda. Da pra ligar para os números e tentar saber de quem são. —Comentou, e eu soltei a agenda na cama, erguendo a câmara pendurada no meu pescoço, antes de tirar algumas fotos dos números que estavam ali. —Vou por de volta no lugar.

Ele pegou a agenda e saiu do quarto, deixando a porta aberta. Não demorou a voltar, fechando a porta atrás de si. Ficamos nos encarando. Ele da porta e eu de pé na frente da cama, parecendo não saber o que fazer depois daquilo. Steven parecia estar tentando me desvendar, já que me olhava com uma expressão longe.

—Podemos ir? —Indaguei, desviando os olhos quando me senti subitamente sem graça pela forma que ele me olhava, como se pudesse ver meu interior.

—Claro. —Ele olhou ao redor. —Você... você não quer levar nada?

—Não trouxe minha mochila. —Dei de ombros, apertando a câmera contra meu peito. —Não consegui levar quase nada quando ela me expulsou.

—E o que levaria se pudesse? —Indagou, e eu ergui a câmera e a balancei, o fazendo rir. —E o que mais?

—Hm... mais algumas roupas e minha bike que está na garagem. —Ele ergueu as sobrancelhas e eu balancei a cabeça negativamente. —Esquece, nós vamos embora e não vamos voltar aqui.

—Mas a gente não achou nada além de uns números aleatórios. —Retrucou, enquanto eu caminhava até ele e apontava para a porta.

—Talvez ela tivesse mesmo falando a verdade. —Afirmei, mesmo que isso fizesse meu estômago se revirar. Não, meu pai jamais faria isso.

—Cat, você está mentindo pra si mesma. —Ele abriu a porta, e a luz acesa que vinha do andar de baixo fez nós dois arregalarmos os olhos e ele fechar a porta de novo. —Quando diabos eles chegaram?

Corri para a janela, sentindo meu sangue gelar, olhando para a frente da casa. Mas o carro de Jimmy não estava ali. Eles ainda não haviam voltado. Steven abriu uma fresta da porta e encarou o corredor, antes de fechá-la de novo quando começamos a ouvir passos pela escada.

—Temos que sair daqui! —Sussurrei, agarrando a mão dele e o puxando para a janela.

Steven fez um movimento para abri-la, mas os passos cessaram bem na frente da porta do meu quarto, fazendo meu coração chegar a boca e meu corpo ficar congelado. Steven me agarrou e me fez entrar embaixo da cama, vindo logo em seguida. Prendemos a respiração ao mesmo tempo quando a porta se abriu.



Continua...

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