Capítulo 77: Avô materno

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Estávamos na casa dos meus sogros já tinha uma semana, e eu já havia notado os sumiços que meu pequeno Rubem, com seus 4 anos, e minha pequena Ana, com seus 3, estavam dando nas tardes em que brincavam no quintal, enquanto nossa Isabel, com seus 1 ano e nove meses, se distraía correndo atrás dos coelhos do quintal. 

Naquele dia eu os observei escondida e vi o exato momento em que passaram correndo pela passagem que apenas cinco anos atrás eu e seu pai usávamos para nos encontrarmos. 

"Que garotos atrevidos! Se meu pai os pegar!", eu pensei ao ver a cena.

Mal sabia eu que era meu pai quem os chamava para ir até lá, foi só quando cheguei perto da passagem que pude ouvir sua voz, uma voz mais grave do que a que me lembrava, com um tom divertido que eu nunca tinha ouvido antes, haviam cinco anos que eu não via o rosto de meu pai, aquela era a primeira vez que visitávamos a casa de meus sogros desde nosso casamento, muita coisa havia mudado na cidade desde então. E na vida de meus pais também, apesar de eles continuarem divorciados e sem contato.

Me agachei como pude na grama e fiquei os ouvindo conversar.


- Mas as meninas podem ser uma graça também. - meu pai disse.


- Desse jeito você vai fazer nossa pequena Carina nascer mais rápido... - Nathaniel sussurrou por trás de mim em meu ouvido me assustando.


Fiz sinal de silêncio e para que ele escutasse, ele se sentou ao meu lado me ajudando a sentar também o que era bem mais confortável com aquele barrigão.


- É o que papai e mamãe dizem. - ele suspirou. - Não estou mais tão chateado. Mamãe me disse que talvez meu próximo irmão seja um menino.


- Próximo!? - meu pai disse com voz de espanto. - Quantos filhos sua mãe pretende ter afinal!?


Eu e Nathaniel rimos baixinho e apertamos nossas mãos ao ouvi-lo.


- Precisa decidir? - meu filho disse surpreso. - Papai e mamãe disseram que ter bebês é parte natural da vida jovem. - ele dizia repetindo exatamente as mesmas palavras que Nathaniel havia usado.


- Ah, bom... Se é o que eles pensam eu não darei minha opinião...


- Rubemmm.... - Ana o chamou de algum canto do jardim.


- Mamãe! - Isabel me chamou ao me ver, fiz sinal de silêncio e Nathaniel esticou os braços a chamando, ela correu até ele que a abraçou e deu um beijo em sua bochecha.

- Vem ver o que Bel achou! - Isabel disse sorrindo.


- Nem nos meus melhores sonhos, Am, nem nos melhores imaginei tudo isso... - Nathaniel disse baixinho em meu ouvido.


- Até em nossos erros Deus foi misericordioso, Nathan... 

Nathaniel beijou minha bochecha e me ajudou a levantar da grama antes de eu fingir que tinha aparecido no jardim chamando as crianças e de ele ir ver o que Bel tinha feito.

- Rubem! Ana! Onde vocês estão!? - os chamei em alto e bom tom. As vozes do outro lado do muro se calaram por um instante. - Rubem? Ana?

- Amber? - a voz de meu pai chamando meu nome fez meus olhos marejarem.

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