Capítulo 32: Competente e dedicada

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O meio do ano finalmente havia chego, era junho, eu havia conseguido bastante serviço para as férias de meio de ano, e os planejamentos da formatura haviam dado uma pausa para retomar apenas quando as aulas retornassem.


Meu namoro com Gian era o mais tranquilo que eu já tinha visto, desde o meu aniversário havíamos nos visto apenas mais uma vez fora da escola, ele estava sempre ocupado com papeladas me dizia e eu sempre ocupada com a escola e o serviço, tinha deixado a caminhada de lado e ele também, na escola conversávamos sempre que sobrava um tempo, mas não podíamos demonstrar que namorávamos então de vez em nunca ele me roubava um selinho ou eu beijava sua bochecha. Ele dizia que se sentia um pré-adolescente outra vez, mas que era muito bom nosso primeiro mês de namoro ser tranquilo assim.


Eu e Nathaniel ainda não tínhamos nos acertado depois de nossa pequena discussão em meu quintal, só nos cumprimentávamos na escola quando tinha alguém por perto para que não notassem nada de estranho entre a gente.


- Senhorita Rosález, não se esqueça o último relatório da formatura antes das férias. Você está liberada dez minutos mais cedo da última aula para fazer isso, já avisei seu professor. - disse o diretor Humberto.


- Ok.


No final da aula separei todos os contratos e anotações que tinha, guardei em minha bolsa, dei tchau para G. O. e fui para a sala do diretor.

Bati na porta.


- Quem é?


- Senhorita Rosález.


- Pode entrar.


Entrei e fechei a porta atrás de mim.

Ele estava sentado na cadeira de rodinhas que parecia super confortável atrás de sua gigante mesa de madeira pura muito bem polida e envernizada.


- Pode começar.


Peguei a pasta e abri todos os papéis importantes em cima da mesa.Expliquei cada detalhe do planejamento o xingando mentalmente por ter deixado tanto trabalho em apenas 1 mão. A minha.


- Você quer adicionar mais pessoas nessa próxima etapa? - foi o que ele perguntou após tudo o que eu tinha explicado.


Jura? Agora? Eu estava irritadíssima.


- Sim, Brisa, Cléo, Dandara e Sofia.


- Ótimo. Sabe por que a escolhi e confiei tanto na senhorita, não sabe?


Franzi o cenho.


- Na verdade acho que é porque eu devo parecer ter tempo de sobra.


Ele riu, um risinho gostoso de ouvir.


- Seu senso de humor é realmente marcante. Eu a escolhi porque sei bem o quanto é competente e dedicada no que pega para fazer.


- E como o senhor soube disso em tão pouco tempo?


Ele se levantou de sua cadeira, vestia uma blusa social que não escondia seus grandes braços musculosos e imaginei que a barriga também seria daquela forma, já que a calça social também revelava pernas que malhavam com frequência, seu cabelo castanho escuro curto, penteado e perfeitamente organizado e seu sorriso charmoso com certeza lhe conferiam muitos olhares e atenção, especialmente quando chegava tão perto das mulheres como chegou de mim ao encostar o quadril na mesa e cruzar os braços de modo a exibi-los e também o caríssimo relógio de pulso para continuar a conversa.


- Olha, eu já tinha ouvido falar da senhorita e do seu desempenho na escola, andando tanto quanto eu ando consigo ouvir muito a respeito das pessoas e, com toda certeza, a filha dos Rosález chama atenção por aí.


Talvez se naquela época eu fosse menos ingênua e não estivesse apaixonada eu teria percebido os sinais que ele me dava, mas como não era nem uma nem outra, apenas o achei estranho. E fiquei sem graça percebendo suas investidas.


- Por que o senhor tendo tanto dinheiro, empresa, status e estando no auge dos seus 28 anos resolveu vir ser diretor de uma escola numa cidade média?


Eu não continha minha língua quando meus sentimentos tomavam a direção, ou seja, sempre.


- Gosto do quanto é direta também. Me mudei pra cá pra ficar mais perto de minha noiva.


Ah, então ele tinha uma noiva.


- Ah, sim, ela trabalha por aqui?


- Sim, na verdade ela estuda aqui.


Ó, que bonito, a noiva dele era tão jovem quanto eu e mesmo assim ele ficava tentando jogar charminho em suas alunas? Era mesmo um pervertido.


- Entendo... Eu a conheço? O senhor deve gostar muito dela pra querer ficar tão perto assim.


- Se não conhece logo saberá quem é, nos casaremos dentro de seis meses, bem, eu a acho inteligente e muito atraente, o amor deve vir depois, não acha?


Seus olhos me olhavam de um modo indecifrável. E a minha ingenuidade era ridícula.


- Não tenho certeza. Esse é o mal de um casamento arranjado. Você nunca pode ter certeza se o outro vai se esforçar pra te amar tanto quando você se esforçará por ele. Isso é, supondo que é arranjado pelo modo como fala.


- Se ela se esforçar eu me esforçarei. Sim, é um casamento de interesses.


Dando em cima de suas alunas? Esse é o esforço!? Canalha. Se fosse alguma de minhas amigas eu com certeza ficaria com pena.


- Bem, acho que vocês terão que resolver isso, mas seis meses deve ser tempo o suficiente.


Ele assentiu.


- Deve sim. De qualquer forma... - ele disse se endireitando. - ...Você fez um ótimo trabalho, o melhor que já vi. Tenha um bom dia, nos vemos no baile pré-formatura.


E assim saí de sua sala e fui correndo para casa trabalhar nos contratos que eu havia fechado para conseguir juntar meu dinheiro.


Eu começava a ficar preocupada, tinha muito trabalho a fazer e ainda assim o valor que eu precisava juntar parecia estar muito longe de chegar.

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