Capítulo 5

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Dylan tentou me evitar durante o dia todo e eu deixei que ele ficasse à vontade.

Nos dias seguintes, fui me adaptando à livraria, que quase não tinha clientes. Dylan deixava uma xícara de café na bancada e esperava eu chegar para poder ir à pista de patinação. Sabe aquela tensão que rola entre um homem e uma mulher quando estão sozinhos? Era isso que acontecia entre nós dois. Parecia que ele tinha algum sentimento por mim, mas como eu não tinha certeza de nada, deixei que o tempo fizesse seu trabalho. Naquela tarde Dylan voltou mais cedo.

— Já está de volta? – questionei surpresa.

— O clima está esfriando rápido demais, as notícias é que a temperatura esta madrugada vá cair bem abaixo de menos quinze graus celsius.

— Nossa... Isso é muito frio.

— Sim. As pessoas já estão indo se abrigar em suas casas, é melhor que você vá logo para a sua também – murmurou preocupado.

— Não precisa falar duas vezes – brinquei pegando minhas coisas.

— Boa noite – ele diz ao se despedir de mim, seguindo para o andar de cima.

— Boa noite – murmurei sabendo que ele não ia ouvir.

Dylan estava preocupado, mas ainda me evitava. Era por causa dessa atitude que eu achava que ele poderia ter algum sentimento por mim. Suspirei irritada enquanto saía da livraria. Jantei sozinha e subi para meu quarto. Observei a livraria, do alto de minha janela e em seguida me deitei na cama terminando de ler o livro O vento nos Salgueiros. Devia ser onze horas da noite quando escutei tia Emma gritar por mim. Saí do quarto a sua procura, encontrando—a ajoelhada sobre um buraco perto da casa. Ao me aproximar, identifiquei que ali era o porão, onde ficava as tubulações de água.

— A água congelou nas tubulações – ela disse e cresci meus olhos.

— E isso é ruim?

— É claro que é – diz sem muita paciência.

— Ouvi dizer que a temperatura vai cair ainda mais na madrugada – digo.

— Isso é pior ainda. Se nossas tubulações de água congelaram, um dos canos pode estourar a qualquer momento. Essa casa é velha demais – ela murmurou.

— A senhora nunca fez uma revisão dessas tubulações? Nunca chamou um encanador?

— Não tinha necessidade.

— Não tinha necessidade, tia? Se tivesse feito, talvez a água não tivesse congelado agora.

— Agora já era, não adianta ficar chorando. Ligue para o encanador, ele precisa vir o mais rápido possível – ela ordenou e olhei para a hora no celular vendo que já passava das onze e meia.

— É quase meia-noite, tia. Quem viria num frio desse? – digo com pesar. Realmente estávamos em apuros.

Assim que tia Emma suspirou aflita, um estrondo nos assustou e as luzes que estavam acessas na casa desligaram. Olhei para minha tia que fechou os olhos já sabendo o que era.

— Não temos mais energia – ela murmurou se levantando.

Eu a segui até o quintal entrando num quarto acoplado à casa. A fonte de energia de alguma forma tinha congelado também.

— Se esquentarmos, será que funciona? – perguntei nervosa.

— Como vamos esquentar isso? Está frio aqui fora e vai esfriar ainda mais – ela resmungou e arfou. – Vamos embora. – Ela decidiu e segui minha tia novamente até à frente da casa.

Até Que O Inverno AcabeWhere stories live. Discover now