Capítulo 17

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Respirei fundo com certo receio e me encostei na cabeceira. Iniciei a leitura dos papéis que minha tia havia me entregado.

***

POV: Emma Dawson

Era um dia chuvoso. Eu iria me encontrar com Elly e Joel para almoçar. Lisa estava na casa de uma amiga e passaria a noite fora, então não passei na padaria para comprar o doce que ela tanto gostava. Deveria ser um dia comum, mas, ao chegar à casa de minha irmã, um pressentimento ruim atingiu meu corpo me fazendo arrepiar. O portão de ferro estava meio aberto, então entrei sem tocar a campainha. Ao abrir a porta principal da casa estreitei meus olhos ao ouvir um tapa seguido de choro.

— Elly? – chamei sem resposta.

Outro tapa me fez olhar para o andar de cima. Então corri, subindo os degraus.

— SUA VAGABUNDA! – Joel gritou e arregalei meus olhos.

— Por favor, prometo não fazer mais isso. – A voz fraca de minha irmã quebrou meu coração.

— Quem você pensa que é?!

Andei mais um pouco vendo Elly caída ao chão, pela porta entreaberta de seu quarto. Abri a porta devagar não acreditando no que via. Eu tinha desconfianças de que tais coisas aconteciam há dois anos, mas ver com meus próprios olhos, meu cunhado batendo em minha irmã, era totalmente diferente. Elly nunca pediu ajuda, sempre teve respostas rápidas para cada machucado e eu acreditava nas desculpas dela.

— SUA... – ele voltou a gritar e Elly se agarrou as pernas de Joel. Só então ela me viu. – ME SOLTE! – ele bateu outra vez em sua cabeça. – ME SOLTA!

Mas ela não soltava. Apenas chorava compulsivamente. Vi quando ela balançou a cabeça pedindo que eu não fizesse nada, seus olhos demonstravam o medo que eu nunca havia percebido antes. Elly novamente balançou a cabeça em negação pedindo que eu não me intrometesse, mas quando o vi segurar pelos seus cabelos fazendo-a olhar para ele, corri empurrando-o.

— PARA! – gritei. — Seu desgraçado! Quem você pensa que é para bater em minha irmã?!

— Emma! – Ouvi a voz de minha irmã assustada e continuei a bater em Joel.

— SAI DE CIMA DE MIM! DROGA! – ele gritou me jogando no chão e saindo do quarto. No calor do momento o segui.

— Seu vagabundo! – Bati em suas costas.

— EMMA! PARE! – gritava Elly.

— O que pensa que está fazendo! – esbravejou Joel segurando meus braços.

Não consegui revidar quando sua mão desceu rápido e forte em meu rosto me fazendo cair. Gritei de dor me encolhendo no chão. Nunca havia levado um tapa antes, aquela havia sido a primeira vez. Além da ardência imediata, senti o gosto de sangue.

— JOEL! Por favor – implorou Elly aos prantos.

— Sua irmã pediu por isso! Você sabe Elly, sempre dou aquilo que merecem.

— Não... – O choro de minha irmã se tornou mais alto. – Não precisa fazer isso com ela. Não machuque ela.

Senti como se meu couro cabeludo fosse desprender de minha cabeça, quando ele me segurou pelos cabelos me arrastando para o topo da escada.

— NÃO! – Elly gritava em meio ao choro.

— Você merece morrer – gritei.

Eu ainda estava meio perdida do tapa que havia levado, mas pude ver minha irmã se levantar e correr em minha direção. Fechei meus olhos esperando pelo outro tapa quando escutei o grito de Joel ecoar pela casa. Rapidamente abri meus olhos vendo-o cair pela escada e parar no chão. Olhei para Elly que levava as duas mãos à boca e a abracei.

Até Que O Inverno AcabeDonde viven las historias. Descúbrelo ahora