Capitulo 4.

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Merle**

   Sinceramente, se alguém um dia me falasse que eu estaria preso em uma cabana, amarrado em uma cama, sem uma das minhas mãos e com uma pirralha arrogante e cheia de marra me ameaçando e me humilhando a cada instante eu desceria a porrada nessa pessoa, mas cá estou eu, amarrado novamente nessa cama após tomar o banho mais humilhante da minha vida, nem na cadeia eu me senti tão encurralado quanto estou me sentindo na presença dessa garota.

   Enquanto ela cozinhava algo no fogão a lenha da cozinha eu a observpava atentamente, virando uma garrafa de vinho na boca com uma mão enquanto a outra mexia a panela, e depois eu que tenho problemas com álcool, vê se pode, toda hora virando cachaça goela a baixo.

    Me lembrei de quando ela treinou em minha frente, chapada a garota tinha uma força do caralho, imagina sóbria? Provei na pele o quão ágil e forte a pirralha era e percebi o por quê ela ter sobrevivido a essa merda sozinha, mesmo quando parecia que ela estava relaxada, com a guarda baixa, na real ela não estava, focada 100% do tempo, se eu me remexesse na cama ela percebia, se eu respirava diferente ela também percebia, essa porra era o quê? Uma águia?

    Quando ela saiu pra correr e demorou horas para voltar eu fiquei totalmente apreensivo, sem noção do tempo eu só conseguia perceber que estava anoitecendo de acordo que o ambiente ficava cada vez mais escuro, apenas a luz da lareira iluminando levemente o ambiente.

Em minha cabeça passava todo tipo de coisa, ela deu o fora e me deixou aqui sozinho, ela se perdeu na floresta, ela morreu, e eu nem se quer me preocupava com a segurança dela, na real eu pouco me importava com a segurança dela, o problema era a minha segurança, amarrado nessa cama sozinho eu ia morrer de fome, como eu estava me sentindo agora, com muita fome, quando ela finalmente entrou na cabana eu percebi que tinha algo errado, mas só percebi de fato quando ela acendeu as velas pela cabana, o cabelo desgrenhado e sangue pelo seu rosto e braços.

   Nem imagina minha surpresa quando ela falou que correu cerca de 32 quilômetros em tão pouco tempo, mesmo após fazer 200 flexões, chapada, porra quem tem ânimo pra malhar chapado? Essa garota não era normal, isso eu tinha certeza, e ainda por cima matou 5 zumbis de brinde.

   Depois da minha tentativa falha de tomar a faca dela a 1 hora atrás eu finalmente percebi que não tinha pra onde correr, e se precisasse correr, era pra bem longe dessa psicopata.

   Eu iria ficar na minha a partir de agora, até melhorar e poder ir embora daqui e ir atrás do Daryl, aquele marica deve tá todo preocupado comigo a essa hora, assim que melhorasse eu iria até a pedreira atrás dele, e esfregaria na cara daqueles putos que me deixaram pra trás que Merle Dixon estava vivo, não inteiro, mas vivo, graças a essa pirralha marrenta, isso eu tinha que confessar, sem ela eu estaria morto agora, ela me salvou e ainda me carregou no colo, essa humilhação eu não vou esquecer jamais, nunca na minha vida eu deixaria alguém saber que isso aconteceu, Merle Dixon sendo carregado nos braços por uma adolescente de 1 metro e 50 como se fosse uma princesa em apuros, não, já basta essa pirralha me esfregando na cara que isso aconteceu.

_____ O papa tá pronto___ ela sentou do meu lado com um prato em mãos e um copo de água, ela toma vinho, eu água, sacanagem___ Olha o aviãozinho fruuuuu_____ ela aproximou a colher da minha boca falando como se eu fosse a porra de uma criança, minha vontade era de recusar a comida por conta dessa palhaçada mas minha fome era maior que meu orgulho, abocanhei a comida da colher, sopa novamente, talvez por quê eu estava em recuperação e esse fosse o melhor alimento pra ingerir ou talvez fosse por falta de outra coisa pra fazer, não reclamei, aceitei a comida de bom grado e comi tudo em silêncio____ Muito bem, já já vai tá fortinho, vai criar asas e vai embora___ falou se levantando e colocou a mão no peito de forma dramática ___ Ah eles crescem tão rápido____ fingiu enxugar uma lágrima falsa.

drugs and the apocalypse - Merle e Daryl DixonOnde histórias criam vida. Descubra agora