— Errado. — Corrigiu ao vê-la começar a ser levantar. — Você é esposa do meu amigo. Gostaria que fôssemos amigos! Isso é, se você parar de tentar sabotar o meu namoro.

— Me desculpa. — Pela primeira vez parecia arrependida de verdade. — Não farei mais nada.

— Obrigado. — Pediu e apareceu ali um garçom com alguns salgadinhos. — Seu bebê nasce quando?

— Esse mês. — Sorriu ao contar. — Mal posso esperar para tê-lo nos braços.

— É um menino, não é mesmo? — Empurrou os salgadinhos pra ela, que assentiu. — Qual é mesmo o nome?

— Levi. — Micael a encarou sério, muitos pensamentos passavam por sua cabeça. — Sim, eu escolhi o nome que daríamos ao nosso filho.

— Não tinha mais nenhum nome disponível? Augusto sabe que Levi era o nome do nosso filho hipotético e que fui eu quem escolhi?

— Não sabe. — Deu de ombros. — E também nem quis muito saber de onde eu tirei o nome, Guto não anda muito envolvido com as coisas do bebê.

— Que beleza de marido, que beleza de pai. — Ergueu uma sobrancelha com deboche. — Onde foi que você se enfiou hein?

— Ele não é assim. Está chateado porque eu traí ele com você, tem esse direito. — Deu de ombros ao defender o marido. — Quando Levi nascer, tudo vai mudar.

— Vou chamar seu bebê de "pequeno grande milagre" então, já que ele vai nascer e salvar o fiasco do seu casamento. — Voltou a debochar e recebeu um olhar fulminante da loira que já tinha comido todos os salgadinhos do pote.

— Pra quem quer manter uma amizade, você não está indo pelo caminho certo. — Ele sorriu e mudou de assunto novamente. Tentariam se manter amigos, pelo menos até a página dois.

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— Já estou melhor. — Raquel disse a sogra que não saia do seu pé. — Será que posso ficar um pouco sozinha?

— Claro que sim, sabe que qualquer coisa é só chamar, não sabe?

— Sei sim, obrigada pela ajuda. — Solange saiu do banheiro e encostou a porta.

Aquele banheiro ficava no quarto dos pais de Augusto, era afastado e Solange havia levado a menina pra lá, afim de ter privacidade, mas assim que a deixou sozinha, Guto invadiu o banheiro e trancou a porta atrás de si.

— Que merda você está fazendo na minha casa?

— Casa dos seus pais. — Corrigiu assustada. — Eu não sabia que era você. O Micael falava "Augusto", mas é um nome bem comum.

— Fala a verdade, vagabunda! — Disse alto, mas ninguém ouviria. — Você apareceu pra me chantagear? Cadê a piranha da sua amiga?

— Ela se mudou pra fazer o tratamento da mãe. Ela mora no sul agora. — Se apressou em dizer. — Ninguém voltou pra mexer com você.

— Escuta aqui. — Se aproximou e segurou seu rosto com uma mão. — Você vai sair daqui e terminar esse namoro ridículo com Micael. Essa porcaria não era nem pra ter começado.

— Ele não tem nada a ver com a história, eu estou com ele porque gosto dele.

— Foda-se, piranha. — Soltou com um empurrão que a mulher cambaleou. — Você está perto demais do meu ciclo de amigos. Não sei como acabou amiga da Laura, mas vai se afastar, por bem ou por mal. E você sabe que eu te acho no inferno se precisar.

— Tá bom, eu faço o que você quer.

— E depois some. — Avisou. — Que vá morar no inferno junto com sua amiga. Eu não quero nunca mais ter notícias suas, ou você vai se arrepender. — Então ele saiu do banheiro, deixando ali a mulher em choque.

Caminhou pela casa e então encontrou a esposa e Micael á mesa, haviam sido servido a janta. Puxou uma cadeira e se sentou, entre os dois.

— Demorou. — Sophia resmungou, esquecendo que havia saído da cozinha com "raiva".

— Te dei um tempo pra se acalmar. — Tinha a voz doce. — Cadê sua namorada, Micael?

— Por aí com a minha mãe, eu duvido que dona Solange a deixe em paz. — Soltou uma risada gostosa. — Já já eu vou atrás, salvar a garota das garras da minha mãe.

— A essa altura sua mãe já contou a história de você com quatro anos fazendo cocô embaixo da mesa. — Sophia brincou e arrancou risada deles.

— Também já contou a que você caiu da goiabeira porque subiu depois da chuva. — Guto completou. — E digo mais, ela digitalizou as fotos antigas, deve estar enchendo a Raquel com fotos suas bebê e criança.

— Tá legal, vocês são engraçadinhos demais. — terminou de comer e jogou o guardanapo de pano na mesa. — Vou lá tirar a Raquel de perto da minha mãe antes que a garota surte.

Micael caminhou pela casa e soube pela mãe a localização da namorada. Quando chegou ao quarto falado, a morena estava sentada na grande cama, chorando.

— Ei, gatinha?! — Se desesperou e agachou frente a ela. — Aconteceu algo com você? Está realmente passando mal? Eu sei que não está grávida.

— Precisamos terminar. — Falou rápido e baixo, ficando de pé e se afastando de Micael que permaneceu abaixado sem entender.

— Que merda aconteceu? — Disse ao se recuperar. — Estava tudo ótimo! Minha mãe disse algo? Foi o meu pai me humilhando? Ele não é totalmente ruim, só tem vergonha de mim.

— Eu vou embora!

— Como embora sem me contar o que aconteceu?! — Segurou o braço da mulher que tentou passar por ele. Aquela altura já estava de pé. — Vamos conversar sobre o que aconteceu, tenho certeza que vamos nos entender.

— Micael, não. — Puxou o braço. — Eu apenas quero ir embora!

E ela foi, deixando Micael com olhos arregalados e respiração pesada. Não entendia os motivos, mas um dia, muito em breve passaria a entender.

Aquela NoiteOù les histoires vivent. Découvrez maintenant