Ciúme mal disfarçado

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Micael só deu sinal de vida aquele dia quando escureceu. Já passava de oito da noite quando o celular de Arthur tocou.

— Micael! — Disse bem alto. — Cacete onde você está?

— Indo pra casa, andando. — Comunicou, já cansado de andar. — Estão em casa? Estou sem chave.

— Por que não chama um táxi? — Franziu a testa.

— Você viu como eu saí? Sem um real! A única coisa que eu tinha em mãos era meu celular. — Tinha a voz baixa, estava bem cansado. 

— Estamos na casa do Guto. — Avisou. — Sophia acabou passando mal e viemos todos pra cá depois do hospital, esperar notícias suas.

— Passou mal? — Disse alarmado. — Como ela está? — Não conseguiu ter resposta, a bateria do celular arriou e o aparelho por pouco não foi arremessado no chão.

O moreno que já estava exausto, se arrependeu mil vezes de não ter chamado um carro enquanto ainda tinha bateria. Apertou os passos e longos vinte minutos depois chegou ao prédio de Augusto.

Não foi interfonado, como sempre. Tocou a campainha e viu Guto abrir a porta e respirar aliviado ao ver Micael ali.

— Puta que pariu hein, quase matou a gente do coração. — Disse alto e puxou Micael pra um abraço. — Cruzes, você está suado.

— Eu vim andando. — Disse com um tom de obviedade.  — Se não estivesse suado seria um milagre.

— Veio andando de babaca, podia ter chamado um táxi que a gente pagava quando chegasse. — Saiu da frente e deu passagem a ele. — Está tudo bem?

— Razoavelmente. — Suspirou e entrou, tendo Guto atrás de si. — Como estão?

— Estamos todos bem. — Arthur disse quando ouviu a voz de Micael. — Fora o puta susto.

— E a Sophia? Meu celular descarregou, não consegui entender o que aconteceu! — Augusto fez uma careta por trás, mas não disse nada.

— Está bem também, como eu disse, foi só um susto. — Arthur repousou. — Ela está sedada, dormindo.

— Ah, que bom então, Gil é maluco. — Suspirou. — Mas não vai mais perturbar vocês, nem mesmo ela.

— Onde ele te levou?! — Laura perguntou curiosa.

— No morro que tem aqui perto, ele estava realmente dando uma festa. — Balançou a cabeça tentando afastar o pensamento. — Com muita bebida, churrasco, drogas e putas.

— Uau, passamos o dia preocupados com você e na realidade estava melhor que a gente. — Guto brincou. — Devia me apresentar a esses seus amigos!

— Se eu apresentar você a eles, te matam. — Não tinha nenhum traço de humor no rosto de Micael, mesmo assim, Augusto deu risada, achando que o amigo brincava. — Estou falando sério, no mínimo é uma surra que você jamais vai esquecer.

— Que isso gente. — Levou a sério e a risada morreu na hora. — Eu nem conheço os caras.

— Mas eles te conhecem, melhor você ficar bem longe. — Augusto não teve tempo nenhum de responder.

Sophia havia aparecido ali com um pijama que costumava usar, mas devido a barriga e ao ganho dos quadris, estava bem justo. Quando viu Micael ela soltou um suspiro aliviada, sorriu e então correu para abraçar o moreno, por pouco não pulou em seu colo novamente.

— Eu estava tão preocupada com você! — Colocou as mãos em seu rosto, não ligando pro suor que deixava a pele úmida. — Não sabia o que fariam! Cheguei a pensar que estava preso de novo!

Aquela NoiteWhere stories live. Discover now