Igualmente mandona

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Quando Micael chegou na sala novamente, já estavam todos os amigos reunidos e ele sorriu, agora vestido com suas roupas e com perfume de rosas do sabonete. Caminhou com um sorriso até onde estavam todos e se sentou ao lado de Arthur e Cristiano, no chão. 

— Eu demorei tanto assim? — Disse olhando a pizza diante dele na mesinha de centro. 

— Pra caralho, estávamos até falando baixo, pensamos que estava dormindo já. —  Arthur disse ao amigo enquanto o observava pegar um pedaço da pizza. 

— Se vocês soubessem o valor que eu passei a dar pra um banho quente. — Brincou e fez os amigos rirem. — Mas falem, qual era o assunto antes de eu aparecer? 

— Você! — Quase todos disseram ao mesmo tempo. 

— Pelo visto eu vou ser o assunto por bastante tempo. — Deu de ombros. — Tudo bem, eu aceito isso. — Pegou outro pedaço da pizza. 

— Vai devagar, irmão. — Augusto brincou. — Ou então vai perder o shape. — Micael balançou a cabeça dando risada. 

— Como se eu ligasse pra isso nesse momento. — Deu risada. — Se vocês soubessem como as coisas são naquele inferno. — Fez uma careta. — Nem acredito que acabou. 

— Acabou nada, você está em condicional, desculpe te lembrar. 

— Não é como se eu fosse desobedecer as ordens simples que incluem a condicional. Não beber, não usar drogas, estar em casa antes das dez, arranjar um emprego. — Foi citando e contando nos dedos. — Cumprir isso é muito simples, eu não vou voltar pra lá. 

— São simples mesmo. — Augusto deu de ombros. — Nada que você já não faça, você é um chato. 

— Eu sempre fui um chato e vivi a minha vidinha de boa, fui inventar de quebrar isso e sair, viu a merda que deu?!  — Balançou a cabeça e ouviu risinhos. — Se pensar bem foi culpa sua, Augusto. 

— Me tira dessa, irmão. 

— Você insistiu pra eu ir. — Brincou novamente. 

— Ah, mas quem encheu a cara foi você, sendo assim, culpa o Arthur por ter puxado o vira vira de whisky. — Jogou pra Arthur que deu risada se lembrando da noite.

— Nada disso! — Disse alto. — Você foi atrás da garota, ninguém tem culpa além de você.

— Eu não fui atrás de ninguém. — O clima pesou e ele olhou pra Sophia, que assistia a conversa em silêncio. — A maluca sentou do meu lado e puxou papo, eu estava passando mal.

— Não aguenta três doses de whisky, fica em casa, porra. — Augusto disse voltando a dar risada.

— Era o que eu devia ter feito mesmo. — Disse ainda com pesar. — Sophia usou a magia de bruxa dela, disse que algo ia dar errado e eu ignorei.

— Você não só ignorou. — Ela responde baixo, sem um pingo de brincadeira. — Brigou comigo e me fez parecer maluca.

— Eu sei, me desculpa. — O silêncio reinou, os dois ficaram se encarando e deixaram os demais desconfortáveis. O clima tenso foi quebrado pelo celular novo de Micael tocando sob a mesinha de centro. Ele desviou o olhar e então silenciou a chamada. — Minha mãe perturbando já.

— Vai voltar a ignorar ela? — Sophia perguntou e ele mordeu seu terceiro pedaço de pizza assentindo. — Coitada.

— Não é você que ela perturba, por isso que fala "coitada". — Rangeu os dentes quando viu outra ligação brilhar na tela, mas logo ignorou também.

— Você não fica nem um pouco curioso pra saber o que ela quer? — Augusto perguntou interessado.

— Ela quer tomar conta da minha vida. Não me levem a mal, eu amo minha mãe, mas ela se intromete demais. — Bebeu um gole de refri. — Amanhã eu mando uma mensagem.

Aquela NoiteOnde histórias criam vida. Descubra agora