Capítulo: 17/03

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Sento e vejo Hayden atravessar a rua em direção ao café em que estamos. Ele está carregando uma maleta. Por que ele precisaria de sua pasta na hora do almoço? Esse cara é suspeito como o inferno.

— Há quanto tempo você conhece Hayden, May? — Eu pergunto a ela.

Christian bebe sua bebida no canudo enquanto ouve e observa Hayden.

Nós três estamos no nosso local de almoço favorito e sentados no banco perto da janela.

Ela entorta os lábios.

— Cerca de oito anos, eu acho.

— Christian disse que você costumava trabalhar com ele em seu antigo emprego.

— Sim. — Ela mastiga seu sanduíche torrado enquanto o observa. — Ele trabalhou no Gazette comigo.

Minha atenção volta a observá-lo.

— Sabe, acho que ele está tramando algo.

— Não me surpreenderia. — Ela limpa a boca com o guardanapo.

— Por que você diz isso? — Eu pergunto.

— Ele foi demitido da Gazette.

— Por quê? — Christian faz uma careta.

— Não sei ao certo, mas a palavra na rua era que ele estava envolvido em um escândalo de telefonemas.

— O quê?

— Pelo visto. — Ela revira os olhos. — E isto é especulação completa, mas ele foi pego mexendo no telefone de uma das colegas de trabalho e roubando as pistas dela.

Meus olhos se arregalam.

— Realmente? Quem?

— Uma garota chamada Keeley May.

— Ah, sim, a ruiva, — comenta Christian. — Ela é gostosa.

Os olhos de Maite e meus vão para ele.

— Desde quando você acha que as garotas são gostosas? — Maite pergunta.

— Eu sou gay, não cego. Eu posso apreciar uma bela forma feminina,
— ele bufa.

Nós duas reviramos os olhos.

— Por que, você acha que ele está tramando alguma coisa? — May pergunta.

Deus, posso contar a eles? Não... eu tenho que passar por Alfonso  primeiro. Não posso quebrar a confiança deles em mim.

— Contei a ele uma das minhas histórias outro dia e vi que ele a enviou como sua, — minto.

Maite estreita os olhos.

— Porra de cobra.

— Não tenho provas, é claro, — acrescento. — Eu estava pensando sobre o caráter dele, só isso.

— Pelo que sei dele, — ela diz secamente, — eu não confiaria nele.

— Como Paul, — Christian zomba.

— Oh Deus, o que aconteceu agora?
— Eu pergunto.

— Nada. — Ele suspira. — Ele é apenas um idiota, só isso.

Mau revira os olhos com nojo.

— Você sabe o que, Christian, pare de se fazer de vítima do caralho aqui. Você sabe que ele está transando por aí e ainda está dormindo com ele. Uma coisa é se enganar, mas voltar voluntariamente para saber mais quando você sabe exatamente o que está acontecendo é simplesmente patético.

Ele revira os olhos.

— Você não precisa ser tão chata com isso.

— Sim. Você está agindo como uma donzela em perigo. Você não tem filhos com ele. Você não tem uma hipoteca. Você não trabalha com ele. O término seria fácil. Diga a ele para se foder e seguir em frente— ela zomba. — Rompimentos são difíceis. Ficar com um idiota é mais difícil.

— Falando em seguir em frente — Christopher me pediu para ir morar com ele, — digo para mudar de assunto.

Christian engasga com sua bebida e ela sai pelo nariz.

— Que diabos?

— Pelo visto. — Eu dou de ombros.

Christian faz uma careta.

— O que há com a reviravolta?

— Ele foi ver Claudia, sua ex, enquanto ele estava em Londres.

— Ele transou com ela? — Christian  pergunta enquanto mastiga seu canudo.

— Não, Christian, foder com outras pessoas não é um comportamento normal, — retruca Maite. — Ponha isso na sua cabeça dura. Sua opinião sobre a realidade está seriamente distorcida.

— Porra, você está uma puta de verdade hoje, sabia disso?
— Christian fala.

— Bem, esse pau comunitário do seu namorado está me irritando, — ela zomba.

Christian e eu reviramos os olhos.

Maite está especialmente irritada hoje.

— Ele disse que ele e Claudia planejavam voltar a ficar juntos, mas disse a ela que queria um futuro comigo. Ele terminou.

— Puta merda, — Christian sussurra.

— Ele disse que me ama.

— Que porra é essa? — May grita. — Você está falando sério?

— Mas... — Eu dou de ombros.

— Mas o quê? — Christian sussurra. — Não deve haver “mas” em nenhum lugar nesta história.

— Tudo está indo tão rápido. Qual é a pressa, sabe? — Eu dou de ombros. — Estou com medo que ele esteja só estressado.

Ambos continuam a ouvir.

— Ele me disse que tinha sentimentos desde que nos conhecemos, e isso vem há muito tempo.

— Isso pode ser verdade. — Maite franze a testa.

— Poderia ser. — Eu tomo meu café. — Também poderia estar em sua estratégia de aquisição.

— Que estratégia de aquisição? — Maite franze a testa.

— Christopher Miles consegue o que quer, — eu respondo. — Se ele decidiu que me quer...

— O que ele já tem, — Christian interrompe.

— Ele fará isso acontecer. Eu não sei. — Eu dou de ombros. — Tudo parece bom demais para ser verdade, e toda a situação da Claudia me assustou um pouco. Posso realmente acreditar que Claudia e ele vão interromper toda a comunicação agora?

Maite revira os olhos.

— Aqui vamos nós. Vocês dois idiotas estão cheirando cartuchos de tinta hoje? — Ela amassa o guardanapo com força. — Pare de ser uma cadela negativa. Se ele não dissesse que a amava, isso teria sido um problema.
Agora que ele fez, ele tem um motivo oculto. — Ela joga as mãos para cima com nojo. — Vocês dois vão voltar para a Terra? — Ela levanta. — Temos que voltar. — Ela sai em disparada e Christian e eu a vemos atravessar a rua.

— Ela precisa de um pau enorme, — Christian murmura. — Ela está totalmente no modo cadela.

Eu rio enquanto a vejo entrar no prédio.

— Você pode estar certo.

Amor Extranjero Where stories live. Discover now