7° - O reencontro oficial

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Ava

Eu simplesmente não sabia o que fazer com o corpo nu e desfalecido de Bea em meus braços, eu mal conseguia olhar para ela, constrangida com o fato dela estar nua, então com os olhos virados para o teto eu levantei o corpo dela e segui para o quarto, apenas a coloquei na cama e cobri com a primeira coisa que vi na minha frente e ai sim pude olhar seu rosto, era ela, a dona de todos os meus sonhos estava bem ali deitada e adormecida na minha frente, eu não queria ser abusada mas não pude deixar de fazer um carinho terno em sua bochecha, ao mesmo tempo que a toquei aquela energia familiar me preencheu e não foi como das ultimas vezes foi muito mais intensa, intensa ao ponto de acionar o halo, então me afastei dela com medo de acorda-la ela parecia tão cansada que iria deixa-la dormir o quanto quisesse, peguei o celular que estava caído na entrada do apartamento e segui para a saída, precisava atualizar a Camila, agora que Bea estava bem eu poderia relaxar um pouco.

A conversa com a Camila foi leve e por incrível que pareça cheia de risadas, falei que ainda não tinha tido a oportunidade de conversar com a Bea porque ela tinha desmaiado  e então veio a pergunta que eu estava tentando fugir um pouco.

-Mas enfim como o espectro saiu dela?? Você disse que não teve que bater nela e....

-Eu...eu acho que ela conseguiu recuperar a consciência por alguns segundos e quando fui dar o primeiro soco ela impediu e...- eu fiz uma pausa, levemente envergonhada de falar em voz alta o quetinha acontecido.

-Fala logo Ava, pare de se enrolar.

-E ela me beijou...não tipo NOSSA que beijão foi mais um beijo casto apenas tocando os lábios...mas partiu dela e foi quando eu tive a ideia de usar a cura do halo nela...- falei e esperei o surto porque eu sabia que ele viria.

-Como assim ela te...te beijou?! A Beatrice te BEIJOU?? Na BOCA?! Ai meus eu queria ter visto esse momento aaaah deve ter sido lindoooo, finalmente ela se deixou sentir, estou feliz e espera, sinto que deixei de ouvir algo que você falou no final...você teve uma ideia...desculpa eu parei de ouvir um pouco depois do beijo – ela falou tudo tão empolgada que mais uma vez parecia ser ela a viver aquele momento.

-Eu ativei a cura do halo, para curar ela do espectro, achei que poderia funcionar e funcionou, quando o espectro saiu eu joguei o colar da Bea nele e ele explodiu. -falei com calma.

-Então quer dizer que você pode curar as pessoas com o halo, que incrível isso e muito útil ne – o final ela falou rindo.

-Na verdade não é qualquer pessoa que eu posso curar, somente alguém com quem eu ou o halo tenha uma grande conexão, acho que só funcionou na Bea por causa do que eu sinto por ela, mesmo ainda sem entender ao certo o que eu sinto. Enfim vou desligar aqui, voltar para dentro e preparar algo para ela comer quando acordar. Tchau Mila, logo logo te ligo de novo.

-Tchau Ava, até depois.

Então entrei e fui para a cozinha prepara alguma coisa, foi então que vi que não tinha absolutamente nada na geladeira ou nos armários. Corri ate o mercado mais próximo e comprei algumas coisas, voltei e ela ainda estava dormindo, então guardei tudo e pensei em fazer apenas uns ovos mexidos.

Estava concentrada no preparo e escutei um farfalhar na cama e fui ver se ela tinha acordado e fui daquele jeito mesmo com uma frigideira e uma mão, uma colher na outra e um pano no ombro. Ao chegar na porta do quarto (questão de ter dado apenas dois ou três passos) eu a vi sentada na cama agarrada ao lençol por cima do dorso e com um olhar assustado.

-Heey você acordou, finalmente – falei sorrindo para ela, mas ela estava quase catatônica, apenas olhava para mim e foi então que eu percebi e entrei em desespero - Bea, você não está respirando, ai meu deus Beatrice você....respira por favor, não posso te matar do coração não, heeey – falei correndo para ela e largando tudo que esta a na minha mão sequer me importando com o barulho que fez ao cair ou com a sujeira que se espalhou. Coloquei as duas mãos no rosto dela para tentar traze-la de volta o que acho que funcionou pois ela estava com uma expressão como de quem aceita o que esta bem na sua frente, foi ai que ela soltou o lençol direcionou suas mãos para o meu rosto me puxou para um beijo. Um beijo que eu não sabia bem o que significava para mim ou para ela, começou de forma suave e logo se intensificou, sem perceber eu ativei o halo e ele por si só ativou a cura fazendo as minhas células vibrarem, meu pelos se arrepiarem e um choro se iniciar em nós duas e quando o beijo enfim acabou eu olhei naqueles olhos castanhos e profundos e basicamente levei uma porrada mental de mim mesmo, foi como uma metralhadora gigantesca atirando pra todo lado, as coisas passavam na minha mente como se fosse um filme em velocidade 100 sem poder pausar e como forma de autopreservação minha mente se desligou e eu desmaiei.

Beatrice

Acordei meio zonza e com um gosto amargo na boca, foi então que eu lembrei do que tinha acontecido, será que eu tinha sonhado com tudo aquilo?! Será que estou tão cansada ou melhor exausta física e emocionalmente a ponto de ter sonhado com tudo aquilo?! E meio que como resposta eu escutei um barulho vindo da cozinha que me assustou e me fez lembrar de mais um detalhe, a ultima coisa que me lembro era de ter desmaiado nua no chão do banheiro, olhei embaixo do lençol que cobria meu corpo e notei que eu continuava nua, achei estranho eu estar na cama mas ainda estar nua, meu deus o que será que aconteceu aqui?! Eu não me lembro eu...

-Heey você acordou, finalmente – Uma Ava sorridente vinha da cozinha com uma frigideira na mão e uma colher na outra com um pano pendurado no ombro...eu não sabia se era um sonho mas se fosse eu não queria acordar nunca, só queria ficar ali olhando aquela mulher, ela estava de fato com um rosto de mulher e não mais aquele rostinho de moleca que sempre teve, eu estava tão encantada e tão surpresa com sua presençaque sequer perebi que estava em um estado catatônico.

– Bea, você não está respirando, ai meu deus Beatrice você....respira por favor, não posso te matar do coração não, heeey – ela falou desesperada e correndo até mim largando no chão as coisas que estava na mão.

Foi quando, segundos depois, eu senti suas mãos em meu rosto o que me fez despertar e finalmente me toquei de que aquilo não era um sonho, de que o que eu me lembrava não era um sonho, tudo aquilo realmente aconteceu e....ela...ela realmente estava bem na minha frente e segurando meu rosto com as duas mãos e me olhando nos olhos com um olhar que eu não conseguia entender muito, parecia saudade, amor e questionamento ao mesmo tempo mas sinceramente eu não me importei...eu não me importei com absolutamente nada e nem mesmo com o fato de estar sentada na cama completamente nua apenas com um lençol que eu segurava cobrindo meu dorso, lençol esse que caiu em meu colo quando coloquei as duas mãos no rosto de Ava e puxei para mim, eu precisava sentir realmente se ela estava ali e então permiti que nossos lábios se encostassem.

Foi um beijo suave de início mas antes que eu pudesse perceber o beijo se intensificou e mesmo com o olhos fechados eu vi o halo acender o quarto inteiro e senti todas as células do meu corpo vibrarem e todos os pelos se arrepiarem, foi quando um choro silencioso tomou conta de nós duas e eu interrompi o beijo mas não afastei as mãos um milímetro sequer e então nos olhamos e o olhar dela tinha mudado, na verdade apenas uma coisa havia sumido, qualquer questionamento que ela tinha já não se encontrava mais ali dando espaço apenas para um olhar carregado de amor e carinho, porém esse olhar não durou muito e antes que eu pudesse perceber ela desmaiou e se eu não estivesse segurando seu rosto ela teria batido contra a mesa de cabeceira que tinha ao lado da cama. Mas o que será que aconteceu pra ela ter desmaiado assim?!

-Ava?! Ava acorda por favor...o que houve?! Acorda...- falei desesperada, acabei de reencontra-la e não iria perde-la nunca mais.

Examinei seu rosto e me acalmei um pouco ao ver que ela respirava normalmente e mais parecia estar dormindo do que desmaiada, virifiquei seus batimentos e estava tudo certo, então coloquei seu corpo adormecido na cama e fui vestir uma roupa e limpar a bagunça que ela fez com a panela que estava na mão, quando terminei enfim de limpar o chão e colocar as coisas na pia da cozinha, fui me deitar ao lado dela e assim que eu me ajeitei ela começou a abrir lentamente os olhos com uma expressão de dor e mesmo assim abriu um sorriso e falou.

-Eu me lembro, eu me lembro de tudo.

Live your Life - in the nextWhere stories live. Discover now