prólogo

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Benny — 08 anos

Eu não lembro bem como aconteceu, só consigo me recordar daquele homem alto de cabelos grisalhos me colocando sobre seu cavalo enquanto eu chorava implorando para minha mãe acordar — o que eu notei que não ia ocorrer assim que vi seu sangue se espalhando pelo chão —  Agora estou correndo de maneira desesperada por uma floresta desconhecida, havia conseguido abrir uma brecha para fugir assim que vi ele conversando com uma mulher de cabelo rosa e olhos brancos.
Quando finalmente senti que estava longe o suficiente deixei as lágrimas caírem novamente, tive que segurar elas durante toda a viagem porque aquele homem odeia som de criança chorando. Apenas parei de correr quando senti meu corpo bater contra o de alguém bem maior que eu, porém, apenas eu cai.

— Você... Tá bem? — Eu apenas consegui olhar para cima e ver a imagem de uma garota loura com seu rosto cheio de sangue.

Não consegui falar, o pânico estava tomando conta do meu corpo e eu não sabia ao certo o que dizer, então apenas me levantei e limpei minhas lágrimas, reparando melhor em sua expressão de dor e medo.

— O que... O que aconteceu com você? — em uma tentativa falha de me aproximar, senti minhas pernas bambas e cai de joelhos no chão.

— MARIANE! — uma voz é escutada de longe e logo é possível ver alguma coisa se aproximando pelas árvores.

A garota apenas travou, era como se ela já tivesse aceitado seu destino e estava apenas aguardando o pior acontecer.

— Sai daqui... — Sua voz saiu trêmula, mas antes que eu pudesse dizer algo a coisa pulou de uma árvore com a cabeça baixa.

Assim que ela levantou a cabeça, senti como se meu coração fosse sair pela boca, sua expressão não parecia irritada, e sim orgulhosa. Havia um sorriso de canto em seu rosto e seus cabelos roxo escuro caiam sobre seu rosto que destacavam seus olhos felinos, castanhos quase pretos, juntamente de sua pele escura. Diferentemente da garota loura, que tinha sardas por todo o corpo e uma pele tão clara quanto a neve, seus olhos em um tom de castanho bem claro.

— Mah, mama disse pra você me ajudar a treinar mas não era pra fugir assim  — Ela juntou suas mãos em uma palma e se aproximou — Tá doendo? — ela colocou a mão sobre o rosto da garota maior e eu consegui ver uma faca em seu cinto, cheia de sangue...

— Aí, quem você pensa que é!? — Tentei me levantar novamente e apenas senti meu corpo fraco, me aproximei e a encarei de perto — Um elfo.

Era isso mesmo? Um elfo? Eles realmente existiam!?
Sua expressão ficou neutra, ela olhou para mim e logo após para minhas orelhas, depois para o tom de minha pele e meus olhos.

— Você é uma humana? O que faz aqui?

Sua voz saiu seca, bem diferente de quando ela havia falado com a loura, seus olhos se afiando mais, isso de certa forma me assustou.

— Mil desculpas por ela, é nova por aqui — Olho para trás e vejo a mulher de cabelo rosa e olhos brancos se aproximando.

— Ela é da sua coleção, valkyria?

— Coleção!?

— É a filha de um soldado, não é coleção, Monteiro.

— Ela está atrapalhando nosso treinamento, pensa que minha mama vai ficar feliz com isso?

— Vamos, Benny-May — a mulher sorri para mim e segura minha mão cuidadosamente — seu pai está lhe esperando.

Eu não consegui dizer "não" sua voz soava tão doce que eu a segui em direção a sua mansão. Ao entrarmos, vi o homem parado com ódio nos olhos enquanto a moça sorria de maneira calma.

— Eu juro que vou matar essa garota — Ele se aproxima mas a moça levanta a mão, fazendo sinal para que ele pare.

— Você a trouxe aqui por questões de honra, não vai matar sua filha agora que já viu tudo.

Eu encarei ela confusa e logo olhei para o homem, a mulher olhou para mim e se abaixou.

— Nós temos muito para lhe dizer, mas tudo que você precisa saber agora é que sua mãe abandonou nosso mundo e te levou junto, seu pai é meu general e pode controlar o elemento fogo. Você é meio humana então não sabemos ao certo se você consegue fazer isso ou não, mas de hoje em diante você vai morar aqui comigo.

— Que!? Não, eu não quero! — A encarei com raiva e tentei me soltar

— Não, você não tem opção, Benny. — Sua expressão mudou e ela apenas me arrastou para um quarto — Aqui é onde você vai ficar de hoje em diante, espero que se acostume logo.

Ela sorriu e fechou a porta, cai sentada e encarei o local, meu peito se afundou, meus ouvidos pareciam não ouvir som algum, apenas senti o medo me consumindo cada vez mais.

The soldier Where stories live. Discover now