Capítulo oito: Fan Service

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POV: Lauren

Eu ouvi Camila falar no telefone que hoje era seu aniversário, me senti culpada por ter feito ela trabalhar nesse dia e a chamei para ir jantar. Camila era diferente das outras mulheres. Pra maioria, o dia do aniversário é todo sobre ganhar presentes e postar fotos no instagram pra exibir seu estilo de vida. A mulher sentada à minha frente não se importa com nada disso, e está terminando a segunda garrafa de soju como se fosse água.

Resolvi deixar seu dia especial, e já que ela era minha fã, a concedi um encontro comigo. Mas Camila não pareceu estar animada com a ideia, falando que precisava ir embora. Então decidi fazer algo que nunca fiz: dar um abraço em uma fã. 

Eu preferia manter a maior distância possível de toda mulher que não fosse Normani ou sua filha... Desde o trauma que passei com minha ex-namorada, não conseguia mais me aproximar de mulheres sem ter uma crise de pânico. O que era complicado, já que eu tinha que fazer isso por causa do trabalho.

Lucy era seu nome, ela também era atriz e nos conhecemos na faculdade. Lucy era a mulher mais doce que conheci, a princípio. Depois as coisas foram mudando, e ela se mostrou ser uma pessoa extremamente tóxica. Ela me manipulou para que eu me afastasse de todos os meus amigos, incluindo Normani, e dependesse somente dela. Ela fez um terror psicológico tremendo comigo, me convencendo de que eu não era boa o suficiente pra ninguém, e que ninguém além dela seria capaz de me amar. 

Desenvolvi uma dependência emocional em Lucy, devido a minha depressão. A coisa que eu mais temia no mundo era perdê-la. Até que um dia, ela recebeu uma proposta de atuar em hollywood e foi embora sem olhar pra trás. Ela terminou comigo por telefone e falou que estava indo embora. Eu fui atrás dela, no aeroporto, e a vi de mãos dadas com outra mulher, as duas trocaram um beijo antes de entrarem pro embarque. Eu corri até ela, tentando me humilhar mais ainda. Caí de joelhos a sua frente, a segurando pela perna enquanto chorava e implorava que ficasse. Ela se soltou de mim sendo bruta, antes de me falar as últimas palavras:

-Eu nunca acabaria com alguém como você. 

Logo descobri que ela andava me traindo com a diretora que ela foi embora, o que explicava os presentes caros que ela recebia e falava que era das amigas. 

Eu fui me afundando cada vez mais na minha depressão e quase consegui me matar duas vezes, sendo salva por Normani que parece que adivinhava quando eu ia tentar algo. Normani foi atrás de mim depois de estourar na mídia que a diretora estava namorando Lucy. Ela imaginou que eu estaria mal com o término, ainda mais depois que me desfiz de todas as minhas amizades. 

Foi preciso muito tempo e terapia para que eu conseguisse me reerguer. Logo, eu estourei em meu primeiro filme e virei uma atriz mundialmente reconhecida. Lucy nunca mais falou comigo, e eu achava melhor assim. 

Embora eu tenha conseguido superar, eu desenvolvi um tipo de ansiedade com mulheres, um transtorno pós traumático que nunca parecia ter uma melhora. Toda vez que eu chegava perto de uma mulher, ou fazia contato físico, eu começava a ficar extremamente nervosa e a suar. Minha respiração descompensava e eu entrava em pânico. 

Para gravar as cenas românticas, Louis me ajudava. Eu treinava repetidas vezes com ele, até que tudo estivesse perfeito, tomava meus calmantes, ia gravar a cena uma única vez, saía de lá e tentava me acalmar. Tem funcionado desse jeito há um bom tempo. 

Normani achava a situação engraçada, pois Louis era totalmente gay. 

E aqui estou eu agora, segurando Camila em meus braços num abraço desajeitado que ela não está retribuindo. 

Eu fecho meus olhos esperando a ansiedade vir, assim que começar, eu a solto. 

Mas nada acontece.

Eu a abraço mais apertado, segurando seu corpo pressionado contra o meu. Camila agora me retribui o abraço. Por que eu não estou suando ou com dificuldade de respirar?

I Love it When You Hate MeKde žijí příběhy. Začni objevovat