Capítulo 14

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II

Me desculpe
Por que eu preciso pedir desculpa?
Se eu te machuquei
Você sabe que você me machucou também.

Mas você se perdeu dentro de suas lágrimas,
E não há nada que eu possa fazer,
Porque eu me perdi dentro do meu medo
Porque eu não sou nada sem você.

Você está bravo.
Por que você não deveria estar bravo?
Por tudo que nós passamos,
Eu estou bravo também.

Por que nós demoramos tanto
Para olharmos dentro de nossas mentes?
Tudo que nós tentamos deu errado.
Nós estamos preocupados com o que poderemos achar?

Dez anos depois.

"Die, son of a bitch, die, die! Son of a bitch!" Jingyi gritava a canção o mais alto que podia, aumentando o volume do som ao máximo. Ele olhava para a parede de seu quarto, que mantinha pôsteres de bandas estranhas e sorriu para a foto dos White Frogs, sua banda favorita.

Yuan rolou os olhos e bateu com o livro pesado de biologia na mesa de estudos, fazendo parte de suas miniaturas de ação colecionáveis cair no chão. Ele abriu a porta de seu quarto com força e foi irritado para a frente do quarto de seu irmão, que tinha a porta trancada.

"Abaixa isso, retardado!" Berrava, enquanto dava socos na porta com o punho fechado.

Yuan esperou um pouco e então notou que o irmão aumentara o som ainda mais, o que lhe parecia algo improvável de acontecer, e mordeu a boca ao perceber que só tinha uma opção para resolver esse problema.

Ele andou a passos curtos até as escadas, descendo-as correndo e chegou em frente ao escritório de seu pai, batendo na porta incessantemente até ouvir a permissão para entrar.

Yuan limpou os pés num tapete – que Deus, ele não sabia por que estava ali – e ficou em pé em frente à mesa onde o pai lia jornal. Percebendo que se não falasse, o pai também não o faria, ele começou:

"Pai, mande aquela besta quadrada desligar aquele som!" Ele ordenou, autoritário.

"Yuan..." Lan Zhan abaixou o jornal, dobrando-o cuidadosamente e fitou o filho quase com desdém. O homem torceu os lábios finos e ergueu as sobrancelhas. "Não fale assim de seu irmão."

O garoto franziu a testa e bateu com o punho sobre a mesa do pai, fazendo com que o porta-retratos em que Lan Zhan estava com os filhos caísse sobre a mesa. Lan Zhan o ajeitou enquanto Yuan continuava:

"Pai, o Jingyi não me deixa estudar! Mande-o desligar o som!" Gritou a todos os pulmões e grunhiu algo em frustração por faltar-lhe o ar um pouco, o fazendo contar até três e respirar fundo.

"Tenha calma." Lan Zhan pediu, entediado.

Lan Zhan já estava acostumado com as constantes indisposições dos seus filhos gêmeos, mesmo que isso fosse algo que sempre lhe estressava. Todos os dias os filhos brigavam por algum motivo banal, e quando não tinham motivos para brigar, eles brigavam porque estavam sem ter o que fazer.

Yuan olhou para o pai desafiador e pôs as mãos na cintura, com o semblante bravo - que também era bastante fofo - em seus 9 anos. Ele bateu o pé no carpete e ficou olhando para o pai, que não esboçava reação nenhuma.

"Você vai dar um jeito nisso?" Perguntou, fungando um pouco.

"Sim, vejamos..." Lan Zhan levantou-se e foi com o filho a tiracolo falar com o outro gêmeo.

Enquanto caminhava, Lan Zhan tentava conversar com o filho sobre como dois irmãos deveriam se portar, sobre amor fraternal e o valor da família. Yuan apenas rolava os olhos para as argumentações do pai, pensando no que seu pai poderia saber sobre ter irmãos, se ele sempre foi filho único.

SeventeenWhere stories live. Discover now