Capítulo 4

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Lan Zhan esperava Wei Ying encostado ao seu carro no fim do dia. Acabara de sair do treino e o outro disse que tinha um trabalho no laboratório de química, então só lhe restava esperar.

"Você 'ta mentindo, Wei Ying." Huaisang dizia, enquanto era arrastado pelo garoto desgrenhado de óculos tortos.

"Você vai ver só." Wei Ying riu e soltou o amigo, arrumando a mochila jeans nas costas para andar tranquilamente para fora da escola até o estacionamento.

"Hey, onde você vai moleque doido?" Huaisang correu em sua direção, mas parou ao ver Lan Zhan de longe acenando para Wei Ying. "Não acredito que o filho da Lin estava falando sério!"

Wei Ying, após acenar para Lan Zhan, virou para trás, fingindo que acenava para Huaisang enquanto fazia uma careta e silabava um 'toma, toma, toma!' e virou-se normalmente, como se nada estivesse acontecendo.

Ele entrou no carro de Lan Zhan e indicou que podiam ir. Foram calados até a casa do menor – o silêncio cortado apenas pelas buzinadas de Lan Zhan para algum motorista imprudente.

O jogador estacionou na vaga do pai de Wei Ying, já que ele só chegaria do serviço tarde da noite, e entrou na casa do pequeno um tanto tímido.

"Manhê!" Wei Ying gritou assim que chegou, limpando os pés no tapete. "Fique à vontade, Lan Zhan. Eu só vou avisar para a mãe que eu cheguei." Disse, antes de correr para a cozinha.

Lan Zhan caminhou pela sala da casa do menino analisando quase tudo; os móveis um tanto gastos, mas perfeitamente limpos, os quadros falsos de artistas famosos reproduzidos amargamente em molduras de plástico, os portas-incenso indianos e principalmente os vários porta-retratos que haviam ali.

Eram várias fotos dos Wei, desde uma do casamento dos pais de Wei Ying até dele bebê, criança, vestido de anjo, de ursinho – o que fez Lan Zhan rir – e da família inteira junta, abraçados.

Lan Zhan pegou esta foto em particular e segurou-a cheio de melancolia, capturando o momento de felicidade daquela família para si. Queria tanto saber como era. Queria tanto ser amado assim, como Wei Ying parecia ser.

Ele lembrou-se do dia do incidente com Wei Ying, em que ele esperou um tempo por notícias do lado de fora da enfermaria e viu os pais do menino chorando abraçados, temendo pela saúde do filho. Lan Zhan pensou que, se fosse ele no lugar de Wei Ying, talvez os pais nem fossem vê-lo. Não teriam tempo.

Ele ouviu uma risadinha e deu alguns passos até próximo à cozinha, vendo Wei Ying agarrado à cintura da mãe, que arrumava o cabelo dele enquanto dava beijos pela bochecha do garoto.

Ela notou o curioso espectador e sorriu, chamando para mais perto um Lan Zhan extremamente constrangido. Separou-se do filho e aproximou-se dele.

"Oi filho, bem-vindo à minha casa. Desculpe, ainda estou de avental." Ela disse, abraçando-o sem pedir licença e Lan Zhan abriu um tanto os olhos, dando tapinhas de leve nas costas da mulher, sem jeito. "Podem ir estudar, eu levo um lanchinho mais tarde."

"Okay, mãe." Wei Ying respondeu, vendo a mãe se afastar do jogador e tirou o terno do uniforme, entregando-a e chamando Lan Zhan para seu quarto.

**

"Você tem um quarto bem exótico, Wei Ying." Lan Zhan comentou, erguendo os olhos para a coberta de super-heróis sobre a cama e olhando os inúmeros pôsteres de bandas que tinha no local. "Misfits? Kiss? Ali é o Ozzy?"

"Gosto de música." O menor respondeu com um sorriso sincero. Arrumou a escrivaninha onde sempre estudava e foi até o quarto dos pais pegar uma cadeira da escrivaninha deles para Lan Zhan sentar-se. "Aqui."

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