Capítulo 15

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Wei Ying acordou dolorido nas costas e braços, pois havia trabalhado na noite anterior e dormido muito pouco. Ele sentiu um aperto em sua cintura e resmungou algo, tirando o braço forte de cima de si e se sentando na cama.

Ele procurou sua boxer pelo chão e a avistou próxima à porta do banheiro, indo até lá e vestindo a peça, entrando no local em seguida, quase se arrastando de tão cansado e sonolento.

Aliviou-se, dando descarga em seguida e já ia sair de lá quando parou em frente ao espelho e olhou para seu reflexo; seu corpo tatuado escondia alguns hematomas usuais e algumas marcas da noite de sexo que teve, mas as marcas do pescoço e ombros eram visíveis.

Wei Ying parou a vista em seu rosto pintado; a maquiagem macabra estava borrada embaixo dos olhos e do lado esquerdo da bochecha – onde jazia sua enorme cicatriz – deixando-a visível. Algumas olheiras não podiam ser escondidas nem pela pintura, mas ele realmente não se importava. As olheiras, para Wei Ying, eram o que menos importavam perto do resto do seu rosto.

Ele ouviu um bocejo e virou o rosto em direção à porta do banheiro, indo até ela e abrindo-a, avistando o rapaz amorenado com quem dormira esticando-se nu na cama, os músculos do abdômen e braços ficando rígidos, dando-lhe uma visão no mínimo aterradoramente sexy. Claro, se Wei Ying ligasse.

O rapaz avistou Wei Ying e sorriu, desejando-lhe um bom dia.

"Bom dia...?" Wei Ying falou, erguendo as sobrancelhas.

"Pei... Ming." O outro respondeu, um tanto sem jeito.

"Ummm, Okay, Ming, pode vestir suas roupas e ir embora enquanto eu tomo um banho, sim?" Wei Ying disse naturalmente, pegando uma toalha de cima da cômoda.

O outro riu e o encarou, notando sua cara entediada, mas logo ficou sério. "Você está brincando, não é?" Perguntou, com um tanto de preocupação na voz.

Wei Ying o fitou por um momento e caminhou até a sala, demorando um pouco. Depois, voltou ao quarto com uma sacola nas mãos que continha o que parecia uma camisa dentro.

"Não." Respondeu, enquanto jogava o pacote para o rapaz e ia em direção ao banheiro novamente. Antes de entrar, ele virou o rosto para ele e franziu a testa. "Mas não se sinta mal. Você não foi o único que ouviu isso de mim e provavelmente não será o último também." E entrou no local, trancando a porta.

Pei Ming olhou para a porta do banheiro por uns segundos antes de abrir o embrulho e retirar de dentro a camisa, desdobrando-a e percebendo que era dos White Frogs, a banda de Wei Ying.

**

Wei Ying olhava pelo retrovisor as pessoas correndo atrás do carro onde ele se encontrava. No bando traseiro do veículo havia jogadas latas de cerveja e maços de cigarros usados, papéis de inúmeras utilidades vazias e um monte de lixo desnecessário, utilizado por ele e sua banda no dia anterior.

Ele vivia em torno de uma bola de neve, que teimava em não derreter e fazê-lo sentir calor; as maiores emoções eram as de estar vivo, respirando, gritando letras de ódio escondido em sonetos de amor. Cantava. Decidiu com o tempo que se não fosse a música, não estaria vivo. Sequer aguentaria acordar todos os dias e olhar para sua face destruída pela violência – tanto do espancamento como das lembranças – se não fosse pelo seu trabalho como músico. E mesmo que com o dinheiro que tinha, já pudesse ter feito uma plástica, ele se recusava a isso por motivos que apenas ele sabia.

Wei Ying dirigia sem muita vontade, os dedos estavam inchados e as mãos cansadas, assim como o resto de si. Mesmo assim, ele desdenhava de sua rotina, enquanto a fazia fingindo estar bem, fingindo sempre estar acima da dor, acima do amor e acima de tudo.

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