— Estou falando o óbvio. — Parou de frente só espelho pra arrumar o cabelo. — Não tenho nada a te oferecer além de sexo e que eu saiba, transar não enche barriga. Fica com ele, vai ser melhor e mais fácil pra todos nós.

— Fala sério!

— Foram cinco anos, Sophia. — Disse com indiferença. — Não ache que eu deixei de gostar de você, isso não aconteceu, mas eu aprendi a não ligar, sendo assim, eu vou curtir a minha vida.

— Micael!

— Você não pode terminar comigo e ficar com ele, terminar com ele e ficar comigo, quantas vezes quiser e na hora que quiser. Somos dois amigos e eu não vou arranjar briga com o Guto por causa de você.

— Eu estou chocada com o que está me dizendo. O que aconteceu não significou nada pra você? — Apontou pra cama. — Nada?!

— Foi o meu presente de casamento pra você, sua despedida de solteira. — Se aproximou e lhe deu um beijo casto nos lábios. — Eu duvido que ele foda você do jeitinho que você gosta, do jeitinho que eu faço. — Não esperou resposta, pegou o celular e saiu.

.
.
.

— Eu entreguei dez mil currículos hoje. — Micael estava sentado na frente de Arthur. — Sai oito horas de casa, não tomei nem café.

— Oito horas já é tarde pra entregar currículos. — Arthur implicou. — Vai ficar aí pra almoçar?

— Na verdade, eu queria ficar aqui até umas nove da noite, se importa? — Arthur franziu a testa sem entender. — Eu não quero ir pra casa.

— A que horas você vai me explicar o que aconteceu ontem depois que saímos? — Ergueu uma sobrancelha. — Está na cara que rolou algo, você está estranho.

— Ontem não aconteceu nada, mas hoje... — Não terminou, mas Arthur pegou no ar.

— Você ficou com a Sophia? — Deu um grito empolgado. — Ah, fala sério! Foi muito mais rápido do que pensei.

— Foi muito mais rápido do que eu sequer sonhei. — Mordeu o lábio. — E eu tô nem me sentindo culpado, isso é ruim, não é?

— Ele foi lá e pegou a sua namorada, você foi lá e pegou a noiva dele. Olho por olho. — Arthur deu risada. — A lei da vida.

— Isso não é brincadeira, vai acabar com a minha amizade com o Guto pra sempre. — Suspirou. — Não me arrependo, mas não quero as brigas que virão. Não estou pretendendo contar a ele.

— Se você não contar a ele, como vai justificar a Sophia não querer mais casar? — Micael balançou a cabeça com uma careta. — Ela não vai casar, certo?

— Ela vai casar. — Contou chateado. — Eu fui um pouco estúpido com ela, depois que acabou. Eu te falei ontem, não posso permitir que ela perca tudo o que vai ter com ele pra viver na bagunça e incerteza que eu vivo.

— Você transou com ela, foi estúpido, vai deixar a mina casar e tudo isso por causa do seu drama? Micael, casamento é coisa séria, tudo vai ficar muito pior se eles casarem. O noivado pode ser desfeito fácil...

— Eu preciso me concentrar em ajeitar a minha vida, não em entrar em guerra com Augusto por conta da Sophia. Se ele me expulsar de lá, o que eu vou fazer?

— Sua vida, suas decisões. — Abriu a gavetinha que tinha na mesa e tirou de lá um chaveiro. — Almoça e sobe. Fica lá até dar sua hora de ir pra casa.

— Você é um amigão. — Pegou a chave. — Obrigado pela ajuda.

— De nada, talarico. — Implicou. — Vou manter a Laura longe de você. — Deu risada da careta que recebeu. — É engraçado.

— Não é nada!!

.
.
.

Augusto chegou em casa por volta das quatro da tarde, naquele dia. A casa estava vazia e ele achou ótimo, não precisaria fingir nada. Caminhou pra dentro a passos largos, precisava de um bom banho.

Chegou no banheiro e antes de entrar no banho resolveu aparar a barba. Se olhou no espelho e suspirou ao ver como estava grande.

Abriu a gaveta do armário do banheiro afim de pegar o que precisava e perdeu mais tempo do que necessário olhando o conteúdo da gaveta.

O pacote de camisinha estava aberto. Tinha certeza que era novo e que não tinham usado ainda, ou estava ficando louco, ou Sophia tinha...

Pegou o pacote que vinha com oito e as contou, haviam sete. O rasgo violento indicava que estavam com pressa. Augusto deu um soco no armário. Achavam que ele é idiota ao ponto de não perceber ou não se importavam se percebesse.

Guardou o pacote, fechou a gaveta e foi tomar banho. Estava com raiva, mas precisava pensar no que faria. Se enfrentasse os dois, podia dar adeus ao casamento, mas se ficasse quieto e aquilo continuasse a acontecer dentro de sua casa... Rangeu os dentes irritado.

— A vida era mais fácil quando você estava preso, Micael. — Disse alto, sozinho no banho. Não sabia o que fazer.

Aquela NoiteWhere stories live. Discover now