[ α β Ω ] Prólogo: A morte de um rei, é o florescimento de lírios vermelhos

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— C-como? — perguntou confusa, lágrimas acumuladas em sua linha d'água. 


— Nós somos betas. 


Ambas mulheres se encararam em silêncio, as respirações pesadas eram as únicas ouvidas, até a dama de cabelos escuros endurecer a expressão. 


— Por isso digo. Nosso lugar é aqui, não nascemos para governar... somos betas, precisamos de um alfa para ser o nosso rei... príncipe Seokjin quem deveria subir ao trono... não sei como... não sei como nosso rei pode ter tido um filho beta... não faz sentido... o ventre da rainha só pode ter sido amaldiçoado como dizem...


— C-chae... talvez só seja o d-destino, quem sabe n-na... 


— Agora quem está sendo tola? Não há esperanças para nós, sempre seremos isso e nada mais, simples betas. A escória do nosso mundo. Não temos sangue azul, não temos ouro, nem seda, temos pouco para comer e beber, nascemos para trabalhar e servir aos nobres. Só temos uns aos outros, e com esse beta despreparado no comando, talvez em breve... não tenhamos nem onde viver com nossas famílias... só Deus sabe o que ele fará com o reino — engoliu em seco, liberando lágrimas dos olhos marejados, a outra lentamente concordou com suas palavras, chorando também. 


A mulher ruiva puxou a amiga para um abraço, agachadas atrás de uma banca da feira com verduras, ambas choraram conformadas com seu destino sofrido e temendo o desconhecido. 


[ α β Ω ]



Castelo dos Jeon. — Reino de Nácar.



Nácar está em luto. A morte do rei Jeon Sung-won pegou a todos de surpresa, e apesar de ser inevitável, não diminuiu o desespero de seus súditos. Um novo rei deveria receber a coroa, esta que por direito, está destinada a Jeon Jeongguk. O único beta da família real, o primogênito, o lobo que o reino não via há anos, um rei que ninguém desejava sentado ao trono, um rei que muitos temiam. 


Todo um futuro deixado nas mãos de um homem conhecido apenas por sua classe inferior e suas conquistas tenebrosas e quase inacreditáveis. 


Hoseok suspirou, visivelmente cansado, o príncipe mais novo estava encarregado do funeral do pai. Seokjin, seu irmão do meio, estava sentado no antigo trono do rei, o príncipe não se importava em ter o homem em meio ao salão, em um caixão e já sem vida, sentou-se espaçosamente no trono, ainda com as marcas de lágrimas secas nas bochechas. 


— Eu deveria ser o rei, sabes disso, não sabes, irmão? — perguntou, tombando a cabeça um pouco para o lado, a coroa pesada do rei enfeitando seus fios escuros.  


Hoseok o olhou e negou lentamente. 


— Jeongguk é o nosso irmão mais velho, ele é o primeiro filho, ele será o rei, apenas conforme-se, Jin. 


O sorriso bonito nos lábios de Seokjin aos poucos tremeu, desaparecendo e dando lugar a uma expressão dura, as sobrancelhas quase unidas de tanta raiva. 

Garras, presas e ossos Where stories live. Discover now