Capítulo 5

7.4K 516 66
                                    

Assim que aceitou, Camila insistiu em se mudar naquele mesmo momento, pois não suportaria encarar seus pais, os mesmos que a trocaram como mercadoria.

Pediu licença para arrumar sua mala e saiu correndo o mais rápido possível da sala. Trancou-se no quarto jogando suas peças na mochila sem se importar em dobrar para que não amassem.

Enquanto descia as escadas e ia em direção do carro, as lágrimas caiam, banhando o rosto angelical que a jovem tinha. Não olhou para trás um minuto sequer, enquanto sua mãe se esforçava para controlar o choro. Para Camila a história do casamento tinha sido a gota da água.

O carro adentrou a mansão enorme dos Jauregui. Não sabia onde estava se metendo, mas tinha noção de que a família era conhecida por ser uma das mais ricas e perigosas do lugar.
Desceu do carro assim que o mesmo parou. Quando colocou os pés na varanda, uma jovem amigável veio ao seu encontro.

- Sou Ally, vou te ajudar. - Camila sorriu ignorando o nó imenso que tinha na garganta. - Aqui. - a loira que servia a família a conduziu para seu quarto. - Caso precise de algo, é só me chamar. - ditou dando um sorriso cúmplice.

- Obrigada. - a morena agradeceu.

Assim que a porta fechou a menor correu em direção da cama e jogou o corpo sobre a mesma. As lágrimas que estavam caindo de forma lenta no carro e em casa, agora eram torrentes. Os espasmos tremiam o corpo todo, e os soluços vinham da alma. A dor que ela estava sentindo era indescritível.

Não sabe quanto tempo permaneceu chorando até adormecer, só que quando despertou, o dia não se fazia mais presente. As estrelas brilhavam no céu e a lua era a única iluminação que o quarto ostentava. Camila resmungou quando mexeu-se sobre a cama. A posição não tinha lhe favorecido de jeito nenhum. Sentou no meio da cama sentindo o pescoço doendo, os lábios secos assim com a garganta e os olhos meio fechados, que deveriam estar inchados.

Ainda resmungando pela as dores no corpo, andou em direção da segunda porta que tinha no local, entrando num banheiro. A morena tirou as roupas e entrou no boxer sentindo o jato da água forte e quente batendo em seu corpo. Rara eram as vezes que ela tinha banho quente em sua casa. Riu pensando que pelo menos algo bom aconteceu.

Depois do banho secou-se e trocou de roupa. Estava com fome, tinha passado quase o dia todo sem comer, e pelo o visto ninguém tinha notado. Desceu as escadas devagar para não chamar atenção, afinal não era sua casa.

Vozes vieram do cômodo ao lado, da qual a jovem adentrou. Quando percebeu que era a sala de jantar, tentou dar meia volta, mas não foi rápida o suficiente para que não a vissem.

- Menina. - Mike a chamou. - Eu me lembrei que não sei o seu nome, ouvi sua mãe lhe chamando de algo, mas não me lembro ao certo.

- Camila. - falou com a voz um pouco rouca. Passar o dia calada não era uma boa combinação para a qualidade da voz.

- Então Camila, Ally disse que você não se alimentou o dia todo, acho melhor sentar e comer. - ditou apontando para a cadeira.

Obedeceu e quando finalmente subiu o olhar, viu Lauren a encarando com uma expressão séria e um leve sorriso estranho ao mesmo tempo.

- Quando vocês pretendem casar? - Camila escutou a voz feminina e olhou para ver de quem tratava-se. Só assim viu que tinha mais duas pessoas ali. Um homem bem semelhante a Lauren e uma mulher muito bonita que a olhava com desdém, e o tom de voz fazia parecer que tinha ciúmes.

- Acho que o mais rápido possível. - quem respondeu foi Mike. - Eu não quero correr o risco do pai dela vir aqui me irritar, então o quanto antes melhor.

- Eu não entendi o porquê disso. - a mulher pronunciou.

- Você não tem que entender, Keana. - Lauren gritou. - Foi a minha escolha, é a minha vida!

Após o patriarca ordenar que se calassem, Ally trouxe a comida da latina que só percebeu como estava com fome quando começou a devorar tudo.

Quando terminou pediu licença e saiu da mesa. Tinha aula no dia seguinte e ainda não sabia como viveria com aquela nova situação, mas ela era forte, arrumaria um jeito. Quando tocou a maçaneta, uma mão pálida pousou sobre as suas.

- Oi. - Lauren sorriu. Camila puxou a mão do toque da outra com expressão de desprezo no rosto. - Foi por isso que escolhi me casar com você.

- Escolheu? - perguntou abismada. - Eu pensei que fosse parte do pagamento da dívida do meu pai.

- E foi. Meu pai queria uma ideia para o seu pai pagá-lo e quando vi que você era filha do crápula que ele queria matar, decidi me casar com você. - passou o dedo pelo o queixo da latina que se afastou do toque. A maior sorriu, passando a ponta da língua nos lábios e balançando a cabeça em sinal de desaprovação. - Eu vou te tocar quando nos casarmos.

- Não casamos ainda. - Camila falou cheia de força. - Então não me toque até lá se não...

- Se não o que? - terminou com o espaço que faltava. As costas da menor bateram na parede, fazendo-a ficar sem ar. A morena parecia ocupar e sugar todo o oxigênio que tinha no espaço. - Você irá fazer o que? Chamar o seu pai? - riu. - Pelo o que sei ele lhe deu, você não tem mais a quem pedir ajuda.

- Tenho minha namorada. - Camila inclinou o rosto olhando melhor em seu rosto para enfrentar-la. Não tinha reparado quão belo seus olhos eram e nem que cheirava tão bem.

- Namorada que irá sumir em dias. - respondeu irritada.

- Escuta aqui. - bateu no peito da maior com o dedo. - Se você encostar em Hailee, eu juro que vou...

- Vai me matar? Pare de tentar me intimidar com ameaças falsas. - Lauren riu novamente, tirando o dedo da outra. - Amanhã eu te levarei a escola.

- Nem pensar. - manifestou-se. - Desde que me entendo por gente eu vou sozinha, não preciso de você agora e eu não quero que me leve.

- Acontece que sou eu quem tenho que querer algo e não você. Por isso se eu digo que vou te levar para a escola, é porque irei. - falou secamente.

- Você não manda em mim! - Camila vociferou enquanto a outra andou mais para perto dela. Ela permaneceu no mesmo lugar, mesmo que estivesse morrendo de medo.

- Como é que é? - o rosto de Lauren ficou vermelho de raiva. Achava a latina muito petulante.

- Eu disse que você não manda em mim. Escutou e entendeu ou está difícil? Sei que gente como você geralmente exercita o corpo e esquece da mente. - apontou para cabeça. - E entender questões fáceis como do tipo: Você não manda em mim, fica meio difícil.

❁ ❁ ❁

camila ousada (adoro)

no próximo capítulo vai ter uma surpresa pra vcs, então se gostaram desse não se esqueçam de votar, comentar e divulgar a fic. bjs e obg pela leitura

Through desire (Em correção ortográfica)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora