Capítulo 3

17 10 6
                                    


Já passavam das seis da manhã quando Boris saiu do seu banho gelado. Ele havia acordado às cinco, mas ficou vegetando na cama por mais meia hora antes de se alongar no chão do quarto.

Boris saiu do banheiro e viu a mãe deixando o próprio quarto, a cara recém lavada e os olhos cansados. Seus cabelos loiros estavam úmidos e respingaram nos seus ombros, cobertos pelo moletom.

– Bom dia, mãe – disse em russo.

– Bom dia, bebê.

Boris fechou a porta do banheiro e foi para o quarto, onde terminou de se secar. Ele precisava ser rápido, ou perderia o ônibus para o estúdio. Vestiu o suporte que se posicionava entre as nádegas e contornava a cintura. Depois colocou a faixa de compressão, ajustando desde a área do tornozelo até o pé, deixando apenas o calcanhar de fora. Ele então terminou de se vestir, colocando a blusa, leggings, short e pegou a grande bolsa ao lado da cama antes de sair do quarto.

Boris foi até a a cozinha, onde a sua mãe terminava de ferver os Pelmenis e os colocava no segundo andar de sua marmita. Ele abriu a geladeira e de lá, tirou duas bananas, quatro morangos e uma garrafa de leite.

O loiro misturou os ingredientes no liquidificador, junto de seu suplemento e depois foi bebendo aos poucos enquanto conversava com o Mirka pelo celular.

Ao terminar de beber sua proteína, Boris colocou a bolsa no ombro direito e pegou a lancheira onde continha a marmita, suco e água.

– Adeus, mãe – disse em russo, enquanto saía pela porta traseira.

Ele caminhou até o ponto de ônibus, onde esperou sentado ao lado de uma idosa que fumava cigarro, dando baforadas profundas.

Quando o ônibus chegou, Boris deu prioridade para a senhora, deixando que ela ficasse com o último assento vago. Ele seguiu em pé durante todo o percurso e desceu no ponto próximo ao estúdio, fazendo o resto do percurso a pé.

Entrando no prédio do Estúdio SC, Boris passou pela recepção e acenou para Marina antes de ir até o elevador.

O prédio do Estúdio SC tem cinco andares. O primeiro com a recepção e o teatro principal, o segundo com os escritórios e os três restantes são para o uso dos alunos e professores.

Boris apertou o botão do quinto andar e esperou. Faltavam três minutos para as oito e ele temia que Ren Hui já tivesse chegado.

O elevador parou no terceiro andar, onde dois rapazes entraram. Um deles era baixinho e, assim como Boris, vestia um short moletom por cima de leggings, a diferença era que o dele ia até o início das coxas, enquanto o do rapaz terminava nos joelhos.

– Bom dia, sênior – disseram.

– Oi – disse Boris em inglês, acenando.

Sempre que um novo bailarino entrava no estúdio, era conhecido como júnior e ficava, majoritariamente, no segundo andar. Os sêniores ficavam no quarto, e alguns deles poderiam ir até ao quinto para ter aulas diretas com a Ren Hei, uma bailarina de nível nacional que aceita apenas um número seleto de bailarinos talentosos como discípulos.

– Desculpa – começou o baixinho –, será que o sênior poderia nos mostrar o quinto andar?

– Perdão, mas não posso – O sorriso leve de Boris apareceu em seu rosto.

A opinião de Boris sobre a divisão de andares não importava. O quinto andar era proibido, pois Ren Hui não gostava de pessoas. Principalmente Juniors amadores que gritavam sempre que vissem uma bailarina de nível nacional como ela.

Sour CandyKde žijí příběhy. Začni objevovat