Capítulo 21

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Juan chegou na casa de Adan com três caixas de pizza debaixo dos braços. Foi Amara quem abriu a porta, seu rosto estava amarrotado e ela usava uma touca de cetim na cabeça.

– O Adan não está – disse ela, escorada na porta.

– Bom dia, Amara – disse Juan.

– São quatro da tarde – respondeu ela, cansada.

– É um modo de dizer.

Amara suspirou e se afastou da porta.

– Tem comida na cozinha – disse, subindo as escadas.

– Espera – Juan pousou as caixas de pizza na mesa –, e o Boris?

– Está dormindo no quarto de Adan – disse ao se virar de costas, desaparecendo no quinto andar.

Mirka fechou a porta atrás de si e caminhou até Juan.

– Onde é que ele está?

– Dormindo. O Adan ainda não chegou, então acho melhor esperarmos aqui.

Já passavam das cinco e meia quando Adan chegou em casa. Ele parecia estar pronto para cair na cama a qualquer momento. Mirka e Juan se levantaram do sofá e o olharam com expectativa, que respondeu com um aceno desanimado e mergulhou pela porta da cozinha.

Os dois seguiram o crespo e o encontraram perto do fogão, enquanto servia-se com um prato na mão.

Ao se sentar, ele começou a comer ao mesmo tempo em que era observado pelos outros dois apoiados do outro lado da bancada.

– O que foi?

– Como é que ele está? – perguntou Mirka.

– Ainda não acordou? – questionou Adan cobrindo a boca com a mão.

Os outros dois apenas negaram com a cabeça, então o negro largou o garfo e subiu até ao seu quarto, sendo seguido apenas por dois pares de pés inquietos.

Boris estava deitado na cama olhando para a tela apagada do celular. Adan se sentou do lado dele e passou a mão em seu cabelo, tentando confortá-lo.

– Bom dia – disse a voz rouca de Boris.

– Boa noite. – Ele passou a fazer carícias na bochecha úmida. – Eu posso carregar para você. – Boris negou e apenas guardou o celular debaixo das colchas. – Ainda está frio?

– Está tudo bem, mas você parece acabado. Deita aqui.

Adan sorriu pela frase evasiva e deixou o rosto dele. Talvez ainda fosse muito cedo para conversar.

– Você tem visitas – disse Adan um pouco antes de Mirka se jogar na cama.

– Você vai me quebrar! – disse Boris.

– Juan e eu vamos comer – disse Adan se levantando.

– O Juan também veio? – perguntou Boris se erguendo, mas Adan já havia desaparecido, deixando os dois loiros a sós.

Mirka se sentou e encarou os olhos acinzentados do amigo, que eram da mesma cor que os seus. Ambos se conectaram no momento em que se encontraram. O peso de serem amigos e estarem quase sempre confinados no mesmo espaço, deu a Mirka a capacidade de olhar através do amigo no momento em que as suas pupilas se encaravam, e não era diferente naquele momento.

– Como você está? – questionou.

– Com raiva – disse Boris, escondendo o celular embaixo do travesseiro. – Eles já pareciam não suportar morar comigo a algum tempo, mas ontem foi pior.

Mirka segurou sua mão e esperou por ele enquanto suspirava.

– Ontem eu... Foi como se ele fosse me atacar a qualquer momento. Nunca estive com tanto medo em toda a minha vida. Eu sabia que quando eles descobrissem seria difícil, mas assim... agora, sabe? Nem tive a chance de contar.

– Se você quiser entrar para a nossa fraternidade, eu posso falar com o Elijah. Podemos ser colegas de quarto.

– Eu jamais suportaria você vinte e quatro horas por dia – disse rindo. – Adan disse que posso ficar aqui, mas ele está com problemas com o pai do irmão e o dinheiro também está apertado, então não sei o que fazer com a minha vida por enquanto.

– Você pode falar com...

– Chega, não quero pensar nisso agora. Primeiro tenho que pensar em como vou arranjar dinheiro para pagar a minha mensalidade, o resto pode esperar.

– Quando você disse que o seu pai tinha descoberto, não achei que algum dia chegaria a esse ponto – disse antes de levar a unha aos dentes.

– Quem imaginaria, não é? – A voz amarga de Boris azedou o sabor das unhas.

Juan comia a sua pizza de muçarela enquanto estava deitado no sofá, abraçado a Adan. O crespo estava cansado e apenas escolheu que ficassem abraçados enquanto os dois loiros conversavam no andar de cima.

– Ele está muito mal? – perguntou Juan.

– Quando chegou ontem, estava coberto de neve e tremendo – disse, se afundando ainda mais em seu peito. – Fiquei a madrugada toda tentando fazer com que a febre baixasse e ainda o fiz tomar uma canja bem quente. Ele não queria falar, então achei que seria melhor ele conversar primeiro com Mirka.

Juan entendeu tudo o que o mais baixo disse, mesmo abafado por peças de roupa e bocejos ocasionais. Juan pousou a fatia de pizza e abraçou melhor o crespo, protegendo o seu corpo do clima frio.




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