Capítulo 14

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Os três entraram na casa e Adan os guiou até ao seu quarto no andar de cima. Agora com mais calma, Juan pôde observar melhor o quarto em que estava. A suíte principal da casa era infinitamente maior que o pequeno quarto que Juan tinha na sua. A cama estava arrumada, com exceção do edredom marrom. O lugar em si parecia organizado até que ele olhou para a mesa no canto do quarto. Haviam papéis preenchidos a lápis espalhados por toda a superfície da mesa e entre livros de cálculo.

Adan pousou a prancheta junto às outras coisas e sentou na cadeira ao mesmo tempo em que trocava mensagens com Loren, para que ela mandasse as medidas originais da peça. Enquanto esperava pela resposta, ele abriu a conversa da turma e verificou a lista de exercícios que tinha por fazer.

– Vocês podem descer e procurar por um filme. Eu só vou fazer a minha parte da lista de exercícios do trabalho de cálculo, um rabisco rápido de Desenho Técnico e passar para o computador – disse Adan.

– Você ainda tem matemática? – perguntou Boris.

– Não. Eu tenho Cálculo Diferencial e Integral, Álgebra Linear e Geometria Analítica.

– Eu não duraria uma semana estudando essa merda toda – disse Juan.

Boris e Juan desceram com o edredom marrom e sentaram no sofá para assistir um filme. Para o loiro, era muito bom estar abraçado com o mais alto por baixo das cobertas enquanto assistiam uma comédia romântica leve, mas ele passou a achar estranho a demora de Adan para aproveitar o momento com eles.

No andar de cima, Adan bebia um pouco de seu café, enquanto sua mão tremia segurando o lápis por cima da folha A3.

– Você tem a certeza que as medidas estão erradas? – perguntou Loren do outro lado da linha. – Talvez só tenhas calculado mal a escala da peça.

– Sim, eu tenho a certeza! – disse, pousando o copo na mesa.

– Calma, já estou procurando no caderno.

– Desculpa. Tenho muita coisa na cabeça e também estou muito cansado, tive que fazer horas extras para poder ter o fim de semana livre. Se isso não fosse para segunda, eu iria me jogar na cama agora – disse o negro.

– Olha, você tem razão – disse Loren, soltando um suspiro mecânico através do altifalante. – A equação da esquerda está errada na mensagem, o dois não era para multiplicar, esta é para potenciar. Temos que refazer as três peças.

Adan já havia pousado o celular na mesa e apertava as mãos trêmulas contra o rosto enquanto a sua respiração acelerava. Ele puxou o ar devagar, sentindo os seus pulmões se expandirem e diminuírem a velocidade das batidas no seu peito.

– Loren, eu vou parar um pouco. Me liga daqui a cinco minutos e a gente refaz tudo. – disse ele.

– Tudo bem – Adan ouviu antes de desligar e voltar a jogar o celular na mesa.

Quando ele estava prestes a levantar, outra chamada chega, fazendo-o suspirar frustrado ao ler "mãe" na tela escura.

– Alô, mãe – disse, levando o celular a orelha, enquanto bebia o restante do café.

– Boa tarde, filho.

– Aqui já é de noite – respondeu.

– Desculpa, eu esqueci. Te acordei?

– Eu estava quase indo dormir, na verdade.

– Eu só liguei porque estava com saudade. Você não fala mais comigo e o Jonathan disse que agora você está quase sempre falando com outras pessoas. Arranjas-te uma namorada e esqueces-te que tens uma mãe? – brincou, tentando amenizar a rispidez de Adan.

Sour CandyWhere stories live. Discover now