Capitulo 33

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Anahí não pensara naquele filho. Ela não o planejara, nem o tentara. Nunca soubera da existência dele, mas agora, sabendo que ele estivera ali, dentro dela, e que lhe fora tomado, a dor do vazio era tudo o que ela conseguia sentir. A sufocava. Sentia como se tivesse falhado com o bebê, consigo mesma, com o mundo...


Madison: Nós estávamos tentando proteger você. – Disse, na defensiva.


Anahí: Vocês mentiram pra mim. Todos vocês. – Constatou, estagnada no lugar.


Kristen: O que você não viu não te machucou. Eu invejei sua ignorância, Anahí, eu a quis pra mim. – Disse, olhando na direção que a voz de Anahí vinha.


Anahí: Existem dores que não podem ser evitadas, pelo amor de Deus! – Disse, saindo da porta, sem saber direito pra onde estava indo – Eu estava de luto pelo seu filho sem nem ter pranteado o meu! 


Kristen: Nós estávamos tentando te proteger de mais um trauma. – Disse, sabendo que era em vão.


Anahí: De quem foi a idéia? – Perguntou, sentindo o choro subindo pelo peito, forte e poderoso como a dor, acumulado ali.


Madison: Minha. – Mentiu, e Anahí a olhou, franzindo o cenho.


Anahí: Você estava ao lado de Christopher paralisada pelo medo de que ele morresse e o sentimento de culpa porque nós estávamos naquele carro indo no aeroporto buscar você, porque você não nos ouviu, porque você continuou com aquele jogo estúpido, porque você fugiu pra Londres com Joseph. – Atacou, cruel. – Não teria tempo pra pensar em mim. Foi ele, não foi?


Kristen: Anahí, tente olhar pelo outro lado. – Tentou, suspirando – Alfonso tem carregado toda a dor sozinho pra proteger você. Isso está matando ele, você mesma viu. – Anahí soluçou em seco, levando a mão a testa.


Anahí: Eu entendo a vontade de querer me proteger. Eu já estava quebrada o suficiente. Mas eu era mãe daquela criança, Kristen. Era obrigação minha passar pela dor, passar pelo luto, você mais que ninguém sabe disso! – Acusou.


Madison: Você quer passar pela dor, Anahí? Pelo luto? Então tudo bem. – Disse, dando de ombros, dura – Você estava grávida de aproximadamente dois meses, quase três. A pancada do acidente causou o aborto. Robert fez a remoção do feto morto de dentro de você. Não dava pra ter certeza ainda, mas ele teve a impressão de que seria um menino. – Anahí ofegou, recuando, levando as mãos aos olhos. – Morto antes de nascer, pequeno o suficiente pra ser carregado em uma mão. Era isso que você queria?


Kristen: Madison, não... – Pediu, suspirando. Ela estava passando pela mesma dor, e sabia que aquilo não era algo pra se ouvir. 


Anahí: Vá pro inferno. Todos vocês, vão todos pro inferno. – Murmurou, cega de dor. 


Madison: De nada. – Disse, irônica. 


Anahí: Não levante a voz pra mim como se eu estivesse fazendo birra, porque você sabe que dessa vez eu estou certa. – Rosnou, sem saber bem se havia raiva no meio do que sentia. A dor oprimia todo o resto. 

Antes Que Termine o Dia (Efeito Borboleta - Livro 3)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora