Capitulo 13

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Alfonso demorou pra voltar pra casa aquele dia. Ficou no bar, bebendo. O álcool não o tirava do ar, mas nublava a mente dele. Por fim, já era noite quando o motorista o levou de volta pra torre negra. O entrar em casa, o vazio o recepcionou – O vazio e Sorte, que veio correndo, fazendo festa pra ele.


Mesma cama, mas parece um pouco maior agora.

Nossa musica no radio, mas não parece a mesma.


Anahí apanhou os filhos e levou pra casa, por sua vez. Ela sentia uma espécie de alivio ao saber que não existia mais a ameaça de, a qualquer momento, Alfonso tomá-los dela, mas ainda assim ficou uma sensação estranha daquilo. Ela ajudou as crianças com os deveres, os deu banho e colocou na sala, assistindo Bob Esponja. Ela subiu pro quarto, se sentindo esgotada, e procurou no armário até encontrar a certidão de divórcio. Colocou as duas: A certidão de guarda compartilhada e a de divorcio nos pés da cama, olhando-as. Ergueu o rosto, olhando o painel em cima da cama. Já havia adicionado Blair ali. Naquele painel, naquelas fotos, eles eram uma família feliz, unida. Parecia impossível que agora tudo se resumisse naqueles papeis.


Quando nossos amigos falam de você, tudo o que isso faz é me arruinar,

Porque meu coração se parte um pouco quando eu ouço seu nome.

E tudo soa como oh...

Oh, jovem demais, tolo demais pra perceber...


Alfonso: GAIL! – Chamou, atravessando a sala. Sorte pulava, arranhando a calça dele com as patinhas, mas o cachorro era só outra lembrança do que perdera. Gail apareceu em seguida, sobressaltada.


Gail: Senhor? – Perguntou, confusa. Alfonso parecia brigar... Com o piano.


Alfonso: Preciso que me ajude... Ajude a tirar isso daqui. – Disse, a voz embolada pela bebida.


Gail: Tirar daí? – Repetiu, confusa.


Alfonso: Era ela que tocava... Eu olho esse piano e vejo ela, é como se ela fosse entrar a qualquer momento... – Disse, os olhos desfocados olhando o instrumento, então voltou a puxar – Precisa sair daqui. – Rosnou, puxando-o.

Gail: Alfonso, você vai se machucar. – Repreendeu, se aproximando, e ele riu.


Alfonso: Ainda existe um modo em que eu não tenha me machucado? – Perguntou, falsamente intrigado.


Que você deveria ter me dado flores, e segurado minha mão.

Deveria ter te dado todas as minhas horas quando tive a chance.

Me levado a todas as festas, porque tudo o que eu queria era dançar!

Agora minha garota está dançando... Mas está dançando com outro homem.


Ela ficou olhando das fotos pros papeis, dos papeis pras fotos... Tudo o que haviam vivido, todos os momentos que geraram aquelas fotos, tudo aquilo havia se convertido em um bolo de papeis eu um pouco de tinta. Isso a machucou. Machucou tanto que ela caiu no choro. Se abraçou, tentando se conter: Seus filhos estavam no andar debaixo, não podiam ouvir, não podiam saber... Mas a dor era forte demais. Caiu de joelhos nos pés da cama, chorando abertamente, se abraçando como se estivesse tentando manter os próprios pedaços juntos.

Antes Que Termine o Dia (Efeito Borboleta - Livro 3)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora