OND 7

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Alice narrando..

Eu congelei com o copo parado no ar.
Eu sabia que ele não estava ali antes, poucos minutos atrás eu dei uma geral, até vi o Novato andando por aí!

Não era possível!
Lembrei bem quando o Truta falou que o Ramon não curtia os eventos!
O que ele estava fazendo aqui?

Ele não para de me olhar e eu volto a fazer o que estava fazendo.
O que eu estava fazendo mesmo?
Coloco uma parte do cabelo atrás da orelha e olho muito disfarçadamente, sem levantar a cabeça.
Ele continua lá, me engolindo viva com seu olhar cortante!

Olho pro Pablo e ele sorri, ameaça vir ao meu encontro e eu mentalizo um 

"Não, por favor não vem" 

 Olho de volta pro Ramon e vejo o Truta falando algo no ouvido dele.

Mano, ele não tira os olhos de mim!
Eu não consigo sair daqui, e agradeço pelo Pablo não ter vindo.
Não consigo esquecer a ameaça que ele fez e fico puta pelo fato de como ele consegue entrar na minha mente dessa forma!

Era uma guerra silenciosa, era uma forma de exercer poder sem precisar ter nenhuma atitude!

Ele deu um soco na cara do Pablo no baile de despedida do meu irmão...e olha que naquela época, o cara mal tinha se aproximado de mim , pelo menos não como estamos hoje.

"Estamos hoje"

Eu realizo que não dei sequer um beijo no Pablo...nem sequer um beijo!
Que porra era essa?

O cara me deu uma dispensada, tem mulher - que, aliás, vive rodeando minha família, como ele próprio fez !

Esse cara era uma infecção!

Engoli o que tinha no copo.
Ele lá, muito foda, enxergando a minha aflição, sabendo que causou justamente o que queria.
Coloco o copo na mesa e me aproximo do Pablo e peço pra ele me esperar, digo que vou ao banheiro.

Ele diz que vai me acompanhar e eu digo pra apenas me esperar, curtindo o show.
Não aguardo ele questionar.

Apenas sigo em direção ao Ramon, passo por ele e falo pra ele me seguir.
Vou na direção dos banheiros químicos que estavam ali perto do palco e sigo pro canto final, onde não serei vista.

Ele me seguia e apareceu em seguida.

_ Eu quero que você pare agora! - Estou de pé , braços cruzados. O som está parcialmente alto, eu grito.

Ele está calado, me olha como se eu fosse uma vitrine.

_Está me entendendo , Ramon? Para de me seguir! Para de mandar sua tropinha de boneco me vigiar! Para de se meter na minha vida, merda!

Enquanto ainda estou falando, ele calmamente pega um cigarro, acende segurando a chama com as mãos por causa do vento aqui no alto, e o fogo ilumina apenas o olhar dele, enquanto me ouvia; um olhar de morte, de leão na savana.
Ele não era normal!
Fecha o isqueiro de metal brilhante e joga a fumaça, sem tirar os olhos dos meus em nenhum momento, calado, na sua guerra fria.

_Eu não quero mais que...

O telefone dele toca na hora, me cortando, e ele puxa.
No visor "Greyce" escrito.

Greyce?

Outra?

Eu estava de braços cruzados e solto um riso curto de deboche , passo por ele esbarrando em seu ombro.

Quero sair dali.

Ele não deixa, segura meu braço com força, e eu tento me desprender.

_Eu preciso atender! - Ele fala, sério e eu novamente puxo meu braço.
_Me deixa ir, eu não quero saber! Me deixa ir!

O NOVO DONOOnde as histórias ganham vida. Descobre agora