Capítulo 02

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Pov Justin

2 meses atrás...

Fazia um certo tempo em que eu não me sentia assim, tranquilo. Ainda era estranho pra mim, não ter que me preocupar diariamente com o que eu ia comer e onde iria passar a noite dessa vez.
Desde que o Papa me acolheu, eu tenho um lugar pra chamar de lar e pessoas que considero como família. Devo minha vida a eles. Mais principalmente ao Papa, por ter me aceitado e me acolhido no seu grupo.

Papa era como o chamávamos, mais com certeza aquele não era o nome de nascimento dele. Ele era o líder, o homem em que todos tinham respeito e até um certo medo, posso dizer. Ele tinha idade pra ser meu avô, mais eu o tinha como pai e ele me tinha como filho.
Quando nos conhecemos tanto eu, quanto ele e o grupo estavam em uma situação complicada. Eles estavam a dias vagando pela estrada, a procura de um lugar ideal pra se estabelecer e foi assim que eles me encontraram.

Quase dois meses depois deles terem me acolhido, o Papa tinha finalmente encontrado o lugar que ele achava ser ideal para morarmos. Ele disse a todos nós que Deus tinha mostrado aquele lugar para ele em um sonho, que aquele lugar nos pertencia e que ali nós iríamos prosperar.
E realmente, o local tinha todos os atributos necessários para viver bem. Era localizado em uma área perto de um pequeno riacho, haviam também muitas árvores, um terreno fértil e com certeza alguns animais residiam por ali.
O local em si era totalmente murado, muros altos e resistentes. No centro havia um pequeno prédio, de dois andares, que seria o suficiente para todo o grupo se instalar.

Mais tinha um problema, o lugar já era habitado por um grupo de pessoas.

- Atacaremos ao anoitecer ~Papa
- Papa você tem certeza? Aquelas pessoas não me parecem ruins ~ disse Leah

Leah era a mais velha do grupo, depois do Papa. Ela era a mão direita dele, ele a escutava muito e confiava de olhos fechados nela.
Mas parecia que naquele determinado assunto ele não a queria dar ouvidos...

- Eles não são dignos Leah, nós somos ~ele disse
- Nós poderiamos conversar com eles, entrar em um acordo. Eles poderiam nos aceitar...
- Já está decidido Leah ~disse ele rispidamente
- Eles têm crianças lá ~ela tentou uma última vez

E ele nada disse

As próximas horas se seguiram, o céu se escureceu e agimos, tudo aconteceu da forma que o Papa queria.
O nosso grupo era bem menor do que o deles, mais, nos tínhamos talentos especiais que poderiam fazer estragos enormes.

Estavamos em desvantagem numérica, mais na verdade parecia que estávamos em maioria. Éramos em 15, nos dividimos em 3 grupos de cinco e nos espalhamos nos pontos cegos do lado de fora dos muros. Alguns minutos depois, já estávamos dentro.
Os vigias em cima dos muros foram os primeiros a serem mortos pra evitar um alarde. Seguimos em direção ao prédio central, onde acreditavamos que estavam o restante das pessoas.
Eu e o meu grupo permanecemos do lado de fora do prédio, em frente a entrada principal, em uma área aberta. O segundo grupo estava nas saídas que haviam na parte de trás do prédio. Já o terceiro grupo tinha entrado no prédio. O cerco estava feito, ninguém sairia vivo de lá.

Até que um alarme de dentro do prédio tocou...

Pessoas armadas começaram a sair de todos os lados e foi nesse momento que a verdadeira luta começou.
Assim que essas pessoas entraram no meu campo de visão, eu e mais outro do meu grupo, arremessamos granadas de fumaça no chão, que explodiram no mesmo instante. Elas serviram pra dificultar e confundir a visão dos nossos inimigos e assim podiamos fazer o que fazíamos de melhor, mata-los.
A grande maioria eram homens, eles lutavam bravamente mais não eram pario para nós. Um a um, eles foram caindo ao chão.
Eu já havia perdido as contas de quantos homens eu tinha tirado a vida naquela noite.

Era a minha primeira missão com o grupo, e eu tinha que mostrar serviço, ser útil, ser confiável. Mesmo sabendo que aquela não era a melhor atitude. Que tirar a vida daquelas pessoas não era o certo. Mais mesmo assim, eu o fiz. Pra sobreviver. 

Depois de alguns minutos às pessoas pararam de sair. O barulho de armas batendo, pessoas gritando, todo o caos instalado se tornou um total silêncio.
O nosso terceiro grupo que havia entrado no prédio, saiu, todos estavam vivos.
O segundo grupo que estava no pátio de trás do prédio, se juntou a nós também. Um deles havia sido ferido gravemente, o restante estava bem.

- Lucas, o que aconteceu? ~perguntou Leah
- Ele tomou uma facada na barriga ~respondeu um deles
- Precisamos estancar isso agora ~disse ela
- Leah, precisamos checar o prédio. Ver se realmente todos foram eliminados ou se estão escondidos em algum lugar. ~eu disse
- Faça isso ~disse ela - Leve o Adam com você. Se vir qualquer coisa estranha, avise no rádio. ~ela finalizou
- Pode deixar

No mesmo instante eu parti em direção a entrada do edifício a minha frente.
Eu e o Adam fomos juntos até um certo ponto, depois nos separamos, pra cobrir mais terreno e a vistoria ser mais rápida.

O prédio estava em absoluto silêncio e escuridão. Corpos espalhados pelos corredores, algumas paredes estavam manchadas de sangue, os dormitórios completamente bagunçados. Continuei seguindo meu caminho, olhando de quarto em quarto, de sala em sala, até que eu ouvi um barulho, que parecia vir da parte de fora do prédio.
Abri uma porta ao final do corredor e ela dava acesso exatamente pra parte exterior do edifício, continuei andando em passos curtos e silenciosos.
Mais a minha frente, tinha uma caminhonete azul estacionada ali, o lugar parecia ser uma garagem, algumas ferramentas estavam espalhadas pelo balcão.
Ouvi um barulho mais uma vez, só que dessa vez era diferente, o som parecia uma porta de ferro abrindo e eu estava perto.
Continuei andando e finalmente vi um grupo de pessoas mais adiante, eram três homens, três mulheres e uma criança.
Me agachei atrás de um latão e abertei o botão do rádio
- Falcão 1, aqui é o Falcão 3 na escuta? ~eu ia continuar, mais parece que algo dentro de mim não deixou...
- Vamos filho, rápido ~uma mulher disse
- Eu tô com medo mãe ~o menino falava enquanto segurava nas mãos da mulher
- Vai ficar tudo bem ~ela se abaixou e deu um beijo no topo da cabeça do garoto
- Falcão 3, aqui é o Falcão 1 na escuta?
~eu permaneci em silêncio
- Justin? na escuta?

Eu não sei o que deu eu mim, eu paralisei. E deixei aquela mãe com o seu filho, e mais cinco pessoas escaparem por uma portinha falsa que existia no meio do muro.

- Justin???
- Eu achei que era alguma coisa, mais não era nada, câmbio ~finalmente respondi
- Entendido, câmbio
- voltando, câmbio desligo.

Fiz todo o trajeto novamente e retornei pro meu ponto de partida. Diferentemente da ida, agora o Papa estava presente.
- Ficamos preocupados filho, está tudo bem? ~perguntou ele
- Sim, tudo certo. ~respondi com um leve sorriso - O lugar tá vazio, não tem mais ninguém. ~disse por último
- Ótimo ~disse o Papa sorrindo de orelha a orelha

Nos instalamos e seguimos ali pelos meses seguintes...

Maggie Greene - New Chance For LoveWhere stories live. Discover now