Parte IX

260 33 22
                                    

A Amizade duplica as alegrias e divide as tristezas.

Pensar isso se torna difícil na prática quando seu amigo morre de rir pela sua desgraça da noite anterior. Nunca vi Park Jimin gargalhar tanto ao ponto de ficar exatamente como uma pimenta. O riso contagiante ecoava pelo quarto de forma assustadora, certeza que Jane estaria pensando que Jimin estava drogado, ou algo do tipo.

  — Falei que aconteceria, mas eu deveria ter comprado uma cadeira de rodas antes. — O mais novo cessou o riso aos poucos, se encontrava rouco e com os olhos lacrimejados. — Dois dias sem ir à escola é um sonho.

  — Na hora é as mil maravilhas, porém as consequências são horríveis. — Resmungo.

  — Prossiga com a história.

  — Eu podia sentir o piercing do pau dele.

  — Para tudo! Como assim um piercing no pau? Não doeu? — Jimin interrompe de novo.

  — Ele não deve ser humano, pois a glande é bem sensível. Jungkook é impossível. — Eu sorri. — Foi a coisa mais prazerosa que senti em toda minha vida.

  — Quem sou eu para discordar, não é? — Park arrasta seu corpo pela cama. — Vocês estão juntos?

  — Não. — Respondi rápido.

  — Vão fazer cu de mel, agora? — O menor revirou os olhos. — Cozinha pra ele, retribui a gentileza de te comer.

  — É uma boa ideia. Minha avó diz que conquistamos a pessoa pela boca.

  — Famoso boquete.

Fui pego de surpresa e gargalhamos alto da situação. Jimin é uma caixinha de surpresas, ele poderia ser dono de um Sex Shop. Park disse que voltaria logo ao sair do quarto e quanto voltou foi com algo em mãos, escondido nas costas.

  — O maior medo do homem é ter o pau arranhado ou mordido pelo parceiro. Se quiser ganhar no boquete, terá que aprender o básico. — O loiro me entrega a banana e ordena que eu tire a casca. — Imagine que é um pirulito, mas não morda.

  — Não acredito que você vai fazer isso. — Segurei a risada para não rir do meu amigo fazendo boquete na fruta.

  — Cala a boca e vê se aprende, Mr. Acéfalo. — Jimin chupou a cabeça da banana com direito a muita saliva e sensualidade. Perdi tudo quando abocanhou tudo e arregalei os olhos ao vê-lo que não engasgou. — Sua vez.

  — Eu não sei fazer isso. Jimin, meus dentes são enormes, mais fácil de cortar o pau dele e ficar com a glande intalada na garganta.

Mesmo rindo, Park me obrigou a chupar uma banana. Os dentes eram prioridade, qualquer vacilo e eu poderia cortar o pênis de alguém. Fiz exatamente como me ensinou e fui aplaudido por aprender tão rápido.

Engraçado que demorei para aprender o Teorema de Pitágoras, mas o boquete foi mais rápido que o Flash.

Seria um sinal para eu largar tudo e virar boqueteiro?

  — Diabo é isso? — A voz de Jane nos faz engasgar com a surpresa. Jimin quase morre e eu só sabia rir da presença de minha babá. — Jimin, me ensine também.

  — Jane do Céu. Vai aprender para fazer em quem?  — Jimin jogou um dos meus ursos na mulher.

  — O que ninguém sabe, não estragam. Aprendi isso sendo uma simples moça de família em Caetés. — A mulher nos fez rir.

A história dela é pouco difícil de acreditar. Segundo Jane, ela saiu do Nordeste do Brasil para São Paulo e depois de apaixonou por um Sul-Coreano  que era professor. Como a boa moça, fez sexo com tal homem e são casados até hoje. A mistura de culturas foi suficiente para nascer seu filho único, Neith Kim, atualmente tem uma galeria de Arte no México.

A beleza brasileira chamou a atenção do meu pai, ele a contratou por achá-la muito bonita, ficou triste ao saber que ela era casada. Coitadinho.

  — O que realmente aconteceu para você estar doente, Tae? — Jane semicerrou os olhos. Jimin nem pra ajudar. — Eu dei muitas vezes antes de casar, e conheço quando alguém acaba de perder a virgindade.

  — Jane, você é Deus? — Park retruca maravilhado com o palpite da babá. — Pois é, ele conheceu o verdadeiro prazer da vida.

  — Jimin! — O repreendi.

  — O poder da terceira perna do Jungkook foi suficiente para deixá-lo de cama. — O mais novo continuou.

  — Espera, aquele novato que o Taehyung estava "odiando"? — A babá abriu a boca num perfeito "O" e sorriu. — Quando digo que amor e ódio são as coisas mais poderosas do mundo, ninguém acredita.

  — Pelo amor de Deus, pessoal. Eu não odeio o garoto e muito menos estou morrendo de amores. — Bufei pouco irritado.

Foi apenas sexo, o que tem de mais nisso?

  — Mas vocês estão mais próximos que antes e coincidentemente você se sente protegido com ele.

Jimin tem razão, Jungkook e eu tivemos uma forte conexão desde que nos conhecemos. O medo pelo Kim desaparece quando flagro seu olhar em mim.

E só Deus sabe quantas feridas ele cura quando me chama de "Anjo".

  — Esqueçam essa história. Que tal a gente fazer um bolo?

  — A última vez que você tentou, deixou queimar porque estava se pegando com o Sr.Mistério. — Jimin cantarolou.

  — Por quanto tempo eu dormir? — Jane indagou incrédula. — Esse Jungkook esteve aqui?

  — Não aconteceu nada demais, Jane.

  — Quando diz isso é porque já aconteceu duas ou mais vezes.

  — Eu queria poder voar para longe de vocês. Aish! — Levantei da cama determinado, porém as dores da noite passada me jogou de volta na cama. Os dois alí riram, afinal já passaram dessa fase. — Façam o maldito bolo, por favor.

  — Venha Jimin, deixaremos o iniciante descansar um pouco. — Park e Jane saíram de mãos dadas quarto à fora.

Fitei o teto por um longo tempo. Tentei reorganizar meus acontecimentos mais recentes e cheguei a conclusão de que não tenho mais memória. Dezoito anos é a fase agitada que muita gente quer mas só quem tem sabe das inúmeras dúvidas.

De repente uma imagem passou como um flashback quando fechei os olhos. Tentei voltar para ele e vi a loja de conveniência onde B.J costuma trabalhar. Ele é um rapaz novo que está há muito tempo trabalhando na loja. Meu pai tem medo, pois, anos se passam e o garoto continua jovem. A genética de família é realmente incrível.

Imagens incompreensíveis tornaram minha mente uma bagunça. Havia três pessoas ao redor de B.J que estava caído e o espancaram sem dó. Tentei gritar, porém minha voz não saiu. O farol do carro desconhecido iluminou minha vista e não consegui mais ver nada.

  — Por que pensei nisso? — Pergunto. Não há razões para sonhar com o garoto, nem somos próximos, apenas nos conhecemos por ele ter sido afilhado da minha mãe.

Ao lembrar da mamãe pensei que fosse um sinal. Talvez eu deveria visitá-lo, quem sabe minha mãe não está se comunicando comigo. É ridículo pensar que pessoas sentem os mortos, mas minha mãe e eu sempre tivemos conexões formidáveis. E se há algo acontecendo com seu afilhado, irei ajudá-lo de alguma forma.

E visita depende da minha melhora. Ainda sinto as palmadas e mordidas de Jungkook. Não consigo ao menos andar.

  — Irei vê-lo assim que possível. — Disse a mim mesmo.

C᥆rᥲᥴ̧ᥲ̃᥆ VᥲᥣᥱᥒtᥱWhere stories live. Discover now