⁰⁷ || Eu sabia que o desejava, desde o primeiro momento

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     Cada minuto se desdobrava diante de mim como se fosse uma eternidade, e cada hora esticava-se lentamente, prolongando-se como se fossem dias inteiros

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     Cada minuto se desdobrava diante de mim como se fosse uma eternidade, e cada hora esticava-se lentamente, prolongando-se como se fossem dias inteiros. O que esperava por mim neste lugar? Quais eram os planos dele? Claro que eu me perguntava constantemente, embora jamais fosse descobrir. Deveria eu estar assustada? Às vezes ponderava sobre isso. Afinal, estava em um lugar estranho, sendo obrigada a confiar minha segurança a um homem cujos segredos eram tão impenetráveis quanto as paredes que me cercavam. Apesar de todas as incertezas, em meu coração eu não conseguia encontrar espaço para o medo. Era uma dualidade estranha, entre a cautela e a confiança, que eu não conseguia decifrar. Existia uma intenção obscura em seus atos, em seus gestos carregados, e suas palavras enigmáticas, mas quando seus olhos se encontravam com os meus, uma outra realidade emergia. Meu coração se aquietava, como se estivesse sintonizando com uma frequência mais profunda da verdade. Assim eu me encontrava dividida entre a intuição que me dizia que ele não era uma ameaça e a prudência que me alertava para ser cuidadosa. Um dilema e tanto, não?

- Senhorita? - Uma voz suave soou atrás de mim me libertando da prisão daquela janela. Já estava parada ali a horas observando a chuva incessante cair do outro lado enquanto pensava, e somente ao ouvi-la pude notar o quão doía meus joelhos.

Franzi o cenho. A mulher, branca como a neve, exalava uma aura de distinção que a fazia parecer mais velha do que minha mãe. Sua estatura era imponente, com alguns centímetros a mais do que a média, e sua magreza elegante destacava sua presença com graça única. Seus olhos brilhavam em um tom claro e profundo, e seus cabelos, uma longa cabeleira ondulada branca como leite, pareciam fios de seda que caíam sobre seus ombros. A mulher parecia desafiar o tempo, como se carregasse consigo a essência intemporal de uma era distante. Seu longo vestido cinza se espalhava ao redor de seus pés, criando uma atmosfera de mistério e nobreza. As mangas iam até os pulsos, acentuando sua postura ereta e suntuosa. Ela parecia ter saído de uma cena medieval, como se fosse uma figura enigmática de um conto de fadas, destinada a deixar uma impressão duradoura em todos que a vissem.

- Não pareces tão assustada quanto achei que a encontraria. - Cerrei os olhos ligeiramente, estudando-a com uma mistura de desconforto. Seria possível que ela estivesse ciente de que eu estava sendo mantida ali contra minha vontade? Essa ideia me ocorreu, fazendo meu estômago se contorcer em nós. Inconcebível. Como poderia alguém, aparentemente tão doce, estar conivente com algo tão atroz e inescrupuloso? No entanto, ao notar a calma que permeava meu ser, compreendi que minha suspeita inicial podia ser mais do que uma mera ilusão amarga, mas sim um pressentimento inquietante.

- Deveria estar assustada? - Minha voz ecoou pelo quarto enquanto meus olhos permaneciam fixos nela. Ela hesitou por um momento, deixando a caixa que carregava sobre a cama antes de se apressar até a janela e fechar as cortinas.

- Deveria? - a resposta veio num tom de voz incerto, acompanhado com um encolher de ombros. - Não sei se "deveria" é a palavra certa. Mas é natural, considerando as circunstâncias.

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