⁰⁵ || Essa é sua casa

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      O chão estava tão gélido que parecia estar dentro de uma câmara frigorífica

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      O chão estava tão gélido que parecia estar dentro de uma câmara frigorífica. Estranhamente, meu pé não doía, o que devia me dar a possibilidade de levantar e correr, mas uma paralisia inquietante me impedia de me mover. Um crescente sentimento de terror se apoderava de mim à medida que a presença se aproximava, cada batida irregular do meu coração parecendo acrescentar um fardo sobrenatural à minha imobilidade.

   — Eu te avisei, não pode fugir para sempre. — De repente, sua figura começou a se distorcer, transformando-se em algo mais alto, aterrorizante, diferente de tudo o que já vi. Sua reverberava como a de um verdadeiro monstro, curvando-se ameaçadoramente em minha direção. — Essa escolha vai te matar.

     Despertei abruptamente, sugando o ar com desespero, como se tivesse passado uma eternidade sem respirar. Foi apenas um pesadelo, um maldito pesadelo, repeti para mim mesma, enquanto meu corpo tremia de pavor e alivio. Lutando para recuperar minha sanidade enquanto tentava discernir onde me encontrava e como aquele horror havia invadido meus sonhos tão vividamente. Eu não estava lá, eu estava…

   — Não se preocupe, está segura. — Meus olhos rapidamente buscaram os seus ao ouvir sua voz. Surpresa. Era sim um grande alívio ter sido resgatada daquela noite terrível, a qual por um momento acreditei que o fim seria interminável. Mas, porque eu ainda estava sentindo minha espinha gelar? Por que aqueles olhos não me eram tão reconfortantes agora?

     O quarto estava imerso em uma penumbra suave, as cortinas pesadas apenas permitindo que uma tênue luz da manhã se filtrasse. As paredes eram pintadas em um tom de azul sereno, criando uma sensação de tranquilidade no ambiente. Um suave aroma de flores frescas pairava no ar, fazendo com que cada respiração fosse uma libertação para meus sentidos.
A peça central do quarto era a cama. Uma cama king-size com lençóis de seda de um branco puro e macio. Toquei a colcha sentindo a textura suave e confortante sob meus dedos, um azul profundo, combinando com as paredes, disposta com perfeição, criando uma sensação de aconchego. As almofadas macias e fofas estavam cuidadosamente organizadas atrás de mim, prontas para abraçar minha cabeça, convidando-me a esquecer todos os meus medos.

     O quarto estava decorado com simplicidade e elegância. Cada detalhe, desde o perfume no ar, a cama luxuosa até as flores espalhadas pelo recinto, contribuía para uma impressão de paz e acolhimento.

   — Onde eu estou? — Com cautela, inquiri apreensiva. Nenhum dormitório tinha um quarto como aquele, nem mesmo a ala dos professores era tão luxuosa. Desconsertada e ansiosa por uma resposta concentrei minha atenção sobre ele que me analisava com uma prudência penetrante, como se pudesse ler cada pensamento e emoção que passava por minha mente, decifrando segredos escondidos nas linhas do meu rosto e nos cantos da minha alma.
Sentado na poltrona alguns passos de distância tal como uma figura enigmática, repousava os cotovelos de maneira rígida nos braços amadeirados do pequeno sofá. Seu punho estava quase fechado, e o polegar deslizava lentamente contra o indicado, de modo que estivesse empenhado em um jogo especial prestes a ser perdido. Cada movimento era calculado, cada gesto era carregado de uma tensão palpável. Engoli a saliva presa na garganta, minha boca seca, e pude jurar que ele ouvira o som, de forma que eu tivesse feito um barulho alto em meio ao silêncio opressivo do lugar. Seus olhos caíram com pressa diretamente na direção de meu pescoço e ergueram-se de volta.

MEᑌ ᗪOᑕE CᗩTIᐯEIᖇOWhere stories live. Discover now