CAPÍTULO EXTRA: Flashbacks e pezinhos de bisnaga

178 22 273
                                    

Francisca de Fátima

Eu estava deitada lendo um livro em plena primavera de Ares de Campo, a cidade onde tudo começou. Mesmo que não more mais aqui, gosto de vir sempre que possível para não me esquecer da incrível áurea que tem esse lugar. Definitivamente amava tudo que aqui trazia, desde a paz inteiror — totalmente diferente do ambiente corrido da cidade grande — até os poucos estabelecimentos que existiam.

Nesse momento, por exemplo, minha única preocupação real era saber se Ártemis iria ceder aos seus sentimentos por Willian ou se casar com um desconhecido qualquer por conviência... Romances eram meu ponto fraco do meu ponto fraco.

— Então, o que está acontecendo agora? – Meu marido pergunta enquanto faz pequenas carícias na minha cabeça e sorrio me deitando de lado para vê-lo melhor.

Os raios laranjas do pôr-do-sol refletiam em sua pele e João sorria docilmente para mim com as pequenas rugas de idade começando a aparecer no seu rosto, o que só lhe fazia ficar ainda mais atraente. A cada dia, eu tinha certeza que havia escolhido a pessoa certa para me casar.

João Pedro Guimarães da Silva era o homem mais incrível e lindo, tanto por dentro quanto por fora, que eu já tinha conhecido na minha vida! Além de ser dono do melhor e mais viciante beijo do mundo.

O tempo só havia acentuado ainda mais isso.

— Uma confusão. – Sou sincera e ele ri, fazendo seus ombros balançarem levemente.

— Não mais que a nossa vida, tenho certeza. – Aceno concordando.

Eu e meu marido passamos por tanta coisa depois que nos reencontramos que, se fizessem um filme, diriam que era fictício. Solto uma risadinha cúmplice e flashbacks de anos atrás atingem meu sistema nervoso: no dia em que recebi a notícia de que iria entrevistar o tal Pantera, eu automaticamente associei o nome ao meu Pantera.

Não serei hipócrita em dizer que desde que fui a São Paulo nunca mais ouvi falar dele. João se tornou um fenômeno dentro do UFC e, como entrevistadora esportiva, o mínimo que poderia ter de conhecimento eram os nomes brasileiros que se destacavam lá fora. Então, quando vi que era com ele que eu teria uma conversa, algo no meu interior se acendeu como na época de adolescência. Uma chama que ficou por muitos anos esperando o alguém específico para ressurgir.

Então, assim que o vi naquele lugar todo machucado pela luta, mas incrivelmente tranquilo e cansado, dando-lhe um ar sexy e atraente, eu me senti como a Fátima nervosa e ansiosa de dezesseis anos por dar monitoria para o crush de adolescência. Porém, me recompus obviamente, porque, além de soar totalmente patético, também não tinha certeza se ele estava solteiro ou não.

Eu lembrava que a alguns anos atrás ele namorava com uma mulher linda — ao ponto de intimidar qualquer um do sexo feminino — e muito bem sucedida no mundo da moda, um clichê devo dizer. Rosaline é como a Barbie: bela, loira, elegante, vai aos ambientes mais requisitados do país e anda somente com pessoas que exalam dinheiro só de chegar perto. Ela é perfeita em todos os sentidos.

Enquanto eu, sempre tive o espírito competitivo e selvagem por natureza.

Aos dezoito anos sofri um acidente de carro — que, pela coincidência do destino ou não, foi o mesmo que aconteceu com meus pais. Eu estava numa fase rebelde da vida com amigos tão maus exemplos quanto. Eu queria fazer tudo que me privei durante anos.

Queria mostrar que era não era perfeita como todos diziam.

Queria não ser eu mesma por algumas noites.

Mas, não deu muito certo. As únicas coisas que ganhei foram uma quase morte, a mensagem de que tia Berenice havia sofrido um ataque cardíaco pela notícia do acidente e uma cicatriz na testa.

A Garota do All Star Azul || ✔Where stories live. Discover now