CAPÍTULO 10: Torneios de skate e Buzz Lightyaer

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Não sei porque você se foi
Quantas saudades eu senti
E de tristezas vou viver
E aquele adeus não pude dar

Você marcou na minha vida
Viveu, morreu na minha história
Chego a ter medo do futuro
E da solidão que em minha porta bate

Gostava tanto de você,
Tim Maia

...

Quase quatro meses depois...

O céu está tão limpo que nem mesmo as nuvens davam as caras. A luz forte e reconfortante do sol, característica marcante de dezembro, também nos abraça com suas partículas de energia, além dos passarinhos gordinhos e rechonchudos que estão a espera do primeiro desatento para fazerem suas necessidades em nossas cabeças.

Ademais, os adolescentes que estavam a nossa volta carregavam um cheiro característico de suor e hormônios. Era algo parecido com autenticidade e juventude dos dias finais de 2022. Porém, o que mais me chama a atenção são os carrinhos de picolé e sorvete que rondavam a nossa volta. Eu até compraria um se meus bolsos não estivem mais vazios que um buraco negro, somente sugando os astros minúsculos de poeira ao redor.

— Amor, respira fundo. Você treinou meses para isso. – Massageio os ombros de Fátima com os olhos praticamente doloridos pela luz forte. Minha sorte é que carregava os óculos escuros para cima e para baixo durante o verão.

Fátima está tensa como uma pedra e sua respiração pesada como uma âncora. Hoje é o tão esperado torneio que ela, Eduardo e Enzo esperavam para participar durante meses. Apesar de ser uma simples e pequena competição municipal, aquilo era importante para ela e, consequentemente, para mim também.

Eu até tentava acalmá-la, mas confesso que eu também estava ficando nervoso. Disputas assim são sempre interessantes.

— Tem muita gente aqui, João. – Sussura e eu sorrio com calma, indo para sua frente. Precisava demonstrar uma tranquilidade que não tinha, mas faria isso infinitas vezes se fosse para vê-la bem.

Observo com atenção suas íris castanhas e sorrio ao perceber que ela está tão linda como sempre: o cabelo cacheado preso num coque meio despojado, as bochechas coradas pelo tempo e o macacão jeans com desenhos de A Turma do Scoob-Doo costurados deixavam-na ainda mais fofa.

— Você é a garota mais destemida que conheço, Smurffet. Não vai me dizer que irá deixar essas pessoas que nem skatistas são te amedrontarem? – Cerro os olhos com um sorriso ladino.

— Realmente. Mas se eu errar, eles irão...

— Se um deles falar de você, pode ter certeza que seu namorado mais lindo e charmoso desse mundo irá dar uma lição neles. – Interrompo-a, estralando a língua.

Fátima sopra uma risada convencida e toca na ponta do meu nariz com o dedo indicador.

— E como o meu namorado mais lindo e charmoso desse mundo iria fazer tal coisa? – Ergue as sobrancelhas e aproxima o rosto do meu, logo após enlaçar os braços no meu pescoço, fazendo o anel dourado que carregava no dedo anelar direito roçar em minha epiderme. Isso me dá uma leve satisfação por saber que dei o acessório e finjo ponderar, sorrindo arteiro. 

— Terá que perder para saber. Ou seja, você não quer isso, quer? – Abraço sua cintura, tendo que me curvar para ficar mais equivalente a sua altura.

A Garota do All Star Azul || ✔Where stories live. Discover now