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Sejam bem vindos ao último capítulo 😭

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O dia de voltar pro Rio chegou mais rápido do que Juliette esperava. Quarta-feira foi uma prévia de como a vida das duas como um casal poderia ser: acordar juntas, tomar banho juntas, comer o café da manhã na beira da piscina, caminhar pelo Ibirapuera, fazer amor em cada oportunidade. Juliette queria aquela vida. No mínimo, ela queria mais dias de momentos ininterruptos com Sarah. Mas quinta-feira chegou, e haviam reuniões que Sarah tinha que ir, telefonemas que ela tinha que atender, e então o dia passou rapidamente até que elas estavam em um avião, indo para o RJ.

Muita coisa aconteceu em quatro dias e Juliette ainda estava processando os eventos da semana.

Sarah tinha se assumido para sua família, o que só fez Juliette pensar em fazer o mesmo com a sua. O pensamento a enchia de pavor. Era impossível ser corajosa quando ela já sabia qual seria o resultado. Parecia uma bomba-relógio. Tic-tac, tic-tac. Boom. Lá se foi sua família; perdida em um borrão de lágrimas, raiva e citações da Bíblia. Ela poderia viver uma mentira e mantê-los felizes, ou ela poderia dizer a verdade e perder o amor deles. Havia uma resposta certa?

Ela contaria a eles. Algum dia. Eventualmente. Talvez. Não de imediato. Ela iria talvez mandar uma mensagem. Ela ligaria avisando. Ou então iria pessoalmente, mesmo. Não importava. Ela já conseguia enxergar a expressão de sua mãe, repleta de vergonha, dor e decepção.

Se afastou da janela do avião e olhou para Sarah. Sarah parece ter sentido seu olhar e imediatamente ergueu os olhos do livro para encará-la, e Juliette sentiu que aquele par de esmeraldas conseguiam atravessar sua alma. Ela sentia-se indigna, sentada ao lado de Sarah. Se sentia envergonhada de sua própria covardia. Sarah cresceu suportando o peso da morte de sua mãe, a culpa de seu pai e assistiu sua avó definhar com o tempo, enquanto aguentava a pressão de uma carreira que exige que ela esteja sempre no centro das atenções. Agora, ela tinha medo de perder sua carreira e todo seu esforço ter sido em vão. E ainda assim, ela se assumiu para sua família, respondendo à crueldade deles com equilíbrio e até mesmo gargalhadas. "Como você faz isso?" Juliette perguntou.

Sarah fechou o livro. "Faço o quê?"

"Como você é tão corajosa?"

"Corajosa? Eu?" Sarah começou a rir, mas viu que Juliette estava séria. "Eu não sou corajosa, sou apenas impulsiva. Assim como você foi, jogando vinho na cara de Maíra."

"Espera, você jogou vinho na cara de alguém?" Carla apareceu de repente e se sentou na cadeira em frente de Juliette.

"Quem jogou vinho na cara de quem?" Perguntou Thais, sentando ao lado de Carla.

"Juliette."

"Na cara de quem?"

"Quem é Maíra?" perguntou Carla.

"Juliette jogou vinho na cara de Maíra?!" Arthur apareceu.

"Alguém vai me dizer quem é Maíra?"

"A madrasta de Sarah." respondeu Thais.

"Puta que pariu. Sério?"

"Por que não eu estava lá pra ver isso?" perguntou Arthur. "Você é agora, oficialmente, a minha heroína." Ele se curvou diante de Juliette.

"Peraí, conta tudo." disse Thais. "Começa pelo início."

"O que está acontecendo aqui?" perguntou Higor.

"Juliette jogou vinho na cara da madrasta de Sarah." disse Carla.

"Juliette fez isso?"

"Deixa ela contar a história."

The blind side of loveWhere stories live. Discover now