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Bom dia povo, começando o domingo com att

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A tela do telefone de Sarah apagou após alguns segundos e Juliette finalmente desviou o olhar. Sua mente de repente entrou em colapso. 'Meu Deus' era a única frase que passava pela sua cabeça. Seu coração batia acelerado em seu peito enquanto ela tirava seu celular do bolso novamente. Com dedos trêmulos ela teclou os números. Ligando pra Sarah... apareceu na tela. Ela não se incomodou em colocar seu telefone no ouvido, apenas ficou observando o de Sarah, pensando que talvez tinha sido uma coincidência. Ou algum truque das luzes. Ou uma prova de que ela precisava de óculos.
                   
Mas então, lá estava. O celular tocava, com uma canção que ela não reconheceu. Chamada de Juliette.
                    
"Meu Deus" disse, em voz alta dessa vez. Ela levantou do banco porque ficar simplesmente sentada ali parecia impossível.
                    
Sarah já estava voltando e Juliette olhou pra cima a tempo de ver a atriz congelar no meio do caminho. Ela entendeu imediatamente. Durante um bom tempo, nenhuma das duas disse nada. O telefone no balcão da cozinha continuou tocando.                    

Juliette desligou a chamada e o silêncio se estabeleceu entre elas.
                    
"Eu estava prestes a te contar." disse Sarah, suavemente.
                    
Trechos de e-mails e conversas telefônicas de repente passaram pela cabeça de Juliette. Tudo isso... tinha sido Sarah Andrade? Ela sentou-se no banco de novo, porque agora ficar em pé parecia impossível. Não existia uma Sarah. Nunca existiu uma Sarah. Foi isso que a chocou. Isso que era insondável. E ainda assim ela não conseguia formular as palavras.
                   
Sarah deu um passo hesitante pra frente. "Juliette... eu..."                   

Ela não conseguiu dizer mais nada além disso e Juliette se forçou a olhar pra cima, a desafiando a continuar.                

"Eu não sei por onde começar." disse Sarah. "Eu pensei que saberia o que falar quando você estivesse na minha frente, mas..."
                  
O silêncio era insuportável, mas Juliette não sabia o que dizer. Ela mal sabia o que sentir.

"Eu nunca quis mentir para você." Sarah começou, de repente. "Eu vi seu desenho naquela mesa naquele dia no Aterro do Flamengo, e me apaixonei. Eu... eu nunca me senti como se eu tivesse tanto que ter algo assim antes. Eu o levei para casa, o emoldurei e eu o encarava dia e noite, e eu sei que pode parecer loucura, mas isso me fazia sentir... Não sei. Isso fazia eu me sentir... melhor, menos sozinha. E eu pensei que você gostaria de saber que eu tinha adorado. Só que eu não podia te dizer quem eu era, porque eu não achava que você iria acreditar. E também porque eu tenho todo esse problema com privacidade. E realmente tudo o que eu queria era que você soubesse que o fato de você ter feito aquele desenho significava algo pra mim. Aquilo me afetou, de alguma forma."                    
Juliette só olhou para a atriz, porque ela ainda não conseguia esboçar uma reação. As palavras dela não estavam descendo muito bem. Tudo o que ela conseguia pensar era que em um momento ela tinha uma amiga em São Paulo e agora... o quê? O que a restou?
                    
"Eu sei que você deve pensar que eu sou uma pessoa horrível." continuou Sarah. "Eu não esperava que os e-mails continuassem ou que acabassem em algo assim..." Ela deixou a frase no ar e então continuou. "Eu não queria que o fato de eu ser Sarah Andrade manchasse a maneira que você me via."
                    
Sarah parecia tão aflita que Juliette desviou o olhar por medo de que ela ficaria tentada a confortar a atriz. De repente, ela sentiu muitas coisas ao mesmo tempo. Ela sentiu uma onda de raiva, tristeza e um sentimento avassalador de perda. Principalmente, se sentia cansada. Como se tivesse dormido por dias e acordado de repente, muito grogue.                   

The blind side of loveWhere stories live. Discover now