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Curta e comenta

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Toda decisão gerava uma reação, e Sarah aprendeu isso na manhã seguinte enquanto lia o último e-mail de Juliette. Ela sentia uma mistura de emoções enquanto lia: pânico ao saber que Juliette queria saber mais sobre ela, mas ao mesmo tempo feliz por ela se interessar; raiva do namorado de Juliette por ter a traído; tristeza por Juliette, em parte, se culpar; e outras coisas que ela não tinha um nome para descrever.

Ela se endireitou na cadeira, dando um gole no refrigerante que ela estava tomando para esperar o café da manhã e contemplou suas opções. Não responder seria insensível, Sarah reconheceu, apesar de que responder poderia trazer um monte de complicações.

Complicações que ela havia previsto, mas optou por ignorar. Ela deveria ter encerrado a troca de e-mails desde o início, ou melhor, ela nem devia ter começado essa troca de e-mails.
Agora ela estava presa. Hesitante entre ser honesta, mas sem saber como ser.

Ela suspirou, colocando a lata na mesa e apertando o botão de resposta.

Para: Juliette freire

De: Sarah

Assunto: Re: Sua arte.

Querida Juliette,

Sarah esperou que as palavras certas surgissem na sua mente. Quando elas não vieram, Sarah tirou os dedos do teclado e olhou em sua volta. Seu olhar pousou sobre o relógio e ela se endireitou, fazendo a cadeira balançar para frente e para atrás. Ela tinha três horas para responder Juliette, tomar banho, se vestir e ir para o seu café da manhã com Fernanda Ferreira.

O porquê de 'Responder Juliette' estava no topo de sua lista de prioridades, ela não tinha certeza. Alguma coisa a dizia que se ela não respondesse antes de sair, ela não conseguiria se concentrar em outra coisa. Esse fato estava começando a se tornar uma preocupação.

O cursor piscou com o passar dos segundos e Sarah se sentou ereta para começar a responder.

Querida Juliette,

Eu também sou uma novata nessa coisa de conversar por e-mails, então eu não ligo muito para o protocolo. Eu estou perfeitamente feliz com o jeito que estamos levando as coisas. Para falar a verdade, eu não esperava que a nossa interação virtual durasse mais que um ou dois e-mails. E eu não sou dessas que faz amigos do nada.

Eu sinto muito pela forma que as coisas ficaram entre você e o seu ex-namorado. Eu sei que você se sente meio responsável pelo rumo que as coisas tomaram, mas eu ainda acho que a culpa é dele. Ele podia ter lhe dito que não estava feliz. Mas não é exatamente da minha conta dar uma opinião nisso. Independente disso, eu espero que você encontre a felicidade, ou pelo o menos o caminho de volta para a sua arte. Talvez o primeiro passo seja a mudança...

Enfim, sobre mim. Vamos ver. É meio estranho isso de se resumir. Por onde devo começar?

Você perguntou a minha idade, então vamos começar por aí: Eu tenho vinte e sete anos. Meus hobbies... hmm. Eu leio muito. Eu gosto de cozinhar (até fiz gastronomia por um tempo). Eu medito, quando tenho tempo. Eu não tenho nenhum hobby estranho e nem habilidades especiais. Eu não faço coleções de nada e nem sou do tipo que do nada sente vontade de pular de paraquedas. Eu acho que isso me faz bem chatinha (ou normal, dependendo do seu ponto de vista - o que no meu ponto de vista, é a mesma coisa).

Eu acho que isso é bem comum e talvez isso não te dê uma visão muito clara de quem eu sou.

Honestamente, eu não tenho muita certeza de quem eu sou. Eu gosto de pensar que eu sei, ou fingir que eu sei, mas eu não sei. Não de verdade. Talvez seja por isso que eu escolhi a atuação como carreira.

Sarah franziu a testa, pensativa, debatendo se devia ou não deixar o último parágrafo no e-mail. Ela não queria mentir, mas isso não queria dizer que ela tinha que entregar toda a verdade de bandeja para Juliette.

The blind side of loveWhere stories live. Discover now