capítulo 1: confuso

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Levanto cedo, antes mesmo do Gaara tentar me assassinar.

Acho muito injusto ele descontar em mim algo que eu também sinto.

Nunca iria aprovar pessoas assim, que acham que podem simplesmente gritar, bater, insultar ou o que for possível e impossível para desmerecer alguém e a fazer mal.

Aprendi de uma maneira grosseira de que seus traumas, você que tem que lidar, somente você.

Fiz todas as minhas higiene e sair de casa mais cedo, já que não tomei café, uma pequena parte de mim queria a todo custo esperar pelo Shikamaru, gosto da presença dele, acho que os anos tendo ele como vizinho e o fato de sempre estarmos juntos deve ter influenciado.

Até esperei por cinco minutos, mas acabei sedendo e decidir ir.

Entrei no elevador que tinha mais gente que o normal, apenas acenei e sorrir e esperei todo o trajeto, mas parei no vão da porta do prédio.

— Esqueceu alguma coisa?

Olhei em direção a voz, o segurança do prédio me encarou com expectativa.

— Na verdade, não.

Avisei.

— Acho que esqueceu aquele rapaz, ele sempre vai com você, ele não vai hoje?

Minha boca secou com a sua declaração, não fazia ideia do que eu responderia, então, apenas encarei ele, meus ombros subiram e desceram na expectativa que ele entendesse que eu não saberia.

— Bom, tenha um bom dia.

Sorrir em sua direção.

— O senhor também.

Fiquei observando a rua, olhei em meu relógio do pulso, que droga, não sei se vou, ou não.

Sentir algo tocar o meu ombro, olhei em direção ao toque e vi que era uma mão, meu olhar subiu e vi o seu rosto conhecido.

— Bom dia.

— Bom dia.

Respondi.

Ele não disse nada, apenas caminhou com passos despreocupados.

— Você não vem?

Perguntou.

Acabei sorrindo sem perceber e o seguir.

Uma segurança surgiu em meu peito me causando conforto, eu realmente gosto de quando estamos juntos.

— Por que saiu mais cedo?

Observei a sua nuca que estava em minha frente.

— Estava sem fome, mas confesso que não tive coragem de ir sozinha.

Confessei.

Algo em mim me faz dizer tudo o que sinto para ele, eu poderia facilmente falar sobre cada mínimo detalhe sobre a minha vida para ele.

— E eu agradeço por isso, não me leve a mal, mas eu gosto de ter você ao meu lado, mesmo que a gente raramente converse.

Acabei sorrindo com a sua declaração, parece que os únicos momentos em que eu posso sorrir é quando ele está em minha frente, caminhando sem preocupação, e falando com a sua sinceridade.

— Eu não tenho culpa que você é calado.

Respondi.

Shikamaru parou, me olhou e alargou um sorriso preguiçoso.

— Já te disse que eu não me importo de ouvir você falar sem parar.

Olhei para o asfalto no chão, sem conseguir olhar o seu rosto.

— Nunca sei o que falar.

Confessei.

Nunca tive a chance de falar, mas penso até sobre cada grão de areia que tem no chão, essa é a realidade, aprendi a ouvir, mas não a falar.

Shikamaru voltou a andar e eu o seguir.

— Eu gosto de ler mangá, jogar vídeo game, e principalmente de não fazer nada, os meus gosto não ajudam... Mas amo gatos.

Eu acho fofo quando ele fala dele, mesmo que seja raro.

— Eu prefiro ler outro tipo de conteúdo, muitos mangá tem muita sexualização, e eu gosto de gatos, estava até pensando em adotar um, mas meu irmão é alérgico.

— Mangás escrito por mulheres não tem, se tem, eu com certeza não conheço, e são os que não tem sexualização que eu gosto.

Sinto a sinceridade até em seu olhar, mesmo ele estando de de costas para mim.

— Ainda bem que você não é um nerd pervertido.

Ouvir a sua risada, e rir junto.

— Eu gosto de músicas indie pop, eu com certeza não sou alguém bom para conversar.

— Bom, eu gosto de dançar... Músicas indie...

Lancei no ar.

Shikamaru parou em minha frente..

— O que foi?

Eu perguntei. Ele se virou em minha direção, ele está incrivelmente tagarela hoje.

— Se você gostar de Seafret, eu me ajoelho e te peço em casamento.

Sua confissão fez meu rosto queimar, baixei o olhar me imaginando vermelha igual um tomate pronto para a colheita.

— É minha favorita.

Sussurro.

Sentir meu cabelo bagunçar com o vento, levantei o olhar com a coragem que eu esqueço que tenho, Shikamaru pareceu estar perdido em pensamentos.

Desviei o olhar e notei que o ônibus vinha.

Caminhei em passos rápidos, passei por ele pegando em seu braço e o puxando até o ponto, ignorando o fato do meu coração começar a bater mais rápido do que eu esperava.

Mas confesso... Que eu gostaria de ver ele ajoelhado em minha frente.

Tentei afastar esses pensamentos quando subir no ônibus, mas parecia impossível, meu rosto estava quente, ainda estava o puxando pelo braço, e ele continuava... Em silêncio.

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