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Jimin pov

Dia 25. Dia de Natal. Hoje eu precisava trabalhar, então acordei mais cedo e tomei um banho. Assim que coloquei o aparelho na orelha, percebo que haviam muitos passarinhos cantando perto do meu quarto. Corri até a janela para vê-los.
Pela primeira vez, ouço Benjamin miando na minha porta. Abro-a com cuidado e o pego no colo, enchendo de beijos e com os olhos cheios d'água por ouvi-lo miar. Seu miado era agudo, meio irritante. Mas eu o amava mesmo assim.
Depois de me arrumar, peguei uma torrada e coloquei na boca. Benjamin já estava na minha mochila, então peguei a bicicleta e fui direto para a lanchonete.
Minha mente ficou uma bagunça, ouvia carros buzinando e pessoas falando ao mesmo tempo. Era uma loucura. Me senti mais humano por fazer parte daquilo, por estar ouvindo as pessoas.
Chegando na lanchonete, estacionei a bicicleta e entrei dando de cara com Jungkook e seu irmão, Taehyung.

- Oi... - fiquei meio sem jeito de vê-lo depois do nosso beijo ontem.

- Oi, lindo. - Taehyung diz e Jungkook o olha de canto. Ri baixo.

- Senta aqui, Ji. Viemos tomar café com você.

Não quis dizer que já havia tomado café então apenas me sentei ao lado do Jeon mais novo e de frente para o mais velho.

- Como está o aparelho? Está se adaptando? - Jungkook pergunta.

- Sim, sim! Obrigada novamente. Nunca vou ser capaz de te agradecer o suficiente.

Antes que ele pudesse responder, minha mãe aparece com panquecas e leite quente para nós três.

- Bom dia meninos. - ela tira Benjamin da mochila e o da ração. - Jimin, preciso falar com você depois.

Apenas concordei com a cabeça. Nós três comemos as panquecas em um silêncio confortável. Após alguns minutos, o celular de Taehyung tocou.

- Preciso ir, trabalho me chama! - ele se levantou e nos despedimos.

- Tchau, Tete. - ele me encara.

- Gostei do apelido. Tchau, Jijico!

Eu não sabia, mas ali se formava uma amizade para a vida toda.

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Queria saber qual o pincel que os pais de Jungkook usaram para fazê-lo, porque, sinceramente, ele era perfeito. Eu poderia ficar encarando-o por horas e horas. E eu sei que ele me encararia de volta.

Ele parecia uma pintura, uma obra renascentista. Deveria estar nos maiores e mais famosos museus do mundo. Suas pintinhas, junto com sua cicatriz acima da bochecha, formavam uma constelação linda.

Seus olhos de jabuticaba brilhavam, era como se houvesse um universo inteiro dentro deles. Esses que estavam perdidos no momento, parecendo querer me contar alguma coisa.

- Está tudo bem? - pergunto.

- Está sim, só... estou com um pressentimento ruim. - ele me encara. Mas não é nada. Não é melhor você falar com a sua mãe? Ela disse que queria conversar com você.

- Ah sim, está certo. Eu vou lá dentro falar com ela. - saio andando e ouço-o dizendo; "te espero aqui".

Caminho até a cozinha, onde minha mãe estava fazendo pretzels. Senti o cheiro e sorri. Amava aquela receita que só ela sabia fazer.

- Oi, mamãe. - ela se assusta e pula.

- Oi filho. Está tudo bem? O Jungkook foi embora?

- Sim e não. Ele ainda está lá. Mas lembro que você disse querer falar comigo... - ela parece se lembrar de algo.

- Ah, sim sim. Então filho... desde que Jungkook chegou estão acontecendo coisas, coisas boas.

- Que coisas, mãe?

- Bom, alguém comprou a lanchonete.

- Que?! - arregalei os olhos.

- Calma, deixa eu explicar. Recebi uma ligação ontem de noite, era a prefeitura. Um comprador anônimo apareceu, ele disse que eu não precisava mais pagar aluguel. Eu não sei quem é, mas agradeça seu namorado pela boa sorte.

- Ele não é meu namorado.

Apenas falei e dei as costas a ela. Estava confuso, não sabia o que pensar. Tudo iria mudar de agora em diante e essa foi minha reação diante a situação.

Peguei meu gato e coloquei dentro da mochila, passando reto por Jeon, esse que veio atrás de mim correndo. Não queria falar com ninguém agora, só queria ir para casa pensar.

Quando estávamos saindo da lanchonete, de mãos dadas, Benjamin vê um passarinho no chão e pula da mochila para pegá-lo. Era instinto. Não me importei muito por ele ser fácil de pegar no colo e colocar de volta no lugar. Mas aí, um carro apareceu.

Um carro vermelho apareceu e atropelou meu Ben.

Era dia de Natal. E eu iria perder meu melhor amigo.

O Som da Sua Voz • PJM+JJK•Onde as histórias ganham vida. Descobre agora