Hipofrenia

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Com a promessa de que voltaria nas próximas férias, Itachi se despediu de Sasuke na porta de casa, em frente ao táxi. O coração do garoto tinha, aos poucos, se amolecido um pouco mais, deixando parte da mágoa para trás. Tinha aprendido muito sobre o irmão naquelas semanas em que tinham ficado juntos: Que ele gostava de acordar bem cedo e fazer o café da manhã; que usava meias dentro de casa por causa do frio, mesmo que tivessem aquecedor de piso; que cantava quando ia tomar banho; que era gentil, mas também metódico; e que rezava no altar para os pais e a avó todas as noites em que passou na casa. Tinham ficado tanto tempo separados, que era como conhecer uma pessoa completamente nova, mas era alguém que Sasuke havia gostado de conhecer. 

Itachi tocou a testa do irmão e lhe deu um abraço antes de ir. Além de prometer voltar nas próximas férias, na formatura de Sasuke, ele ofereceu que morassem juntos quando o garoto fosse estudar em Tóquio. Aquilo aqueceu o seu coração, porque ainda era um futuro incerto, solitário, mais uma vez em uma nova cidade sentindo-se absolutamente sozinho e, pior, novamente com saudades aterradoras de Naruto. Ele ainda tentava não pensar muito sobre o mês de junho por causa disso.

— O Itachi é um cara legal — disse Naruto, que estava observando de longe a despedida dos irmãos, esperando até que o carro sumisse. Sasuke se sobressaltou, porque não tinha visto que o namorado estava ali, observando-o.

— Você fez como um fantasma agora. Não tinha visto você aí — resmungou o de cabelos escuros, mas se sentindo imediatamente feliz por ele estar ali. Seu coração ainda disparava quando Naruto estava por perto, ainda sentia a leve vertigem e a vontade inexplicável de tocá-lo por inteiro e permanecer assim.

— Ontem você falou que ele iria embora hoje, mas parecia um pouco chateado, então eu quis ficar por perto para te consolar — Naruto beijou os lábios do garoto rapidamente, mas Sasuke sentiu seu rosto pegar fogo e olhou para os lados, para ver se tinha alguém poderia tê-los visto.

— Cuidado — murmurou, por causa do beijo. Uma das vizinhas caminhava na direção da esquina do carvalho, mas estava de costas e foi a única pessoa que Sasuke viu. Era fim de tarde, então a maioria das pessoas já se abrigava do frio em suas casas.

— Sinto falta de te beijar — justificou o loiro — Você foi pouco na minha casa para poder aproveitar o seu irmão, nem dormiu lá. Além disso, eu não fui muito na sua casa porque o Itachi achava, e ainda acha, até agora, que nós somos só amigos. — Naruto tinha uma expressão triste, como se aquilo houvesse sido algo realmente terrível, e Sasuke iria rir. Porém, apenas o observou, suas mãos no bolso do casaco gigante cor-de-rosa, o cachecol vermelho e a touca também vermelha. Mesmo com as roupas coloridas e desconexas, ele ainda pensava que Naruto parecia lindo.

— Também senti falta de… te beijar — Sasuke ainda se sentia um pouco constrangido em admitir aquelas coisas, então dificilmente falava. Por esse motivo, o garoto loiro o encarou, surpreso, com seus belos olhos azuis. Sasuke sentiu-se preso àquele olhar por alguns segundos, como se um campo eletromagnético os fizessem se atrair mutuamente. Conseguiam agir como os amigos que eram, isso não havia se perdido de forma alguma, mas, além disso, havia aquela atração.

Um sorriso, um suspiro, um olhar, o inexplicável e o não dito. Além do amor que os permitia respirar em sua mútua hospitalidade nos corações, também havia aquele intenso. Eles o verbalizaram como o simples "senti falta de te beijar", porque não sabiam como definir de uma forma melhor. Se Naruto dissesse que era como uma necessidade de tocá-lo por toda parte, mas também por todo o tempo, habitando eternamente sua quarta dimensão, Sasuke o acharia estranho? Se Sasuke dissesse que era como uma ânsia de ouvir seu coração batendo tão perfeitamente como se usasse um estetoscópio, colar suas peles como ceras de velas distintas derretendo e se misturando, Naruto o acharia um maníaco? 

A Cidade no QuintalNơi câu chuyện tồn tại. Hãy khám phá bây giờ