CAPÍTULO 1 - O ACERTO DE CONTAS

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JAMES

Faltava pouco para eu completar sete anos quando a minha mãe decidiu que eu iria morar com ela. Eu nunca quis sair de perto dos meus avós, ou do meu pai, por mais que ele não fosse um pai muito presente. Mas eu sabia que não era culpa dele. Primeiro a faculdade, depois o trabalho, e isso tomava muito do seu tempo, e mesmo assim eu via o esforço que ele fazia para passar o máximo de tempo comigo nas horas livres.

Já a minha mãe não. Depois que eu nasci, ela se mudou para Nova York, cursou a faculdade, voltou, se casou e teve mais três filhos. Não vou mentir, ela nunca deixou de me ver ou me dar o que eu materialmente precisava nesse meio tempo, mas não era o suficiente. Minha mãe sempre me disse que não foi de mim que ela fugiu quando decidiu sair da Califórnia, e mesmo vendo que apenas aquelas palavras não me convenciam ela nunca revelou o real motivo que a afastou das pessoas que a queriam por perto.

Fui praticamente criado com os meus avós, e quando ela resolveu que eu deveria passar mais tempo com ela o meu pai não se opôs. Era visível que ele não queria me deixar ir, e eu também não queria ir, mas fez isso porque julgou ser necessário para que a minha mãe compensasse o tempo que ficou distante.

Quando fiz dezesseis anos já estava de saco cheio de ter que viver naquela casa, não pela minha mãe ou pelo meu padrasto, que eu considerava como um pai de verdade, e sim pelo meu meio irmão. Nós dois definitivamente nos odiávamos, e acho que ninguém nunca, na vida, seria capaz de mudar isso.

Resolvi que era hora de voltar para a casa dos meus avós. Meu pai já não morava mais lá a essas alturas. Já estava casado, tinha uma filha e mesmo assim nunca fui deixado para segundo plano. Querendo ou não admitir eu sentia uma imensa responsabilidade de cuidar dela, talvez por ser a irmã mais nova. Já a única pessoa que eu mais me identificava no meio dessa confusão toda era a Molly. Não que eu não gostasse das minhas outras irmãs, mas com ela sempre foi diferente. A ligação que tínhamos ia além da explicação.

Contudo, óbvio que nada seria tão fácil assim. Querer não significava poder, e meus pais faziam questão de deixar isso bem claro. Mas diante da situação com meu irmão não acharam alternativa mais plausível do que me tirar do mesmo teto que ele. Só que eu não fui para a casa dos meus avós como desejava, fui para a casa do meu pai, o que não era de todo ruim, qualquer coisa era melhor do que ter que conviver com o Brian. A parte mais difícil foi tentar convencer a Molly de que eu não queria mais morar lá.

Agora, com vinte e dois anos eu basicamente fazia minhas próprias escolhas, algumas noites ficava na casa do meu pai, outras na dos meus avós, ou então na casa da minha mãe, e havia noites que nem mesmo em nenhum desses lugares eu ficava. Procurava sempre me manter no lugar que era mais conveniente no momento.

Abri os olhos tentando me situar, já que de primeiro instante eu não reconheci o lugar que me encontrava, mas logo flashbacks da noite passada tomaram conta dos meus pensamentos fazendo-me lembrar que acontecimentos me levaram até ali.

Vestido apenas com uma calça jeans surrada afastei de cima de mim os braços da garota que dormia ao meu lado. Eu não fazia nem ideia de qual era o nome dela, e tenho certeza de que quando ela acordasse também não se lembraria do meu.

Olhei para as paredes velhas do pequeno apartamento que nos cercava. Bairro suburbano de Los Angeles isso era fato. E por incrível que pareça lugares assim me faziam se sentir mais em casa do que o lugar que eu chamava de lar.

Peguei meu celular em cima da mesa de cabeceira para olhar a hora e me surpreendi por não haver umas 500 ligações perdidas dos meus pais e sim 3. Era bom saber que eles finalmente estavam caindo na real.

Apaguei a tela do celular depois de enviar uma mensagem. Calcei meus coturnos, vesti minha camisa e deixei o apartamento que ficava na cobertura de um antigo prédio.

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