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- Tudo bem? - Perguntou se sentando na cadeira.

- Acho que sim. E você?

- Melhor agora. É muito bom poder falar contigo de novo.

- Você parece meu fã, Munson.

- Eu sou seu fã. Faço de tudo por ti.

- Claro que faz. - Ri.

- O que faz por aqui, esses dias?

- Ah, eu gosto da sala de música. Mas estou ficando mais no quarto.

- Já fez amigos aí?

- Você sabe que eu sou péssima fazendo amigos.

- Você poderia tentar...

- Tem a Anne. Ela é legal. O quarto dela é do lado do meu.

- Legal.

- Onde está meu irmão?

- Digamos que ele desistiu de tentar te ver. Não desistiu! Ele só queria te dar um tempo. Sabe que quando você tem uma ideia na cabeça, não tira ela.

- É. Fala pra ele que você conseguiu tirar essa ideia.

- Consegui?

- Por hora. - Rimos.

- Sabe, você ainda me deve respostas.

- Que tipo de respostas?

- Onde está minhas fitas de música? Eu sei que você roubou elas de mim.

- Eu não roubei nada! Sabia que é feio acusar sem provas?

- Mas eu tenho provas.

- Tem?

- Claro. Elas desapareceram justo no dia e na hora em que você saiu lá de casa.

- Algum ladrão pode ter entrado enquanto dormimos.

- Nada disso. Janelas fechadas.

- Já passou na sua cabeça, que pode ter sido seu tio?

- Ele não é muito fã de rock.

- Ok, eu me rendo. Eu peguei as fitas, mas foram só duas!

- Isso é roubo. Posso te denunciar.

- Poxa vida, mas eu sou só uma pobre paciente maluca.

- Pra mim, as malucas são as melhores. Tenho uma quedinha por elas.

- Então... Eu arrasei seu coração.

- Obviamente.

- Obviamente. - O imitei.

Rimos e ficamos conversando por muito tempo. Até chegar o horário do almoço, que era quando acabava o horário de visita.

- Você... Você quer que eu venha amanhã também?

- Eu sairia do quarto pra te ver, caso você viesse.

- Então eu venho. E trago seu irmão. Quer mais alguma coisa?

- Seria muita cara de pau eu te pedir pra trazer algumas de suas fitas?

- Seria.

- Por favor Eddie, amor da minha vida. Eu te juro que não aguento mais ouvir música clássica.

- Vou ver o que eu posso fazer por você. - Riu.

- Obrigada.

- É... Só mais uma coisa.

- Diga.

- Os médicos disseram que se você seguir o tratamento certo, pode sair daqui até dezembro.

- Disseram.

- Se você sair... Você gostaria de tipo... Sabe... Quer ir no baile de inverno comigo?

- Espera, é sério? Você quer ir no baile de inverno? E comigo?

- Sim? - Respondeu confuso.

- Claro. Prometo tentar não ficar mais louca até lá.

Ele esticou o dedo mindinho, esperando minha reação. Eu sorri e o apertei. Rimos mais um pouco e ele foi embora.

Eu sentia muita falta disso. Infelizmente, só conseguimos nos abraçar por poucos segundos e dar as mãos. Não era permitido os pacientes ficarem tão perto dos visitantes.

Isso só provava o quanto eu amava o Eddie. Provava o quanto ele me amava. E provava que ele ficaria comigo independente da situação. Pelo menos, eu acho.

Voltei para meu quarto e fui até a janela. Pude ver Eddie indo em direção à sua van. Ele olhava para cima procurando alguma coisa. Quando olhou para minha janela, dei um tchau para ele.

O garoto fez um coração com a mão e mandou vários beijos no ar. Ri dele que parecia mais doido do que eu. Fingi pegar os beijos imaginários e coloquei eles em minha boca.

Ele riu de mim e balançou a cabeça em negação. Pude ver ele sussurrando um "Eu te amo" antes de entrar no carro e sair.

- Por que nunca me contou desse garanhão antes? - Disse Anne chegando de surpresa e me dando um baita susto.

- Porque você nunca perguntou.

- O que vocês são, hein?

Confesso que essa pergunta me pegou. O que nós somos? Antes de tudo acontecer, ele havia me perguntado a mesma coisa. E eu não soube responder em nenhuma das duas situações.

- Amigos.

- Gata, se vocês são só amigos, eu sou o Chapolin Colorado.

- Por que diz isso?

- Primeiro, por causa da declaração que ele fez pra ti naquela carta. Segundo, pelo o jeito que vocês dois se olhavam. Tão bonitinhos. Me conta tudo.

- Não me faz quebrar a cabeça essa hora da manhã, Anne.

- São 11:31, amiga. Passa a fita.

Revirei os olhos e balancei a cabeça em negação. Eu não podia nem ter um horário em que minha cabeça começava a funcionar direito mais. Qual é? Eu tô em um manicômio. Tenho esse direito.

Saí do quarto indo em direção ao refeitório, ignorando a garota que ainda me seguia, me enchendo de perguntas.

- Se nós somos amigos ou sei lá o que, o problema não é seu.

- Você só está falando isso porque nem você sabe dizer o que vocês são.

- Você está certa.

- Espera aí, você admitiu que eu tô certa? Hoje tá acontecendo muitos milagres. Primeiro você recebeu sua visita, depois saiu do quarto, depois conversou comigo, e agora isso. Só falta o almoço ser pizza.

- É, as vezes acontece.

Chegando nossa vez na fila, vimos uma pizza de peperone cheia de queijo. Anne ficou de queixo caído junto com um sorriso e olhou para mim.

- Eu não sei que tipo de macumba você ou sei lá quem fez para essas coisas acontecerem, mas tomara que o efeito não passe logo. - Riu.

- Não acredito que vou dizer isso, mas concordo plenamente contigo. Eu não aguentava mais comer sopa.

- Concordou comigo? Mais um milagre para a lista.

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Demorou, mas o capítulo saiu. :)

E obrigada pelos comentários com mensagens legais. Eu fico toda bobinha lendo eles. <3

me and your mamaWhere stories live. Discover now