012

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Já eram 17:00h. Eu não ligava pra meu horário de voltar pra casa ou eu ter saído de casa. Eu estava bem ali. Tão bem. Eu e Eddie estávamos brincando de verdade ou desafio enquanto víamos o pôr do sol.

- Verdade ou desafio? - Perguntou.

- Verdade.

- Hum... Coisa que você nunca contou pra alguém. Não precisa responder isso se não quiser.

- Não, tudo bem. Acho que quando meu pai me obrigou a matar meu cachorrinho.

- O que? - Perguntou assustado.

- É, eu tinha 8 anos. Tinha encontrado ele perdido na rua. Levei pra casa e dei o nome de "Cupcake". Um tempo depois, meu pai quis me forçar a entender que nada é bom na vida e me entregou uma faca. Disse que se eu não fizesse, ele mesmo matava. É lógico que eu não fiz aquilo, mas meu pai fez na minha frente.

- Uau.

- É... Eu nunca mais falei sobre isso.

- Já parou pra pensar que sua família pode ser no mínimo assustadora?

- Sim, o meu pai é assustador.

- Sinto muito por isso.

- Tudo bem. Minha vez. Verdade ou desafio?

- Verdade.

- Coisa que nunca contou pra alguém, Eddie.

- Bom, eu acho que... Fora do D&D, eu não sou nenhum herói. Eu vejo perigo, e só corro dele.

- Você é meu herói.

- Qual é? Não precisa me bajular.

- É sério. Você tem um olho roxo por um motivo.

Eddie ficou pensativo sobre isso. Até que quebrou o silêncio.

- Minha vez. Verdade ou desafio?

- Desafio.

- Eu te desafio... A falar para o mundo todo que me ama.

Automaticamente, me levantei.

- EU AMO EDWARD MUNSON! - Gritei.

Eddie riu com meu ato, surpreso, e se levantou vindo até mim.

- Eu não achei que você ia fazer mesmo.

- Verdade ou desafio?

- Desafio. - Disse enquanto colocava suas mãos em minha cintura.

- Te desafio a me beijar.

Mais rápido do que eu imaginei, ele grudou nossos lábios e me beijou com calma. Eu sentia seus anéis gelados por baixo de minha blusa, onde fazia um carinho. Coloquei meus braços em volta de seu pescoço, tentando ter mais contato com ele.

Eddie puxou minhas pernas para si. Delicadamente, me colocou deitada no chão e ficou por cima de mim. Ele cada vez mais, aprofundava nosso beijo.

O garoto deslizou as finas alças de minha regata pelo meu ombro, enquanto beijava meu pescoço. Ele desceu os beijos até meus seios, me fazendo soltar uma respiração pesada.

- Eddie.

- Sim? - O garoto me olhou com preocupação.

- Onde isso vai dar? - Perguntei enquanto eu me sentava.

- Eu não sei. Mas se você me pedir pra parar, eu juro que paro, ok?

- Eu... Acho melhor ficarmos só nos beijos, por enquanto. Tudo bem?

- Claro, princesa. - Sorriu carinhosamente.

Ele colocou meus cabelos para trás, juntando nossos lábios novamente. E aproveitamos o final do pôr do sol juntos. Não existia outra definição de felicidade pra mim.

Quando escureceu, ele me deu uma carona até minha casa, que estava em... Espera, minha casa estava em chamas?

Desci do carro e avistei bombeiros tentando apagar o fogo; vizinhos observando curiosos; e Steve sentado em uma ambulância coberto de cinzas. Fui ao encontro dele assustada. Quando ele me viu, veio correndo me abraçar e chorou nos meus ombros.

- Steve, o que aconteceu aqui?

- Eu não sei, Aly. Eu achei que você estava lá dentro. Não pensei duas vezes e entrei lá pra te procurar. Achei que você tinha morrido. - Disse chorando.

- Eu tô bem, maninho. Eu tô aqui. - Abracei ele novamente, assustada.

Chegou outro carro que eu reconheci. Era Nancy e Robin, que vieram nos abraçar também.

Depois de um tempo ali, os policiais vieram conversar com a gente. Disseram que o incêndio havia se iniciado no quarto por um cigarro mal apagado. Não tinha ninguém na casa. Com isso, eles queriam dizer que papai e mamãe haviam virado poeira.

Eddie, que estava comigo ali esse tempo todo, me abraçou fortemente. Eu chorei em seu peito. Meus pais podiam ser tudo de ruim, mas ainda sim eram meus pais. As duas pessoas que me criaram. E a casa onde eu cresci. Onde eu construí todas minhas memórias. Tudo o que era meu, tinha virado poeira.

Os Wheeler's nos ofereceram para passar a noite por lá. O tempo que fosse necessário, na verdade. Desesperados, aceitamos.

Steve já era maior de idade e responsável por mim. O que aconteceria daqui pra frente? Faltava somente alguns meses pra eu também me tornar maior de idade. E então, não conseguiríamos nada com a ajuda do governo.

Eu estava em choque. Não sabia nada sobre o que pensar. Algumas horas atrás, eu estava feliz e falando mal do meu pai com Eddie.

Como pôde tudo virar de cabeça pra baixo assim? De um minuto para o outro? De um segundo para o outro. Como isso aconteceu? Eu queria explicações. Eu estava sempre em busca de explicações.

A lição que meu pai tentou me dar quando eu era criança, de que nada era bom demais na vida... Não tinha servido pra nada. Eu não tinha aprendido absolutamente nada com isso.

Fiquei confortável demais em um lugar e deu nisso. O que teria acontecido caso eu não tivesse saído de casa escondido? Talvez meu pai estivesse ocupado demais brigando comigo, pra lembrar de fumar. Ou talvez ele estivesse fumando pra se acalmar e ocupado demais pra lembrar de apagar o cigarro. E talvez eu teria morrido junto a eles.

Eu não queria pensar nisso. Eu só queria ficar segura nos braços do Munson. Mas minha mente é minha pior inimiga.

me and your mamaOnde histórias criam vida. Descubra agora