PARTE II - CAPÍTULO 24

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— Acho que ele seria o gêmeo do mal, não? Ele sequestrou a Sam.

Mierra me encarava.

— Tudo é um ponto de vista, Caleb. Com
O tempo a gente descobre que não há uma linha perfeita que divide mocinhos e vilões...

Ela tinha toda a razão.

— Nesse momento ele seria o vilão, pelo menos. Mas não sei a importância que isso tem. Preciso apenas encontrá-la , Mierra. E não vou conseguir sem sua ajuda.

Nesse momento o capanga a olhou com ressalva e ele parecia falar com os olhos,
Como se dissesse para ela não aceitar meu pedido de ajuda.

— Eu não sou mais policial, Caleb. Isso acho que já deu pra perceber... Fui expulsa da polícia e enfrento vários processos. Não sei como posso te ajudar.

— Oras, ainda tem alguns contatos de confiança. Todos temos. Não vivemos sem eles. Agora você sabe disso mais do que nunca. Aliás, a polícia de São Paulo vem tentando pegar você a meses... Por isso nos contrataram, porque a própria polícia não conseguiu. Há alguém te ajudando. E alguém de dentro da polícia... Importante. Isso é fato... Somente assim para não ser pega.

Mierra não se irritou pelo que eu dizia. Eu a fiz pensar e ela sabia que havia sentido nas minhas palavras.

— Senhora, seria algo arriscado. Não podemos perder o foco. O morro em breve entrará em guerra com os "alemão". Precisamos nos preparar... — Hulk agia como a consciência,
O conselheiro de Mierra.

Os pensamentos pareciam dominá-la. De um lado eu pedindo para que me ajudasse a salvar a a miga. Do outro o capanga a lembrando das obrigações que provavelmente ela tinha.

— Não se intrometa, Hulk. Me deixe pensar...

O brutamontes estava impaciente. Meneava a cabeça em negação. Parecia incrédulo.

— Ela está no Rio? — Mierra ergueu a cabeça em minha direção. Parecia ter ideias.

— Muito provavelmente. A WWP é de lá até onde se sabe.

— Certo. Certo. E você sabe a importância do seu irmão na WWP? Qual o status dele lá dentro?

— Olha, Conrado e eu não nos falamos muito. Mas acredito que já tenha passado para um nível maior. Pelo menos maior que o meu na X-RENT. Ele tem muito dinheiro então deve ser importante.

Mierra pegou o celular e digitou alguns números no touch Screen. Levou o telefone a orelha enquanto balançava a perna esperando ser atendida.

— Sou eu. Não importa onde estou, caramba. Preciso que faça algo... — Ela mantinha os olhos pela janela — Preciso que verifique um agente da WWP aí no Rio. O nome é Conrado. Parece ter alguma importância nessa agência. Ligue para o nosso informante e levante o máximo de informações que puder... E rápido!

Ao desligar o telefone Mierra me encarou:

— Espero que não seja nenhuma brincadeirinha de mau gosto, Caleb. Pois se for, eu juro que corto sua cabeça e coloco seu corpo em um microondas!

— Fique tranquila que não estou mentindo. E agradeço por me ajudar a encontrar Samantha! Agradeço muito mesmo!

~*~

*Samantha*

Os olhos dele eram como chamas acesas. Ele estava no poder novamente e gostava tanto disso! Nem era preciso dizer, Conrado espremia em cada gesto o quão satisfeito estava por ter capturado não uma — mas duas ex-esposas.

Rebecca veio até mim e ficou em minha frente, feito um escudo. Ela não precisava me proteger, estávamos as duas igualmente enrascadas diante daquele homem.

— Olha, eu já conheci gente desprovida de inteligência... Mas burra igual a vocês duas eu não me lembro. É algo sem precedentes!

Conrado passou o dedo por sobre o mármore da pia a procura de pó, andando a passos lentos e despreocupado, observando ao seu redor minuciosamente enquanto falava.

— Por que não segue sua vida em paz? Vá atormentar outra mulher... — Rebecca parecia uma onça.

— E deixar duas garotas que se julgam espertas
Soltas por aí? — Seu riso no canto dos lábios era de dar desgosto — Ah, Rebecca. Será que nesses anos todos que ficamos juntos você não notou o quão vaidoso eu sou? — Ele virou-se para mim — Não fique com ciúmes, Samantha... não é pessoal — Observava com completa ironia.

— Me poupe desse seu sarcasmo. — Rebecca não parecia temê-lo.

— Vejo que ficou corajosa com o tempo, Rebecca. Aliás... — Ele aproximou-se dois passos — Você não é tão burra... Vou consertar o que disse... — Conrado olhou mais uma vez ao redor — Admito que foi bem inteligente comprando esse chalé, roubando dinheiro da minha conta. E até tem bom gosto, viu? Gostei da decoração.

Minha respiração era intensa e profunda. Sentia arrepios a cada palavra que ele dizia.

— Mas é uma pena, meninas, pois vou explodir tudo isso aqui com as duas dentro!

Logo atrás de mim havia uma pá escorada a parede. Havíamos deixado ali desde a última vez que cuidamos do jardim atrás do chalé. Não havia o que perder, fomos pegas e Conrado acabava de dizer que iria nos explodir dentro do chalé.

Calmamente fui entrelaçando os dedos no cabo de metal dá pá logo atrás de mim. Olhava fixamente para Conrado, que ainda mantinha um diálogo com Rebecca. Ela involuntariamente o distraia.

— Por que não nos mata em vez de ficar de joguinhos...? — Rebecca acompanhava os movimentos dele com calma.

— Ah, aí não teria graça. Vocês duas foram tão criativas escapando. Samantha jogou nosso carro de um penhasco. E você... — Ele riu — Você fingiu estar morta e ainda jogou a culpa em Caleb... Eu te chamei de burra? Nossa! Devo realmente reconsiderar esse adjetivo.

E quando Conrado virou de costas para
Continuar reparando o chalé, eu prendi com mais força o cabo da pá por entre meus dedos. Após duas respirações profundas eu gritei bem alto ao tomar impulso, desferindo um golpe intenso contra a nuca de Conrado.

Ele caiu no chão após o impacto.

APAIXONADA PELO MEU ASSASSINO?Where stories live. Discover now