CAPÍTULO TRINTA E CINCO

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- Ah pare de inventar coisa, caleb!

Caleb sacou o celular e me mostrou um print da sua pesquisa.

- O nome dela não é comum. Mierra. Apareceu apenas uma. Não dá pra ter certeza de que se nessa matéria é dela que estão falando. Mas pelo que diz aí, Mierra ja foi casada com um traficante do morro do Dendê.

- Morro do Dendê? Rio de janeiro?

- Isso mesmo. Teoricamente é em um bairro pacífico na Ilha do governador. Um distrito Carioca. Mas nunca estive lá e não sei dizer bem.

- E qual o nome do traficante?

- Aí que tá! Não há identificação dele. O conheciam apenas como PlayBoy.

Eu estava incrédula sobre aquela informação. Minha casa toda revirada, bandidos me perseguindo - se bem que haviam dado uma trégua- e agora Mierra suspeita de estar envolvida com com aquela encrenca.

Mas não havia tempo para chorar por isso: precisei organizar aquela bagunça toda. Caleb me ajudou a recolher outra vez os estilhaços e cacos soltos pelo chão. Não iríamos conseguir colocar tudo em ordem naquela noite, contudo eu não já serveria para manter a casa minimamente haitável.

Sentei exausta no sofá e Caleb me acompanhou. As ideias borbulhando: Mierra, o tal de playboy, traficante, Dendê. Palavras que ecoavam em minha mente sem parar, apesar das minhas tentativas de esquecer aquilo por um breve momento que fosse.

- Que tal jantarmos na minha casa hoje? Eu posso fazer uma carne assada pra você!

Por que demônios ele era tão gentil?

- Seria uma excelente ideia. Terei a chance de conhecer seu gato. Mas não está cansado depois dessa faxina que me ajudou a fazer?

- Não vou dizer que não. Mas já vivi dias piores. E nem vai ser um trabalho em si. Cozinhar é quase que terapêutico pra mim.

- Olha, então acho que não vou recusar. Porque se não for essa sua carne , com certeza prepararei um delicioso miojo . E espero que não tenha passado da validade.

- Você tem cara mesmo de ser uma péssima cozinheira, senhorita Samantha! - Caleb brincava com uma mecha ondulada do meu cabelo.

- Digamos que se eu colocar água para ferver, sou capaz de deixar queimar! - fiz uma careta.

- Perfeito. Vou te conquistar pelo estômago então!

- Com a fome que estou talvez não seja uma tarefa complicada!

- Muito que certo, mocinha! Vou esperar você em casa. E troque essa sua roupa. Está cheia de pólvora. Dia desses te dou uma arma de presente.

Caleb saiu e eu tranquei todas as portas e janelas. Antes de sair o vizinho também se preocupou em vistoriar cada cômodo.

Eu precisava de um banho quente e lavar o cabelo. Tirar a pólvora das mãos.
Durante o banho fiquei pensando sobre o que Caleb me contou. Mierra era esposa de traficante ou ex-esposa, não sabíamos ao certo. Uma informação muito perturbadora, mas que justificaria ela andar armada. Acho que se meu marido fosse um traficante eu talvez transitasse por aí com um fuzil no carro. Quem sabe?

Mas ao mesmo tempo Caleb também tinha comportamentos estranhos. Ele havia fotografado a minha casa, em diversos cômodos. Apesar de não haver nada na galeria de imagens do celular dele eu estava certa de que ele havia tirado fotos.
"X- Rent" foi do que me lembrei ao sentar de frente para a penteadeira para secar os cabelos úmidos. Era o nome do contato que havia mandado mensagem para o celular de Caleb enquanto eu bisbilhotava seu telefone. Porém não houve tempo de ler.
Meu notebook estava sobre a cama e após enrolar a toalha no cabelo ainda úmido fui dar um Google . Era um nome peculiar "x-Rent".
Não achei nada além de um único cnpj. Copiei o número e joguei num site jurídico. Havia um endereço relacionado aquele número. Era no centro da cidade vizinha. Procurei no Maps e não passava de uma clínica onde havia vários consultórios médicos e de advogados. Me senti a verdadeira Sherlock Homes. O que Caleb teria a ver com com uma galeria cheia de médicos e advogados?
Eu estava ficando muito surtada sim!

Era preciso me vestir e ir para a casa de Caleb. Eu poderia estar indo ao encontro de um cara misterioso e que talvez roubasse meus rins ? Sim, havia essa possibilidade. Mas na atual conjuntura, onde tudo que eu tinha era uma casa despedaçada, uma amiga supostamente bandidona, e bandidos querendo cravar balas na minha testa, Caleb se tornava uma escolha razoável.

Ao abrir a gaveta para escolher uma peça íntima, achei um pacote esquecido. Era uma lingerie que havia comprado para tentar apimentar minha relação com Roger antes de nos divorciarmos. Por que não usá-la? Vai quê...
Ok, eu irira apostar naquela renda preta.

"Querido Caleb, aí vou eu!" pensei respirando fundo.

APAIXONADA PELO MEU ASSASSINO?Όπου ζουν οι ιστορίες. Ανακάλυψε τώρα