PARTE II - CAPÍTULO 4

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Pela tarde Cassandra me ajudou a pentear os cabelos após lavá-los e seca-los. Por conta do ferimento, Caleb pediu que ela cuidasse para não piorar.

Cassandra era uma mulher de poucos comentários e discreta. Quase tão alta quanto eu. Cabelos pretos presos em um coque apertado, perfeito e nariz ponte agudo. As marcas de expressão na pele me deixavam imaginar que sua idade estivesse entre quarenta ou cinquenta anos.

As vezes Cassandra parecia surgir do nada pelos cômodos da casa, com seus olhos astutos e vigilantes. Agia feito um cão de guarda e apesar de nunca haver algo declarado, eu pressentia que Caleb solicitava a Cassandra para que me vigiasse. Mas não para cuidar e proteger  e sim impedir que  saísse da propriedade.

— Como foi meu casamento com Caleb, Cassandra? — A olhei pelo espelho da penteadeira.

A mulher não ergueu os olhos para me encarar. Continuou passando a escova pelos fios de cabelo, totalmente entretida.

— Bonito, senhora — Respondeu sem qualquer esboço de emoção — Romântico — Completou.

— E meus pais? Vieram?

Então , de maneira sombria , Cassandra ergueu os olhos. Me fitou por alguns instantes.

— Não se lembra que seus pais morreram, não é?

Eu deveria ter tido uma reação mais abrasiva ao ouvir a informação. Porém, como não me lembrava dos meus pais, também não me recordava de sentimentos. Era apenas uma lógica crer que existiam pais, já que eu havia nascido.

— Morreram de quê?

— Isso eu não sei, senhora. Apenas sei que em seu casamento não vieram porque já haviam falecido.

A maneira de Cassandra falar não estimulava o diálogo. A mulher poderia falar uma frase imensa, e ainda assim te causar desânimo em uma conversa.

Pelas seis horas da tarde, ela me ajudou a vestir a roupa que Caleb me comprara e saiu. Era um vestido preto de prováveis inúmeros fios de algodão. Ele era mid e de mangas longas com detalhes bufantes nos ombros. Deixava a pele no colo a mostra. Ajustava-se perfeitamente ao corpo, desenhando a cintura e o quadril.

Caleb havia acertado em cheio , pois a roupa caira perfeitamente. Cassandra usou pomada para os cabelos e dividiu os fios em duas partes sobre a cabeça. Prendeu em um rabo de cavalo na altura da nuca, deixando os fios de cabelos longos e pretos pendendo pelas costas. O ferimento havia sido coberto.

Uma batida na porta chamou minha atenção enquanto vestia um par de brincos de pérola, entretida sozinha com meus pensamentos.

A luz baixa do abajur do quarto tornava tudo um pouco sinistro. Caleb escorava-se no batente da porta me observando de forma silenciosa. Quando nossos olhos se encontraram ele sorriu com o canto dos lábios e fitou-me de cima abaixo, exprimindo alguma presunção. Ele sabia que havia acertado na escolha do vestido.

— Acho que falta uma coisa! — A voz grave dele preencheu o imenso quarto silencioso.

Meu suposto marido aproximou-se de forma lenta, envolto na luz baixa alaranjada do abajur, que lhe conferia um aspecto vampiresco. Os cômodos enormes, a luz, o silêncio e a postura de Caleb me causavam arrepios.

Já perto de mim, Caleb palpou minha cintura de maneira delicada e guiou-se sutilmente para de frente ao espelho outra vez, ficando logo atrás de mim, com os lábios muito próximos ao meu pescoço, alternando o olhar entre a pele do meu colo e nosso reflexo.

Jurava que ele beijaria minha pele. Os arrepios na epiderme se antecipavam por imaginar o possível gesto. Cada folículo piloso se eriçou. Contudo, nada. Caleb não fez nada.

Para o meu alívio!

E, então, ele tirou a mão da minha cintura para apanhar algo no bolso de sua calça. Só então notei a blusa social branca com as mangas abertas nos Botões e arregaçadas até metade do antebraço.

Mas ele saiu de camiseta polo pela manhã. Quando que voltou e não notei?

Submergi dessas ideias ao perceber a mão fria dele tocando minha pele. Um pingente dourado reluzia com a luz fraca do abajur. Caleb o prendeu atrás do meu pescoço. Havia um pequeno coração pendurado.

Era ouro. Eu sabia reconhecer ouro.

— É lindo, Caleb. Mas não precisava.

— Fique tranquila. Não há presente no mundo que te supere. Você merece muito mais que esse pingente insignificante. Tudo que me pedir, eu farei.

Outro arrepio. O olhar baixo e frio de Caleb engolia a imagem do meu reflexo no espelho. Era como se o pingente me estrangulasse.

Levei a mão ao peito e fechei os olhos.

Em seguida a respiração do meu marido ficara bem perto ao meu ouvido. O hálito quente dele
Em meu pescoço ainda me causava arrepios que tomavam todo o corpo. Caleb inspirou profundamente, e calculei que era para sentir meu cheiro.

Pude sentir as polpas do dedo dele no meu colo. Me mantive ainda de olhos fechados. Em seguida a palma de toda sua mão circundava meu pescoço, mas sem apertar, apenas insinuando. Tudo era impregnado de insinuações e coisas presumidas, mas não ditas.

Ele mordeu minha orelha de leve e depois foi contornando a linha do ombro nu com beijos demorados, intercalados com inspirações profundas.

Seu corpo estava rente ao meu. Mais próximo que antes. Algo roçava em mim, algo que antes eu não sentia. Caleb estava excitad*o e cada instante prensava sua intimidade contra minha pele, separada da dele pelo tecido de algodão do vestido. Ele suspirava o que vez e outra soava como um gemido, declarando sem palavras o desejo que surgia. Seu órgão genit*al parecia uma pedra e pulsava em algumas contrações. Eu podia sentir.

O cheiro dele era agradável, o toque dele era firme. E Caleb era lindo, inegavelmente lindo. Sex*y. Porém eu não estava pronta para aquilo, apesar de ser sua esposa e nada mais natural que espos*as se deitarem com seus maridos.

Mas não! Eu não queria! E fechei os olhos, torcendo para que alguém entrasse e nos interrompesse.

E como um milagre, Caleb afastou-se.
Abri os olhos e o avistei fechando a manga da camisa, abotoando.

— Vou para o meu quarto me vestir. Te encontro lá embaixo, Sam!

Caleb não me olhou. Apenas saiu do quarto.

Respirei aliviada por ele não ter tentado nada.

O que havia comigo? Onde estavam minhas memórias? Por que aquela casa enorme, aquelas joias, sapatos e o marido não pareciam me pertencer? O que acontecerá de fato antes de perder a memórias?

Qualquer mulher adoraria ter a minha vida. Por que eu não?

Nota da autora : Se comentarem muito e me seguirem, eu solto mais um capítulo hoje !

APAIXONADA PELO MEU ASSASSINO?Where stories live. Discover now