My Fucking "Sister"

4. You don't know nothing about my life...

- Da pra não ficar com essa cara de bunda? Pelo menos hoje. - Ouvi minha mãe dizer enquanto a atendente verificava onde ficava a mesa que minha mãe havia reservado.

Dei um sorriso amarelo e ela riu negando com a cabeça, ultimamente ela anda muito alegre e isso me deixa feliz, decidi seguir os conselhos de Maddie e Jacob e fazer isso pela minha mãe, afinal, ela me garantiu que esse relacionamento seria diferente e eu vou confiar, sem dar muita liberdade, mas vou fazer um esforço para que isso dê certo... A atendente localizou a mesa e nos levou até lá, nos sentamos e eu pedi um pouco de água, quando o garçom foi buscar eu reparei naquele restaurante, era tudo bem organizado e parecia aqueles restaurantes de filme, ao lado de nossa mesa tinha uma parede de vidro que dava pra olhar a rua, fiquei olhando os carros até que o garçom trouxe minha água e eu agradeci com um sorriso. Notei que minha mãe estava um pouco nervosa, ela brincava com os dedos e eu peguei em sua mão confirmando o que eu já imaginava.

- Kimberly Miller nervosa em um encontro, suas mãos estão suadas, vou anotar essa data, isso é muito importante. - Falei antes de beber outro gole de água.

- Quando se apaixonar ou gostar de alguém vai se sentir do mesmo jeito, eu garanto. - dei de ombros e bebi o resto da água que tinha no copo.

Voltei minha atenção para a rua e vi uma mulher descendo de um táxi, logo em seguida uma garota desceu também, as duas caminharam até a entrada do restaurante e conversaram com a mesma moça que nos atendeu, logo as encaminhando para nossa mesa, a mulher tocou o ombro de minha mãe que se levantou e a abraçou, enquanto se cumprimentavam eu reparei na beleza daquela garota, ela realmente era linda e quando nossos olhos se cruzaram eu senti um arrepio, nunca tinha sentido isso e era bem estranho, balancei a cabeça afastando alguns pensamentos enquanto minha mãe soltava sua namorada indo em direção a minha "irmã", Hilery me olhava como se eu fosse um animal, imaginei que minha mãe tivesse dito alguma coisa negativa sobre mim, lembrei das coisas que meus amigos me disseram e resolvi surpreende-las, me levantei e caminhei até a mulher. Lhe estendi a mão e ela apertou sorrindo. Sorri de volta e falei:

- Meu nome é Beatrice, sou filha da Kim.

- Sua mãe me falou sobre você e eu não esperava tanta simpatia. - "É, eu já imaginava..." pensei, olhei para minha mãe que observava a cena surpresa, voltei minha atenção para a mulher a minha frente. - Meu nome é Hilery. - Disse sorrindo, como se eu já não soubesse. Sorri e me virei indo me sentar, mas senti uma mão tocar meu ombro, me virei e encarei aqueles olhos verdes.

- Prazer, meu nome é Jessi. - Disse estendendo a mão e eu apertei.

- O prazer é todo meu. - Eu disse com um pouco de malícia e vi a garota corar, não queria assustá-la então completei sorrindo. - E eu me chamo Bea.

Já sentadas, minha mãe e sua namorada conversavam animadamente, ignorando completamente a presença de suas filhas, eu vi que nada seria diferente e então fechei minha cara desejando estar deitada na minha cama e não aqui sendo feita de idiota.

Jessi's POV

Notei que Bea fechou a cara e ao contrário do começo daquele almoço, agora ela parecia odiar tudo que estava acontecendo ali, então resolvi puxar assunto.

- Você tem 16 também, né? - Perguntei e ela apenas assentiu. - Estuda? - Assentiu novamente, não dando muita importância para as coisas que eu falava. - Sua mãe disse que não aprova seus relacionamentos. Por quê?

Ela me olhou e seus olhos estavam marejados, senti meu coração se apertar, ela não respondeu minha pergunta, lançou um olhar mortal para Kim e pediu licença, saindo logo em seguida e indo para o rumo do banheiro. Kim ia se levantar mas eu fui mais rápida.

- Eu vou, não se preocupem. - Elas me olhando surpresas e eu apenas me retirei indo atrás de Bea.

Entrei no banheiro que por sinal era muito limpo e organizado, assim como todo o restaurante. Avistei seis cabines e duas estavam com a porta fechada, me encostei na pia e fiquei esperando, a porta de uma se abriu e uma senhora saiu com sua bolsa, lavou suas mãos e se retirou do banheiro. A outra cabine continuava fechada e notei que uma fumaça saía por cima dela. Resolvi que deveria olhar aquilo para confirmar o que eu já estava imaginando. Entrei na cabina ao lado da que estava com a porta fechada e subi no vaso, olhando por cima do mármore que dividia os vasos. Vi Bea sentada em cima do vaso que estava de tampa fechada enquanto tragava um cigarro, não fiquei surpresa pois já imaginava, pigarreei chamando sua atenção e ela olhou pra cima, soltou a fumaça e não deu importância para minha presença, tragando novamente.

- Você não tem vergonha na cara? - Perguntei, fazendo com que ela voltasse sua atenção para mim enquanto soltava fumaça pela sua boca novamente.

- Você não tem uma vida? Cuida dela. - Disse e tragou uma ultima vez, jogando o cigarro no chão e pisando em cima.

Fiquei surpresa com aquela resposta e desci do vaso, indo em direção a pia, lavei minhas mãos enquanto Bea saia de dentro da cabine. A olhei através do espelho e vi que ela ajeitava sua roupa. Ela me encarou como se nada tivesse acontecido e foi lavar suas mãos.

- O que você tem? - Perguntei com calma.

- Eu não tenho nada. - Ela respondeu no mesmo tom.

- Por que saiu da mesa daquele jeito?

- Por que você esta aqui?

- Se eu responder você me responde? - Ela assentiu com a cabeça e se escorou na pia. - Porque eu quero. - Respondi. - Agora você.

- Porque eu quero. - Sorriu e eu revirei os olhos.

- Qual é o motivo disso? Sua mãe disse que você não era fácil de lidar e eu pensei que ela estava blefando quando vi você sorrindo no início disso tudo, mas agora...

- Agora o que? - Ela perguntou parecendo confusa.

- Agora vi que você realmente é bem estranha. - Ela riu.

- Minha mãe só se importa com ela, você não viu como elas estão agindo? Nos deixaram de lado, como se não estivéssemos la. - Falou irritada.

- Elas estavam conversando. - Eu disse o obvio.

- Se fosse para conversar somente as duas, que viessem somente as duas.

- Não acha que a idade de ter ciumes da mamãe já passou a muito tempo? - Perguntei e ela riu negando com a cabeça. - O que foi?

- Você não sabe nada sobre a minha vida, então não venha dar palpites. - Respondeu se saiu do banheiro.

"Não vai ser nada fácil conviver com essa garota." Pensei e sai do banheiro, indo em direção a mesa logo atrás de Bea...