Francesca é uma jovem italiana que trabalha para a equipa de Formula 1, Scuderia Ferrari. É alguém dedicada ao trabalho e que adora o que faz, visto que é uma grande fã do desporto.
Percorre o mundo com a sua equipa e com os pilotos que são conhecid...
Assim que passei o meu pequeno pedaço de cartão, que me dava acesso ao Paddock, na máquina de entrada, senti todo o meu corpo tremer, as minhas mãos suavam e eu tinha o estômago embrulhado. Esta semana em Maranello não tinha sido fácil porque eu tentei evitar o Carlos o máximo que pude depois da nossa conversa, mas agora eu tinha de encarar o Daniel pessoalmente e ser completamente honesta com ele, o que me estava a deixar muito ansiosa.
-Bom dia Fran.- ouvi o meu inglês preferido cumprimentar-me depois de saltar para a minha frente, fazendo-me parar.
-Olá Landito.- disse e fingi um sorriso, eu ainda estava desanimada e com medo.
-Estás bem?- perguntou preocupado, o Lando era das poucas pessoas que me compreendia.
-Sim.- menti e segurei o choro que estava a querer sair, respirei fundo e tentei focar-me noutra coisa, mas quando dei por mim já sentia as lágrimas nos meus olhos e quando o piloto da McLaren me abraçou, eu deixei sair toda aquela dor e ansiedade do meu peito.
-Anda, vamos para a minha sala no motorhome da McLaren.- disse segurando a minha mão, eu parei no lugar, não queria correr o risco de encontrar o Daniel.
-Não.- disse firme.- Não quero encontrar o Daniel, não quero que ele me veja assim.- expliquei e Lando encarou-me confuso.
-Foi o Daniel? É por isso que estás a chorar?- perguntou e eu acenei negativamente com a cabeça.
-Eu é que não estou pronta para lhe contar a verdade, eu não quero perder a amizade dele, era esse o meu maior medo.- confessei com as mãos trémulas.
-É por causa do Carlos?- questionou e eu olhei para ele confusa, como é que ele sabia?- O Carlos falou comigo, contou-me tudo e eu imaginei que ficasses assim. Ouve Fran, se tu sentes que o teu coração pertence ao Carlos, acho que é muito corajoso da tua parte e acima de tudo, é de muito respeito o facto de quereres ser sincera com o Daniel. Ele é uma pessoa incrível e tenho a certeza que vai compreender e depois de lhe dares um tempinho para ele colocar as ideias em dia, vão voltar a ser amigos como eram antes.- confortou-me e eu ouvi atentamente tudo o que ele me dizia.
-Obrigada Lando, obrigada por seres sempre o meu pilar.- agradeci emocionada e abracei o seu corpo com muita força.
-Agora vai lá resolver essa tua vida amorosa.- brincou e eu sorri antes de sair em direção ao motorhome da McLaren. Enviei uma mensagem ao Daniel para o avisar de que iria ao seu encontro e ele deu-me indicações para ir ter à sua sala. Respirei fundo e bati à porta, o australiano autorizou a minha entrada e eu soltei outro suspiro antes de entrar. Era agora, eu tinha de ser corajosa o suficiente para lhe contar a verdade.
-Miúda gira!- exclamou e veio ao meu encontro, abraçou o meu corpo e deixou um pequeno beijo nos meus lábios.- Está tudo bem?- perguntou assim que percebeu que eu não tinha reagido da mesma maneira que ele ao nosso reencontro.
-Preciso de falar contigo Danny.- disse com a voz trémula, não aguentei e voltei a chorar. Como era de esperar, Daniel Ricciardo envolveu-me nos seus braços e tentou-me confortar.
-Estás-me a deixar assustado Fran.- confessou assim que eu me desfiz do seu abraço e limpei as lágrimas que ainda estavam no meu rosto.
-Eu vou falar e por favor não me interrompas, é para ser mais fácil e para eu não perder a coragem.- pedi e o piloto aceitou o meu pedido e deu-me o silêncio que eu precisava para falar.- Eu quero começar por dizer que não te quero magoar e acima de tudo não quero perder a tua amizade, mas essa decisão tem que ser tomada por ti. O que aconteceu foi que o Carlos veio falar comigo e confessou os seus sentimentos por mim, eu não soube como reagir e afastei-me dele a semana toda o máximo que pude. Tentei descobrir o que queria, mas a verdade é que eu nunca deixei de sentir alguma coisa por ele, eu apenas camuflei esses sentimentos e deixei-me levar pela nossa relação, era tão perfeita e fazia-me tão bem que eu pensava já o ter esquecido. Mas quando ele veio falar comigo, eu percebi que ainda havia algo e fiquei desiludida comigo mesma porque eu não te queria magoar Daniel, o meu medo era perder a tua amizade caso a nossa relação não resultasse e agora que corro esse risco não sei o que fazer.- desabafei tudo enquanto sentia as lágrimas a escorrerem pela minha face. O piloto australiano estava em completo silêncio enquanto olhava para mim, poucos segundos depois levantou-se e abraçou o meu corpo. Ele era tão querido e tão perfeito que parecia um sonho e eu não era capaz de sentir por ele o mesmo que sentia pelo Carlos.
-Está tudo bem Fran.- disse e deixou um beijo no topo da minha cabeça.- Tu não tens culpa e tens de te permitir sentir e perceber a paixão que sentes, mesmo que não seja por mim.- eu podia dizer que estava surpresa com a sua atitude, mas a verdade é que não estava porque eu tinha a perfeita noção do ser humano que o Daniel era.
-Não estás chateado comigo?- perguntei com algum receio.
-Porque é que haveria de estar?- perguntou e colocou um pedaço do meu cabelo atrás da minha orelha.- Eu só tenho que te agradecer por todos os momentos que passamos e por teres sido sincera comigo.- disse e eu sorri, inconscientemente abracei o seu corpo, o Daniel era uma pessoa incrível e eu sentia um amor enorme por ele.
-Eu gosto tanto de ti Danny, desculpa se te magoei.- abracei o seu corpo com mais força e senti outro beijo no topo da minha cabeça.
-Eu também gosto muito de ti Fran. E não te preocupes que eu não estou magoado contigo, acho que a melhor coisa da nossa relação é que sempre fomos amigos acima de tudo e fomos sempre sinceros, portanto acho que não há problema nenhum em sermos amigos na mesma.- um sorriso apareceu no meu rosto ao ouvir as suas palavras e eu encarei o piloto australiano, que também possuía um sorriso no seu rosto.
-Obrigada Danny.- sorri sincera e deixei um beijo na sua bochecha.
-Vemo-nos por aí miúda gira.- disse antes de me ver sair. Eu sentia-me aliviada por ter tirado este peso que me perseguiu a semana toda, tirou-me o apetite e até mesmo o sono. E sentia-me aliviada principalmente por ter sido sincera com o Daniel e comigo mesma, agora só precisava de entender o meu coração a cem por cento, precisava de ir com calma com o Carlos e deixar as coisas acontecerem naturalmente.
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